O grupo itinerante El Quinto e a rádio livre, a Rádio Gralha, estão utilizando o prédio do Diretório Central dos Estudantes (DCE) para realizar suas atividades. Os dois grupos ocupam, respectivamente, o quinto e o terceiro andar do edifício e têm o apoio dos estudantes, oficializado no Conselho das Entidades de Base (CEB), conselho que reúne as entidades estudantis da UFPR.
Jornalista do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc) e integrante da Rádio Gralha, Phillipe Trindade conta que esses dois andares estavam abandonados antes da ocupação. “A gente limpou o terceiro andar e trouxe uma contra-partida”, relata. A rádio conta com 30 programas e uma programação diária completa. Há reuniões semanais às segundas, nas quais qualquer um pode participar, e debates nas sextas.
O El Quinto, grupo itinerante de educação popular e horizontal fez o mesmo. Eles tomaram o quinto andar e posteriormente tiveram apoio dos estudantes, que frequentam as oficinas ministradas por integrantes e amigos do grupo. Atualmente, o El Quinto conta com uma programação diária de oficinas de atividades como escrita, malabares e desenho de mandala.
No quinto andar
Com roupas largas que lembram os hippies e cortes de cabelo alternativos, o El Quinto é formado por sete viajantes da América Latina. A argentina Maga é uma delas, a ex-estudante de Comunicação conta que uma das ideias do grupo é trabalhar o desapego, o que é ilustrado pelo “oficineiro” durante a oficina de desenho de mandala. Após ensinar cada participante a criar sua própria mandala, ele pede para que todos as rasguem. A ideia de educação horizontal também é defendida pelo grupo. “Nós estamos combatendo nosso ego, nossa soberba e expandindo nossa consciência. Queremos compartilhar essa experiência”, afirma Maga.
De batom azul e vestida de maneira parecida com o resto do grupo, Maga prefere não falar seu nome de batismo. Ela mesma se rebatizou com o nome de um personagem de ‘Rayuela’, romance do escritor argentino Julio Cortazar. Na história, Maga é uma personagem que age conforme seus sentimentos. E é assim que ela explica a criação do grupo, que só passou a existir por causa do espaço do prédio. “Foi mais algo de sentimento. Nós sentimos que esse projeto deveria ser feito”, explica.
No Terceiro Andar
Idealizada a partir das jornadas de junho, a Rádio Gralha é uma iniciativa de mídia independente que, de acordo com Trindade, tem transmissão de baixo alcance (o sinal não passa de quatro quadras de onde é emitido) e também pela internet.
Para o jornalista, iniciativas como a Rádio Gralha são formas de combater uma hegemonia ideológica, apresentando diferentes formas de expressão. “A ideia é fazer diferente. Temos, por exemplo, um programa chamado ‘Lusofonia’, que toca músicas de países que falam a língua portuguesa e não são tão conhecidos, como Moçambique e Macau”.
A Universidade se apoia em um tripé formado pelo ensino, pela pesquisa e pela extensão, de acordo com Trindade. Ele defende a rádio como parte da extensão. “Se a Universidade é feita com dinheiro público, ela tem que ter um retorno para a sociedade. Se ela investe só em pesquisa e ensino, mas não na extensão, ela fica capenga”, argumenta.
A estudante de Produção Cênica Kariny Martins, que participou de uma oficina do El Quinto, aprova inciativas como essa. “Fui convidada por uma das integrantes do grupo para participar e gostei da ideia”, conta. Segundo Phillipe, para o sucesso de projetos como o El Quinto e a Rádio Gralha, o envolvimento dos estudantes é essencial.