
(Foto: Gabriel Dietrich)
Manifestações realizadas em todo o país na tarde deste domingo, 15, pediram a luta contra a corrupção, a investigação da operação Lava-Jato e o impeachment da presidente Dilma. Em Curitiba, o protesto teve início na Praça Santos Andrade, seguiu para a Boca Maldita e terminou no Centro Cívico, onde acabou se dispersando.
Em um evento da manifestação no Facebook, 16 mil pessoas estavam confirmadas. O número de pessoas na rua, porém, foi muito maior. Segundo o Comandante Afonso, do Centro de Operações Policiais Especiais (COPE), a estimativa inicial era de 100 mil manifestantes, reduzida para 80 mil posteriormente. Além disso, muitas crianças estavam presentes, santadas nos ombros dos pais, assoprando apitos ou buzinando.
A passeata ocorreu de forma pacífica, sem ocorrências registradas nem confrontos com a polícia. Durante a caminhada, por conta do forte calor que fazia na cidade, algumas pessoas passaram mal, sendo atendidas rapidamente pelo corpo de bombeiros. No Centro, alguns pontos de congestionamento foram registrados, pelo fato da polícia fechar as ruas pelas quais o protesto iria passar.
Em diversos momentos, músicas com ofensas a Presidente Dilma e ao ex-presidente Lula foram entoadas, além de gritos pedindo o fim da corrupção e de “Fora PT”. No entanto, a música mais cantada durante a manifestação foi o hino nacional brasileiro e cantos de “Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”.
Um ponto negativo foi a ingestão de bebidas alcoólicas por vários manifestantes, alguns visivelmente alcoolizados durante a manifestação. O estudante de Engenharia Mecânica Pietro Santos recriminou o acontecimento. “As pessoas não deveriam ficar bebendo durante o protesto, para que o evento seja pacífico e sem confusões”, disse.

(Foto: Gabriel Dietrich)
As demandas do protesto
Além das pautas firmadas antes do protesto, no evento do Facebook, muitas outras bandeiras foram levantadas. Entre elas a discussão do federalismo (sistema de poder que une as visões de dois governos livremente eleitos), o apoio ao juiz Sérgio Moro, que coordena o processo da Operação Lava-Jato, e a intervenção militar.
O consultor de TI Eros Kennedy segurava uma placa pedindo intervenção militar. “Não temos meio democrático para resolver nosso problema”, opina. Ele admitiu estar segurando a placa para influenciar outras pessoas e para defender “a última alternativa que resta para melhorar o país”, que seria a intervenção. Segundo a aposentada Lélia Maria Correa, a intervenção militar seria uma forma de “fazer uma limpeza geral no poder”. “A intervenção não tem nada a ver com ditadura. Seria uma forma de acabar com a corrupção endêmica que existe no Governo, para depois o poder voltar a ser do povo”, defende.
Os participantes e suas motivações
As razões para a presença no protesto eram variadas. “Nós como jovens precisamos lutar pelo futuro dos nossos filhos, pelo futuro da nossa nação, por uma democracia justa e igualitária, chega de corrupção”, colocou o advogado Jean Werner. Já o empresário hoteleiro José Inácio afirmou ter ido para a rua por “não suportar mais a roubalheira que está institucionalizada no país”. Segundo ele “o PT é a coisa mais podre que existe no Brasil”, e as três medidas para salvar o país seriam o impeachment da presidente Dilma, a reforma política e o fim da impunidade.
Com tantos indivíduos envolvidos, os pontos de vista da manifestação divergiam. O jornalista Álvaro Rivardim declarou ser contra qualquer tipo de intervenção militar. “Nem da esquerda nem da direita; nem a insensatez do Maduro, nem a ignorância do Pinochet”, ressaltou. “Meu objetivo é lutar pela liberdade, intervenção não vale a pena. Nós queremos a democracia”.
O estudante de música Renan Oliveira, mesmo estando nas ruas, alegou não estar envolvido com o protesto. “Eu moro no Centro Cívico, saí para dar uma volta, escutei o barulho e vim conferir”, afirmou. Ele declarou ser a favor da reforma política, sem a retirada do governo atual. “O povo está sendo usado como massa de manobra novamente, por interesses privados”, opina.