Mesmo com as altas temperaturas, a Praça Santos Andrade conseguiu reunir diversos curitibanos para participar da oficina “Aplicação do Índice de Caminhabilidade” na última quinta-feira (22). A atividade faz parte da extensa programação da Feira da Mobilidade Urbana Sustentável (Feira MUS 2023), que tem como objetivo dar visibilidade para a mobilidade urbana da cidade.
O evento aconteceu durante a tarde, às 15h, e contou com a participação de um grupo variado de participantes. O objetivo da oficina é capacitar os ouvintes do uso da ferramenta “Índice de Caminhabilidade 2.0”, que é capaz de avaliar as condições do espaço urbano e apresentar recomendações através do resultado. A ferramenta foi criada pelo Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), organização responsável por promover debates, ações e políticas a respeito de transportes sustentáveis no mundo todo.
Mas como funciona?
A arquiteta e urbanista Jady Medeiros foi uma das responsáveis pela oficina. Segundo ela, o projeto tem como foco divulgar a pesquisa realizada através do Índice de Caminhabilidade 2.0, permitindo que os participantes aprendam as técnicas utilizadas e possam levar esse conhecimento para áreas que necessitam desse diagnóstico. Este processo torna possível cobrar melhorias na acessibilidade das calçadas.
“O importante da oficina é que esse aprendizado saia daqui, que seja uma experiência legal e que amplie os conhecimentos dos participantes”, explica Jady Medeiros.
Com um saldo positivo, a engenheira civil Patrícia Monteiro foi uma das participantes da oficina. Patrícia já conhecia sobre a ideia, mas nunca havia feito um estudo de campo utilizando a ferramenta. Segundo a engenheira, a pesquisa foi muito esclarecedora, e explicou muito sobre os dados evidenciados no final.
A engenheira faz parte do grupo de ativistas Articulação Mobilidade Popular (AMP), e além de participar, ainda ajudou a organizar o evento. Para Patrícia, a Feira MUS a ajudou a conhecer o trabalho de outros colegas e, ao mesmo tempo, dar atenção à mobilidade da cidade.
Para fazer sua avaliação, o índice de caminhabilidade leva em consideração aspectos técnicos e sensíveis. Os técnicos contabilizam largura, condição física da calçada e existência de buracos dentro das calçadas. Já os sensíveis, avaliam a interação da calçada com o espaço público, qual o uso da fachada de determinado imóvel e como funciona a circulação e interação das pessoas que utilizam a calçada. É por meio desses dados que a ferramenta consegue traçar recomendações que promovam mais segurança diária.
A programação continua
Além da oficina durante a tarde, no período da noite, também foi realizada outra atividade sobre calçadas da Feira Mus 2023 na Praça Santos Andrade, às 19h.
A oficina “Calçadas e Campo Minado: Estêncil para Desativação” nasceu como uma publicação do Instagram, que buscava trazer atenção para o problema das calçadas de Curitiba, comparando-as com um campo minado. Assim, durante a atividade, os participantes foram convidados para produzirem um estêncil – uma espécie de molde para pinturas – de uma bomba enquanto os organizadores puxaram discussões sobre a qualidade das calçadas.
Felipe Roehrig, é estudante de design da UFPR e representante do Pedal UFPR, e foi um dos elaboradores da oficina da noite. Segundo o estudante, a ideia da oficina foi trazer uma atividade que envolvesse um tema comum para todos os curitibanos, já que, antes de tudo, todos são pedestres.
“Mesmo que a gente use ônibus, carro ou outros meios de transporte, todos nós sempre seremos pedestres. Tem gente que usa cadeira de roda, ou usa bicicleta, ou caminhar, mas no fim todo mundo usa a calçada. É universal e atinge todo mundo”, explica Felipe Roehrig.
A programação da Feira MUS segue nesta sexta-feira (22) e sábado (24). As atividades incluem pedais, oficinas, rodas de conversa, performance artística e corrida. Mais informações estão disponíveis no Instagram da feira @feiramus
Por Carolina Genez e Luisa Mattos
Confira abaixo a conversa dos repórteres Octavio do Canto e Maria Guimarães com Filipe Roaric, responsável pela oficina “Campo Minado: Estêncil para Desativação”: