Os arpejos apressados, as vozes rasgadas, os acordes tensos e as batidas furiosas do flamenco transformaram a Igreja Matriz de Antonina em um pequeno enclave andaluz no Festival de Inverno. A Cia. Arte Flamenco, liderada pelo guitarrista Murillo Da Rós, apresentou a mais conhecida das artes ibéricas para uma platéia assustada e hipnotizada pelo poder avassalador da música espanhola. As músicas apresentadas são composições próprias com alguns trechos de canções tradicionais andaluzes.
Apresentação nota 10
O público gostou do espetáculo. “Apesar do som baixo do violão, a apresentação foi nota 10”, afirma o estudante Marcos Vinícius. A atriz Edna Miranda não conhecia muito a arte flamenca antes da apresentação, mas ficou fascinada pela performance do grupo. No entanto, achou que o local não era apropriado para esse tipo de música. “Senti falta da dança”, explica. “Essa é uma música que te convida a dançar, mas não dá para fazer isso na igreja”.
Da Rós, em contrapartida, afirma que adorou o local. No linguajar andaluz, ele tinha um duende. “Na Espanha, o termo duende é usado quando existe uma magia especial no espaço da apresentação”, explica o guitarrista. “Foi uma experiência muito legal, e esperamos voltar todo ano para cá”, conclui.
Flamenco: linguagem mundial
A companhia, que existe desde 1999 e é formada por músicos e dançarinos, engloba diversos projetos. “Quando juntamos nós todos para fazer algo com o flamenco, nos apresentamos como Cia. Arte Flamenco”, explica Da Rós. Para esse espetáculo, no entanto, apenas os músicos vieram. “Nesse evento específico, a proposta do espetáculo era mais musical”, afirma o guitarrista.
O grupo não é formado apenas por descendentes de espanhóis. De acordo com Da Rós, as pessoas se apaixonam pelo flamenco por razões muito mais diversas do que o laço sangüíneo. “Hoje o flamenco pode ser considerado uma linguagem mundial, como o rock ou o jazz”.