Entre os dias 10 e 13 de março, cerca de 1500 mudas de araucárias foram distribuídas no departamento de Fitotecnia da UFPR, localizado no setor de Ciências Agrárias. Essa foi a forma de celebrar os 30 anos do Laboratório de Micropropagação Vegetal, centro de pesquisas que visa incentivar o cultivo da espécie para evitar sua extinção.
Adilson de Freitas Santos, 59, é um dos interessados no plantio de pinheiros em sua chácara, na cidade de Bocaiuva do Sul, onde cuida de cerca de 200 mudas. Pela facilidade do cultivo, Adilson está disposto a aumentar o número de exemplares da árvore futuramente. “É uma forma de proteger a espécie, então alguém tem que plantar”, afirmou.
O professor, doutor e pesquisador Flávio Zanette é fundador da instituição que promove a doação de mudas. Para ele, o argumento econômico é o mais convincente para estimular produtores ao plantio. “Se a araucária não pode ser salva pela caneta nem pelo coração, acho que ela pode sobreviver pelo bolso”, enfatizou.
Técnica aumenta a produtividade dos pinheiros
Para aumentar os lucros na hora de plantar araucárias, pesquisas da UFPR, comandadas pelo professor Zanette, criaram a técnica da enxertia. O método consiste em juntar tecidos de araucárias distintas. De árvores adultas são coletados brotos que crescem na ponta do tronco ou em bifurcações. Dessas partes, a casca é aproveitada.
Nas mudas em que o procedimento será aplicado, a casca de uma parte do tronco é raspada e, em seu lugar, é amarrada a casca do Pinheiro adulto. Após cinco semanas, a parte acima de onde o enxerto foi realizado é cortada, o arame que prende os tecidos diferentes é retirado e a árvore começa seu desenvolvimento.
Araucárias enxertadas geram 80% de plantas fêmeas que são responsáveis pela produção de pinhão. Com a técnica, as árvores passam a produzir as sementes dois anos mais cedo, gerando assim um lucro maior. Em 30 anos após o plantio, um exemplar produz 70 quilos de pinhão anualmente. Pela longevidade da espécie, a qual produz durante toda a vida, o lucro é certo. Além disso, a madeira do pinheiro é um excelente biocombustível e seu nó pode ser usado em combustões.
Três décadas de pesquisa
No laboratório comandado por Dr. Zanette, 38 mestres e 23 doutores foram formados. Dentre as áreas de estudo, plantas ornamentais, árvores frutíferas e transgênicos foram trabalhados. Mas o foco sempre foi a Araucaria angustifolia.
Atualmente, está sendo desenvolvido um estudo sobre a possibilidade de conservar o embrião da espécie para preservá-la por mais tempo. Mas Flávio não está entusiasmado. “Academicamente é interessante, mas já estou com medo que a gente vá depender disso para salvar a araucária. Prefiro ver uma floresta muito bem espalhada.”, desabafou.
Se depender da paixão do professor pela espécie, muitos avanços serão construídos em favor do pinheiro futuramente. “Tenho uma dívida com a araucária. Se olhar meu currículo, tenho um monte de prêmios por causa dela. É meu dever continuar produzindo”, declarou.