
Mais do que um hábito alimentar, o veganismo é um estilo de vida. Uma luta diária contra a exploração de animais em qualquer sentido. Além de não comer nada que contenha carne, ovos, leite e mel, o vegano tem de estar atento até mesmo às roupas que veste e às empresas que testam seus produtos em animais. É uma opção radical e que exige dedicação de quem se propõe a segui-la.
A artista plástica Paula Brvja é vegetariana há sete anos e vegana há quatro. A princípio, foi motivada pelo sentimento de compaixão pelos animais mortos na indústria. Ela conta que, aos poucos, as reações emocionais deram lugar às escolhas pautadas na ética objetiva. “Os animais existem para seus próprios fins e não temos o direito de escravizá-los, torturá-los e chaciná-los sistematicamente como tem ocorrido”, diz.
Para Paula, o direito dos animais é conquistado pouco a pouco e parte de cada um. Vai muito além de se privar de hábitos pontuais. “Entendo o veganismo não só como uma dieta, mas como uma postura combativa no dia-a-dia”, explica. A maior dificuldade, segundo ela, se dá porque o consumo de carne já está enraizado em nossos hábitos. “Nosso festejar em cima da morte e sofrimento de outros seres é algo doentio e precisa ser seriamente pensado, não importa o quão socialmente aceito isto seja”, completa.
Menos problemas de saúde
A simples hipótese de não comer qualquer produto de origem animal assusta muita gente e levanta dúvidas em relação a uma alimentação saudável. A nutricionista Astrid Pfeiffer, especialista nestes tipos de caso, tranquiliza quem é ou pensa em se tornar vegano. Segundo ela, é possível, sim, ter uma dieta completamente saudável.
Pfeiffer explica que, como já é conhecida no meio, a grande maioria dos pacientes que atende são veganos ou vegetarianos. As orientações para estas pessoas variam. Em alguns casos, é recomendável tomar suplementos de vitamina B12 – indispensável na formação do sangue e necessária para a manutenção do sistema nervoso. Além disso, segundo a nutricionista, leguminosas como feijão, lentilha e ervilha fazem parte de uma boa dieta vegana. “O ideal é consumir cerca de sete colheres deste tipo de alimento ao dia”, explica.
O veganismo pode, inclusive, ser um hábito ainda mais saudável em relação a dieta carnívora, como explica Pfeiffer. “Basta ter uma alimentação adequada, equilibrando os grupos alimentares corretos”. Nesse caso, os riscos de problemas com obesidade e hipertensão diminuem, por exemplo.
Paula Brvja sentiu na prática estas vantagens. Ela conta que logo no primeiro ano em que se tornou vegana, seus exames de sangue ficaram perfeitos. “Algumas doenças respiratórias crônicas que tenho praticamente desapareceram, também”, diz.

Culinária de qualidade
Apesar de todas as privações, se engana quem pensa que para seguir uma dieta vegana é preciso deixar de lado uma culinária de qualidade. Aberto há nove anos, o restaurante Balarama é especializado neste tipo de cozinha. Com pratos típicos indianos, agrada quem procura uma alimentação diferenciada e livre de qualquer produto de origem animal.
Vraja Mohini, sócia do estabelecimento, explica que o restaurante serve cerca de vinte refeições por dia. O público é variado, mas em sua maioria vegano ou vegetariano. Os pratos são basicamente à base vegetais, como soja, castanha, batata e lentilha. Mohini revela a especialidade da casa. “Com certeza os Samosas”, conta, se referindo aos pasteis indianos, recheados com grão de bico ou PTS (proteína vegetal de soja). Até os carnívoros se rendem.
Serviço
Restaurante Balarama
Aberto de terça a domingo, das 11h30 às 15h30
15 reais, buffet livre (inclui suco e sobremesa)
R. Jaime Reis, 402 – Próximo ao Largo da Ordem