São 17 anos de Festival de Inverno. Tempo suficiente para as pessoas conhecerem os costumes da cidade de Antonina e elegerem os seus preferidos. Quando o assunto é Festival, a memória traz logo à tona as balas de banana, o barreado e os shows apresentados no palco principal. Mas, ainda mais que todos esses itens, um em especial têm lugar cativo no coração de quem costuma vir sempre: o trapiche.
Inaugurado há dez anos, ele conquistou a preferência dos participantes do Festival. O costume de sair das atividades da programação oficial e se reunir por lá se tornou uma tradição. Sempre uma ou outra novidade aparecia na casinha que costumava ocupar o lugar central. Lá, no ano passado, César Souza participou de uma roda de poesia. “A gente chegava, cantava uma musiquinha, e quem quisesse recitava poesias. Até eu recitei. Foi muito bacana”, conta.
Mas a casinha foi derrubada e o trapiche interditado. “Foi um problema de infra-estrutura. A laje não poderia mais comportar uma quantidade grande de pessoas e a Defesa Civil, junto com o Corpo de Bombeiros e o Governo do Estado, decidiram pela interdição”, explica o secretário de Turismo, Comunicação e Esportes José Luiz Velloso. Segundo ele, o trecho de maior perigo já foi recuperado e a passagem é permitida. “O que não pode é haver uma grande concentração de pessoas”, aponta.
A interdição do trapiche causa saudade nos visitantes. Sem poder correr para lá assim que o show acaba, eles saem à procura de barzinhos ou lugares para esticar a noite. Alana Albinati participa pela terceira vez do Festival de Inverno, e sente falta da música improvisada, dos malabares e das conversas à beira da água. Nesse ano, ela passa as noites na escadaria da Igreja Matriz, onde um grupo de pessoas vai tocar Maracatu. “Ano passado, a gente ia direto para o Trapiche. Esse ano não dá, então a gente fica aqui pela praça. Não é a mesma coisa, mas temos que procurar as opções, né?”, brinca.
Uma alternativa de diversão noturna é a pizzaria de Cibele Cabrini, que ainda estava em planejamento quando ela recebeu o telefonema da organização do Festival. “Eles propuseram que eu abrisse o espaço para abrigar o Banana Cabaré, onde grupos musicais tocariam durante a noite”, conta. Cibele diz que não existe uma programação fechada. “Acaba o show e as bandas aparecem aqui, pedindo pra tocar”. No sábado de abertura, o Banana Cabaré recebeu a banda Denorex 80 logo que o show acabou. “Fechamos as portas às sete da manhã”, diz.
Diferente do ano passado, quando a multidão que assistia ao show seguia em massa para o Trapiche, hoje as pessoas se dispersam por outros lugares da cidade. Alguns insistentes, porém, continuam mantendo o costume e seguindo para as madeiras que adentram a baía de Antonina. A maioria, no entanto, prefere optar por algo um pouco mais seguro. A opção da estudante Ketlin Gonçalves de Souza é o Casarão, casa noturna próxima às ruínas. “Vou para assistir aos shows”, conta. “O ruim é que tem que pagar entrada. No trapiche, era de graça”, lamenta.
Segundo José Luiz Velloso, a licitação para as obras de reforma do trapiche será dada no final do mês. “Esperamos que no começo de setembro o novo trapiche já esteja pronto”. Os freqüentadores dos próximos Festivais também.