qui 21 nov 2024
HomeEducaçãoO Festival de Inverno sem o Trapiche

O Festival de Inverno sem o Trapiche

São 17 anos de Festival de Inverno. Tempo suficiente para as pessoas conhecerem os costumes da cidade de Antonina e elegerem os seus preferidos. Quando o assunto é Festival, a memória traz logo à tona as balas de banana, o barreado e os shows apresentados no palco principal. Mas, ainda mais que todos esses itens, um em especial têm lugar cativo no coração de quem costuma vir sempre: o trapiche.
Inaugurado há dez anos, ele conquistou a preferência dos participantes do Festival. O costume de sair das atividades da programação oficial e se reunir por lá se tornou uma tradição. Sempre uma ou outra novidade aparecia na casinha que costumava ocupar o lugar central. Lá, no ano passado, César Souza participou de uma roda de poesia. “A gente chegava, cantava uma musiquinha, e quem quisesse recitava poesias. Até eu recitei. Foi muito bacana”, conta.
Mas a casinha foi derrubada e o trapiche interditado. “Foi um problema de infra-estrutura. A laje não poderia mais comportar uma quantidade grande de pessoas e a Defesa Civil, junto com o Corpo de Bombeiros e o Governo do Estado, decidiram pela interdição”, explica o secretário de Turismo, Comunicação e Esportes José Luiz Velloso. Segundo ele, o trecho de maior perigo já foi recuperado e a passagem é permitida. “O que não pode é haver uma grande concentração de pessoas”, aponta.
A interdição do trapiche causa saudade nos visitantes. Sem poder correr para lá assim que o show acaba, eles saem à procura de barzinhos ou lugares para esticar a noite. Alana Albinati participa pela terceira vez do Festival de Inverno, e sente falta da música improvisada, dos malabares e das conversas à beira da água. Nesse ano, ela passa as noites na escadaria da Igreja Matriz, onde um grupo de pessoas vai tocar Maracatu. “Ano passado, a gente ia direto para o Trapiche. Esse ano não dá, então a gente fica aqui pela praça. Não é a mesma coisa, mas temos que procurar as opções, né?”, brinca.
Uma alternativa de diversão noturna é a pizzaria de Cibele Cabrini, que ainda estava em planejamento quando ela recebeu o telefonema da organização do Festival. “Eles propuseram que eu abrisse o espaço para abrigar o Banana Cabaré, onde grupos musicais tocariam durante a noite”, conta. Cibele diz que não existe uma programação fechada. “Acaba o show e as bandas aparecem aqui, pedindo pra tocar”. No sábado de abertura, o Banana Cabaré recebeu a banda Denorex 80 logo que o show acabou. “Fechamos as portas às sete da manhã”, diz.
Diferente do ano passado, quando a multidão que assistia ao show seguia em massa para o Trapiche, hoje as pessoas se dispersam por outros lugares da cidade. Alguns insistentes, porém, continuam mantendo o costume e seguindo para as madeiras que adentram a baí­a de Antonina. A maioria, no entanto, prefere optar por algo um pouco mais seguro. A opção da estudante Ketlin Gonçalves de Souza é o Casarão, casa noturna próxima às ruí­nas. “Vou para assistir aos shows”, conta. “O ruim é que tem que pagar entrada. No trapiche, era de graça”, lamenta.
Segundo José Luiz Velloso, a licitação para as obras de reforma do trapiche será dada no final do mês. “Esperamos que no começo de setembro o novo trapiche já esteja pronto”. Os freqüentadores dos próximos Festivais também.

Interditado há quase um ano, o trapiche de Antonina faz falta para os visitantes
Giovana Ruaro
Hendryo André
Professor do curso de Jornalismo da UFPR. Orientador do Jornal Comunicação.
NOTÍCIAS RELACIONADAS
Hendryo André
Professor do curso de Jornalismo da UFPR. Orientador do Jornal Comunicação.
Pular para o conteúdo