ter 16 abr 2024
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Para quem gosta de cinema, obra rara é aqui

Dobrando a direita na Comendador Macedo com a Dr. Faivre pode se passar batido pela pequena fachada da videolocadora Vincere. Loja que assegura relíquias aos amantes da sétima arte que procuram algo além dos lançamentos convencionais.

Diferente de outras videolocadoras que destinam apenas um espaço  do acervo a títulos clássicos, a Vincere se especializa: são mais de 4 mil filmes cult que representam o catálogo. “O acervo dessa locadora é único e diferenciado. Com esse formato e esses filmes, não existe outro na cidade. É um lugar alternativo, eu não tenho alguns [filmes] famosos de Hollywood por exemplo”, explica Íris Knopfholz, atual proprietária do imóvel.

 

A Vincere Vídeos oferece um catálogo especializado em filmes clássicos. (Foto: Heloisa Nichele)
A Vincere Vídeos oferece um catálogo especializado em filmes clássicos. (Foto: Heloisa Nichele)

Paixão de colecionador

A história começa na Bahia, onde o jornalista e produtor cultural, Luciano Lucci Ramos,  garimpou seu tesouro. A partir dos anos 2000, com o surgimento do DVD no Brasil, passou a colecionar filmes raros. “Alguns lançamentos com poucos números eu aproveitava e comprava logo dois, com medo de danificar, porque não eram filmes comerciais, eram filmes mais alternativos”, relembra Luciano. O interesse é herança de família, que colecionava filmes desde o VHS. “Está no sangue”, completa.

Mania de colecionador, logo surgiu a vontade em compartilhar sua coletânea com outras pessoas. Eis que em 2010 nasceu a Vincere Vídeos, em Salvador, sua terra natal. “De que adianta ter tantos filmes e variedades só para mim? Eu queria ver a expressão das pessoas usando uma locadora que só tem filmes raros”, conta Ramos.

O projeto deu certo. Um ano depois, quando se mudou para Curitiba,  Luciano trouxe na bagagem a vontade de estender o projeto no Sul. Além de locadora, o espaço se tornou um ponto de encontro para debates sobre cinema. “Daqui saíram quatro casamentos e dois noivados de pessoas que se conheceram na locadora e se reuniam para falar de arte”, revela.

O acervo

Comparado a outras locadoras, o espaço físico é pequeno, mas bem organizado: a maioria dos filmes é distribuída de acordo com o sobrenome do diretor – Scorsese, Hitchcock, Fellini, Polanski, Allen, Bergman, por aí vai. Alguns são separados por gênero e ainda sobram as coleções e sugestões da casa. Os duplicados,  que volta e meia saltam aos olhos  nas estantes, vão parar na cestinha de vendas em cima do balcão – dez reais o título. “Muita gente vem com vontade de comprar”, conta Íris.

Há um ano a locadora foi posta a venda. Muitos se interessaram em comprar partes do acervo, mas não era uma opção. Era tudo ou nada. Ela acabou passando às mãos do engenheiro civil Dario Knopfholz, antigo cliente da locadora. “Ele tinha uma paixão alucinante por cinema”, relembra Luciano sobre o amigo que faleceu  no final de julho. Desde então, a loja está nas mãos de sua filha Íris.

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Os filmes são organizados pelo sobrenome do diretor (Foto: Heloisa Nichele)

A casa é sua

A Vincere, do italiano “vencer”, se mantém, e sobre a foice que cerca outras locadoras na luta com a acessibilidade de filmes na internet, se reinventa: a locadora criou por 40 reais ao mês o serviço LocaFlex. “É como o Netflix, paga uma mensalidade e  vem locar ilimitado”, compara Iris. “Ainda existe um público grande que procura por filmes clássicos, antigos”, completa.

Todas as quintas, a partir das 19h, tem exibição de um clássico com refil de pipoca a dois reais, é o Cineclub Vincere. Depois tem debate, que se estende até o último freguês querer ir embora. É para falar de arte, beber uma gelada e comer pipoca. O clima é de casa, herança de família.

 

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