Serra do Mar. Para muitos só uma paisagem exuberante que serve de cartão-postal no caminho para o litoral paranaense. Mas alguns enxergam mais que isso. Um lugar de desafio, de lazer, de esporte. Essa é a visão de quem faz o montanhismo, prática que engloba trilhas, escaladas e até mountain bike.
O Paraná tem história nessa atividade. Algumas das trilhas do passado – não usadas para esporte, mas próximas de montanhas – deram origem a grandes estradas, como a da Graciosa e a BR-277. A primeira ascensão de caráter esportivo foi feita no Pico Marumbi em 1879. Mais recentemente, em 1995, outra conquista: O primeiro montanhista brasileiro a subir o Everest foi o paranaense Waldemar Niclevicz.
Com o pé na montanha
Fernando Scaff Moura não é tão experiente como Niclevicz, mas não é novato. Começou a praticar o montanhismo quando tinha 16 anos. Hoje, com 27, o designer de jogos tem uma dica inusitada para quem quer começar no esporte. “Corte bem a unha dos pés. Quando você desce a montanha, todo o peso do seu corpo está na ponta do pé. Se você tiver um calçado ruim ou a unha grande, é o pior sofrimento”, explica Scaff.
Para Moura, o cenário regional pode crescer. “Aqui no Paraná os clubes de montanhismo são bem estruturados. Mas quando fui ao Rio de Janeiro vi muita gente. Além disso, o esporte precisa ser melhor divulgado”, avalia Fernando.
A análise do designer de jogos é parecida com a do vice-presidente do Clube Paranaense de Montanhismo (CPM) Guilherme Machado. Mesmo sendo o clube mais organizado do estado – com uma estrutura que inclui uma sede na cadeia de montanhas do Pico Marumbi -, o CPM não atrai muitos praticantes. “Contamos com cerca de cem associados ativos. No Rio de Janeiro, por exemplo, os clubes têm de dois a três mil integrantes cada”, compara Guilherme.
Machado aconselha caminhadas mais leves no início, principalmente aos cardíacos. “Eu recomendo no começo o Anhangava, onde você consegue fazer o percurso de 1400 metros em uma hora e meia. O Pico Paraná demora em média sete horas até o cume”, observa.
Mas toda regra tem sua exceção. Matheus Jorel não seguiu os conselhos de Guilherme. Estreando no montanhismo aos 19 anos, subiu os 1800 metros do Pico Paraná. O estudante de Ciências Biológicas vê muitas vantagens nessa atividade. “É um programa barato e que proporciona um maior contato com a natureza, o que eu acho muito melhor que uma balada”, compara Jorel. Ele mergulhou de cabeça na experiência. “Não tive medo de cair e escorregar, porque se sujar faz bem”, recorda Matheus.
Assista o vídeo de Matheus Jorel sobre a subida ao Pico
Das montanhas para a Universidade
Pensando em uma maior divulgação do esporte, Letícia Toledo inovou ao escolher o Montanhismo, uma paixão da jornalista, como tema de seu Trabalho de Conclusão de Curso. Ela buscou uma forma alternativa de tratar do tema. “Descobri que a mídia falava muito sobre acidentes ou novas descobertas, mas raramente se falava das pessoas que passam semanas escalando e subindo montanhas só pelo prazer. Esse foi o meu foco”, aponta Toledo.
O TCC em forma de e-book foi uma forma de Letícia retribuir ao montanhismo. “Nunca fui boa em nenhum esporte, sempre fui uma adolescente magricela e desengonçada. Quando completei minha primeira trilha aos 14 anos, me senti mais forte do que nunca”, completa a jornalista.
Leia o e-book de Letícia sobre montanhismo
Serviço
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