sex 29 mar 2024
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Paraná busca crescer no Montanhismo

Com 1800 metros, o Pico Paraná é o maior do sul do Brasil (Plínio Lopes)
Com 1800 metros, o Pico Paraná é o maior do sul do Brasil (Foto: Plínio Lopes)

Serra do Mar. Para muitos só uma paisagem exuberante que serve de cartão-postal no caminho para o litoral paranaense. Mas alguns enxergam mais que isso. Um lugar de desafio, de lazer, de esporte. Essa é a visão de quem faz o montanhismo, prática que engloba trilhas, escaladas e até mountain bike.

O Paraná tem história nessa atividade. Algumas das trilhas do passado – não usadas para esporte, mas próximas de montanhas – deram origem a grandes estradas, como a da Graciosa e a BR-277. A primeira ascensão de caráter esportivo foi feita no Pico Marumbi em 1879. Mais recentemente, em 1995, outra conquista: O primeiro montanhista brasileiro a subir o Everest foi o paranaense Waldemar Niclevicz.

Com o pé na montanha

Fernando Scaff Moura não é tão experiente como Niclevicz, mas não é novato. Começou a praticar o montanhismo quando tinha 16 anos. Hoje, com 27, o designer de jogos tem uma dica inusitada para quem quer começar no esporte. “Corte bem a unha dos pés. Quando você desce a montanha, todo o peso do seu corpo está na ponta do pé. Se você tiver um calçado ruim ou a unha grande, é o pior sofrimento”, explica Scaff.

Para Moura, o cenário regional pode crescer. “Aqui no Paraná os clubes de montanhismo são bem estruturados. Mas quando fui ao Rio de Janeiro vi muita gente. Além disso, o esporte precisa ser melhor divulgado”, avalia Fernando.

A análise do designer de jogos é parecida com a do vice-presidente do Clube Paranaense de Montanhismo (CPM) Guilherme Machado. Mesmo sendo o clube mais organizado do estado – com uma estrutura que inclui uma sede na cadeia de montanhas do Pico Marumbi -, o CPM não atrai muitos praticantes. “Contamos com cerca de cem associados ativos. No Rio de Janeiro, por exemplo, os clubes têm de dois a três mil integrantes cada”, compara Guilherme.

Machado aconselha caminhadas mais leves no início, principalmente aos cardíacos. “Eu recomendo no começo o Anhangava, onde você consegue fazer o percurso de 1400 metros em uma hora e meia. O Pico Paraná demora em média sete horas até o cume”, observa.

Mas toda regra tem sua exceção. Matheus Jorel não seguiu os conselhos de Guilherme. Estreando no montanhismo aos 19 anos, subiu os 1800 metros do Pico Paraná. O estudante de Ciências Biológicas vê muitas vantagens nessa atividade. “É um programa barato e que proporciona um maior contato com a natureza, o que eu acho muito melhor que uma balada”, compara Jorel. Ele mergulhou de cabeça na experiência. “Não tive medo de cair e escorregar, porque se sujar faz bem”, recorda Matheus.

Assista o vídeo de Matheus Jorel sobre a subida ao Pico

Matheus Jorel registrou em vídeo sua primeira experiência no montanhismo (Renato Rezende)
Matheus Jorel registrou em vídeo sua primeira experiência no montanhismo (Foto: Renato Rezende)

Das montanhas para a Universidade

Pensando em uma maior divulgação do esporte, Letícia Toledo inovou ao escolher o Montanhismo, uma paixão da jornalista, como tema de seu Trabalho de Conclusão de Curso. Ela buscou uma forma alternativa de tratar do tema. “Descobri que a mídia falava muito sobre acidentes ou novas descobertas, mas raramente se falava das pessoas que passam semanas escalando e subindo montanhas só pelo prazer. Esse foi o meu foco”, aponta Toledo.

O TCC em forma de e-book foi uma forma de Letícia retribuir ao montanhismo. “Nunca fui boa em nenhum esporte, sempre fui uma adolescente magricela e desengonçada. Quando completei minha primeira trilha aos 14 anos, me senti mais forte do que nunca”, completa a jornalista.

Leia o e-book de Letícia sobre montanhismo

Letícia Toledo fez de seu TCC uma declaração de amor ao esporte (Acervo Pessoal)
Letícia Toledo fez de seu TCC uma declaração de amor ao esporte (Foto: Acervo Pessoal)

Serviço

Se você quer fazer parte do CPM, associe-se em aqui . A mensalidade é de 20 reais.

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