O grupo teatral Gota, Pó e Poeira traz a peça “A Lenda de um Homem Sem Nome” para o Festival de Curitiba, como parte da Mostra Fringe. A apresentação faz parte de uma maratona de quatro espetáculos seguidos na capital paranaense, que ocorrem na Praça Santos Andrade e na Praça Generoso Marques, ambos no Centro, e no Teatro da Vila, na Cidade Industrial. A peça adapta o conto “A Pedra do Diabo”, do autor Adelpho Poli Monjardim – que retrata uma lenda popular do Espírito Santo.
O enredo da peça é uma história de ganância e religiosidade. O Homem Sem Nome é dono de uma grande fazenda, mas se encontra em meio a uma grande seca. Para remediar a situação, o Homem faz um pacto com o Diabo. Promete sacrificar seu único filho em cima da pedra de Inhanguetá, em Vitória. O conflito nasce da devoção do filho do Homem por Santo Antônio, surpreendendo o Cramulhão – gíria para demônio, popular em algumas regiões. “Está tudo ligado à cultura capixaba”, diz o diretor e ator da peça, Carlos Ola, que está com o grupo há mais de 40 anos. “A gente procura colocar dentro do espetáculo alguns termos que usamos dentro da nossa cultura”, completa.

O Gota, Pó e Poeira vem de Guaçuí, no interior do Espírito Santo. A cidade tem cerca de 30 mil habitantes e está a quase mil quilômetros de Curitiba. “De Guaçuí a gente tem que ir para a capital, que são 240 quilômetros de carro, e depois vir para Curitiba, então é um dia de viagem”, comenta o ator Matheus Soares. O grupo ingressa no Festival de Curitiba pela Mostra Fringe — que tem o intuito de colocar no palco grupos independentes. A peça é parte da iniciativa de proporcionar espetáculos de rua durante o Festival.
O Fringe permite a inscrição de grupos menores e independentes no Festival de Curitiba. Ao todo, são mais de 12 estados e 5 países diferentes presentes na Mostra. “Às vezes, cidades muito pequenas de outros estados se cadastram e fazem de tudo para vir para cá”, explica a coordenadora e curadora do Fringe, Rana Moscheta. Com quase 75% da programação gratuita, os artistas recebem apoio para hospedagem e alimentação. O retorno financeiro das apresentações é, na maioria dos casos, baixo. “Para grupos de rua, por exemplo, oferecemos hospedagem e alimentação para eles ficarem aqui, mas não oferecemos transporte de lá para cá”, finaliza Moscheta.
Ao utilizar locais públicos de Curitiba, como praças e parques, o Festival leva a arte para mais pessoas e faz com que cada apresentação seja única. “A gente curte a questão de ser na rua pelo fato da improvisação. Eles improvisam muito bem com o ambiente”, conta Robson Costa, espectador da peça “A Lenda de um Homem Sem Nome”. Não limitar a arte às quatro paredes dos teatros facilita o acesso cultural para todos.
Ficha Técnica
Repórteres: João Marcelo Simões e Matheus Neme
Revisor: Luisa de Cássia
Edição Final: Alana Morzelli