sáb 05 jul 2025
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Peça “A Lenda de um Homem Sem Nome” traz cultura capixaba para o Festival de Curitiba 

Grupo do interior do Espírito Santo apresenta comédia baseada em uma lenda popular da região

O grupo teatral Gota, Pó e Poeira traz a peça “A Lenda de um Homem Sem Nome” para o Festival de Curitiba, como parte da Mostra Fringe. A apresentação faz parte de uma maratona de quatro espetáculos seguidos na capital paranaense, que ocorrem na Praça Santos Andrade e na Praça Generoso Marques, ambos no Centro, e no Teatro da Vila, na Cidade Industrial. A peça adapta o conto “A Pedra do Diabo”, do autor Adelpho Poli Monjardim – que retrata uma lenda popular do Espírito Santo. 

O enredo da peça é uma história de ganância e religiosidade. O Homem Sem Nome é dono de uma grande fazenda, mas se encontra em meio a uma grande seca. Para remediar a situação, o Homem faz um pacto com o Diabo. Promete sacrificar seu único filho em cima da pedra de Inhanguetá, em Vitória. O conflito nasce da devoção do filho do Homem por Santo Antônio, surpreendendo o Cramulhão – gíria para demônio, popular em algumas regiões. “Está tudo ligado à cultura capixaba”, diz o diretor e ator da peça, Carlos Ola, que está com o grupo há mais de 40 anos. “A gente procura colocar dentro do espetáculo alguns termos que usamos dentro da nossa cultura”, completa. 

Sebastião, personagem de Soares, clama pela vida do menino. Foto: João Marcelo Simões, Jornal Comunicação.

O Gota, Pó e Poeira vem de Guaçuí, no interior do Espírito Santo. A cidade tem cerca de 30 mil habitantes e está a quase mil quilômetros de Curitiba. “De Guaçuí a gente tem que ir para a capital, que são 240 quilômetros de carro, e depois vir para Curitiba, então é um dia de viagem”, comenta o ator Matheus Soares. O grupo ingressa no Festival de Curitiba pela Mostra Fringe — que  tem o intuito de colocar no palco grupos independentes. A peça é parte da iniciativa de proporcionar espetáculos de rua durante o Festival. 

O Fringe permite a inscrição de grupos menores e independentes no Festival de Curitiba. Ao todo, são mais de 12 estados e 5 países diferentes presentes na Mostra. “Às vezes, cidades muito pequenas de outros estados se cadastram e fazem de tudo para vir para cá”, explica a coordenadora e curadora do Fringe, Rana Moscheta. Com quase 75% da programação gratuita, os artistas recebem apoio para hospedagem e alimentação. O retorno financeiro das apresentações é, na maioria dos casos, baixo. “Para grupos de rua, por exemplo, oferecemos hospedagem e alimentação para eles ficarem aqui, mas não oferecemos transporte de lá para cá”, finaliza Moscheta. 

Ao utilizar locais públicos de Curitiba, como praças e parques, o Festival leva a arte para mais pessoas e faz com que cada apresentação seja única. “A gente curte a questão de ser na rua pelo fato da improvisação. Eles improvisam muito bem com o ambiente”, conta Robson Costa, espectador da peça “A Lenda de um Homem Sem Nome”. Não limitar a arte às quatro paredes dos teatros facilita o acesso cultural para todos. 

Ficha Técnica

Repórteres: João Marcelo Simões e Matheus Neme 

Revisor: Luisa de Cássia

Edição Final: Alana Morzelli

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