A Prefeitura de Curitiba lançou em setembro o projeto Retomada Curitiba, que oferece auxílio a microempreendedores. Pouco mais de um mês após o anúncio do projeto, proprietários de pequenos negócios e de negócios familiares ainda não têm conhecimento sobre os serviços ofertados. A principal reclamação a respeito dos auxílios municipais é a falta de divulgação.
Luciano Moreira administra desde 2018, em sociedade com o cunhado, o restaurante Brasa Nobre. Durante a pandemia, o restaurante teve que mudar seu modo de funcionamento para permitir o distanciamento dos clientes dentro do salão, e também aderiu ao uso de aplicativos de entrega. Cortes nas despesas tiveram que ser feitos e funcionários tiveram que ser dispensados.
Apesar das dificuldades financeiras, o único auxílio que o restaurante recebeu foi a extensão do Pronampe, o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, que oferece empréstimos a microempreendedores. “Inclusive, sentimos falta do apoio da prefeitura durante a pandemia”, conta Luciano. “Acho que [os auxílios] podem ser muito bons e gerar retorno à sociedade, se bem estruturados e bem divulgados.”
Claudia Tokarski trabalha no mercado da família há cerca de dez anos. O mercado, que foi aberto pela mãe de Claudia, teve que passar por adaptações durante a pandemia para se ajustar às restrições e às demandas. Muitos clientes passaram a fazer compras pelo aplicativo WhatsApp e a pedir para ter suas compras entregues em domicílio.
Claudia afirma que os únicos auxílios que chegaram ao conhecimento da administração do mercado foram ofertados por iniciativas privadas. “Nossa consultora mencionou que bancos estavam oferecendo empréstimos, mas ela sabia que nossa posição era de não aderir a esse tipo de auxílio”, conta. Ela não sabia de quaisquer auxílios oferecidos pela prefeitura.
“Eu acho que não foi bem divulgado, então nós teríamos que correr atrás. Mas estávamos mais preocupados com tudo que estava acontecendo e acabamos deixando isso de lado”
Claudia Tokarski, comerciante
Um dos serviços que ajudaria negócios como o de Claudia e de Luciano é a campanha “Compre no Bairro”, criada para incentivar a população a dar preferência a comércios mais próximos de casa. Pelo portal, os proprietários de microempreendimentos podem cadastrar seus estabelecimentos no Google e obter acesso a cartazes promovendo a campanha. No entanto, a falta de divulgação torna a “Compre no Bairro” praticamente inefetiva.
A opinião geral dos proprietários de pequenos negócios é de que, desde o início da vacinação contra Covid-19 em Curitiba, o movimento em seus estabelecimentos melhorou muito, embora ainda não se iguale ao que viam em 2019.