sex 06 dez 2024
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Desemprego atinge menor taxa em dez anos

Apesar da redução na taxa, a tendência é de oscilação

A taxa de desemprego atingiu o menor índice em dez anos no trimestre encerrado em agosto, segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Agora a 6,6%, o número de desocupação ainda atinge 7,2 milhões de brasileiros, a menor marca no mês na série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), do IBGE.  

Segundo Roberto de Oliveira, economista do Banco do Brasil e Assessor Especial da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), embora a taxa de desocupação ainda se mantenha elevada, ela aparenta ser baixa em comparação com os últimos anos, marcados pela crise de 2016 e pela pandemia de Covid-19. Historicamente, o Brasil registra uma taxa de desocupação entre 6% e 8%, mas, assim como ocorrem quedas graves, também há aumentos súbitos. 

A falta de planejamento e investimento por parte do governo impede uma redução mais significativa do desemprego. Para Oliveira, problemas no comércio exterior e aumentos na inflação produzem oscilações no mercado de trabalho. “São quedas no desemprego que logo são sucedidas por um aumento, e isso pode ser entendido como um resultado estrutural do Brasil. O país não se prepara para crescer de forma sustentada e não gera empregos da mesma maneira.” 

Inflação acima do esperado 

Mesmo com o declínio significativo no desemprego, o consumo não teve crescente significativa. A inflação estimada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2024 subiu de 4,39% para 4,50%, na terceira semana seguida de alta, o que restringe o poder de compra da população.   

Economista e coordenador do Núcleo de Pesquisas Econômicas Aplicadas da UTFPR, Marcos Rambalducci, explica que, quando contratado, há um intervalo de tempo até que o trabalhador comece a produzir efetivamente e movimente a economia, levando ao aumento da inflação. “Quando se contrata, há demanda. E até essa demanda entregar o produto final, há um gap de 8 a 15 meses. E isso provoca inflação”, explica o economista. 

Infográfico: Alana Morzelli Siqueira

Para conter o aumento da inflação, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM) elevou a Taxa Selic – taxa básica de juros da economia brasileira e o principal instrumento do Banco Central (BC) para controlar o aumento de bens e serviços – em 0,25 ponto percentual.  O aumento da taxa favorece a queda da inflação, mas desestimula o consumo devido aos juros cobrados no cartão de crédito, por exemplo. 

Esses fatores, somados à incerteza dos agentes econômicos sobre as dívidas do governo, resultam no baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Rambalducci explica que todo o país possui um limite de crescimento, chamado PIB potencial, uma estimativa do valor máximo de produção que uma economia pode alcançar de maneira sustentável, sem gerar pressões inflacionárias. Ele representa o nível de produto interno bruto (PIB) que uma economia poderia atingir se todos os seus recursos (mão de obra, capital, tecnologia) fossem usados de maneira eficiente, mas sem provocar desequilíbrios como inflação alta ou desemprego desnecessário baixo. “Um bom crescimento, maior, mais acelerado, vai fazer então que essa inflação acabe extrapolando muito aquilo que foi admitido como meta”, detalha o colunista. 

Bom desempenho no Paraná 

Com uma taxa de desemprego a 4,4% no segundo semestre de 2024, o Paraná se coloca na faixa de Pleno Emprego, quando não há insuficiência na demanda do mercado de trabalho, possibilitando um funcionamento saudável da economia. O cenário, que coloca o estado na sexta menor taxa do país, influencia na produção, que deve crescer mais que a média nacional.  

Em cidades com a economia centralizada em poucos setores, a produção de empregos traz reequilíbrio na matriz produtiva e maior participação da indústria na construção do PIB. Para Marcos Rambalducci, a necessidade de uma maior contratação de trabalhadores nos setores da economia deve possibilitar mais participação de outros setores, aumentando o salário médio. “A expectativa para o trabalhador é bastante interessante neste momento, porque se não teremos queda na taxa de desemprego, temos um aumento no salário médio pago a esse trabalhador.” 

Ficha Técnica

Reportagem: Alana Morzelli e Giuliano Boneti

Edição: João Marcelo Simões e Matheus Neme

Orientação: Cândida de Oliveira

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