A curiosidade move o homem desde sempre. Na busca pela compreensão do cenário do qual faz parte, o ser humano observa, calcula, testa e desvenda fenômenos, querendo respostas. Desde os primeiros registros do meio ambiente, lá se vão 5,5 mil anos. De lá para cá, muitos cientistas auxiliaram as gerações seguintes a melhor entender a Terra e o espaço sideral. Em homenagem a essas ilustres personalidades da Ciência, o Jornal Comunicação elenca 16 fatos que colaboraram para uma visão mais realista das minúcias da natureza e do próprio homem, como parte integrante dela.
1551: Inauguração da zoologia moderna
O naturalista suíço Konrad Von Gesner publica o primeiro dos cinco volumes de Historiae animalium, obra considerada ponto de partida para os estudos da zoologia moderna. Baseada no Velho Testamento bíblico, bem como no folclore medieval, foi bastante criticada pelo papa Paulo IV, que a inseriu na lista de livros proibidos pelo clero. Segundo a Igreja, o protestante Von Gasner teria “contaminado” a obra por questionar o catolicismo.
1601: 410 anos do nascimento de Pierre de Fermat
Nasce, em Beaumont-de-Lomagne, o matemático e cientista francês Pierre de Fermat. Contribuindo nas áreas do cálculo geométrico e infinitesimal, o íšltimo Teorema de Fermat – seu trabalho mais conhecido influenciou os estudos de Leonhard Euler e Carl Friedrich Gauss. Mais tarde, ao se corresponder com Blaise Pascal, Fermat elaboraria a Teoria da Probabilidade.
1811: 200 anos de um ensaio de Avogadro que se revelou essencial no estudo da matéria
O advogado e físico italiano Amedeo Avogadro publica um artigo no Journal de Physique, em que difere os conceitos de átomo e molécula, contestando o modelo de Dalton. Nesse mesmo artigo, formula sua famosa hipótese: volumes iguais de quaisquer gases, submetidos a mesmas temperatura e pressão, possuem o mesmo número de moléculas. Bastante negligenciado na época, o trabalho de Avogadro só foi reconsiderado 50 anos mais tarde, quando Stanislao Cannizarro usou suas ideias para obter um conjunto de pesos atômicos.
1831: Faraday publica livro sobre motor eletromagnético
Há 180 anos, na Inglaterra, Michael Faraday publica trabalho sobre a rotação magnética e, mais tarde, demonstra ao mundo o motor elétrico, o mais eficiente já inventado. A partir do motor, Faraday descobriu a indução eletromagnética e criou o gerador e transformador elétricos. O cientista inglês revolucionou a forma como a eletricidade era usada até então. De mero “combustível” para lâmpadas elétricas e outros relacionados, a eletricidade agora poderia ser produzida, controlada e transformada facilmente em movimento. O motor elétrico é hoje o mais barato, de simples produção, limpo, compacto, sustentável e principalmente versátil. Os princípios de Faraday estão presentes em equipamentos fundamentais para nossa civilização, como usinas de produção elétrica, eletrodomésticos e equipamentos industriais.
1851: 1ª Lei da Termodinâmica
O físico britânico Lord Kelvin postula a 1ª Lei da Termodinâmica, também conhecida como Princípio da Conservação de Energia. De acordo com Kelvin, a energia total transferida para um sistema é igual à variação da sua energia interna. Posteriormente, William Rankine aprimoraria esses conceitos, introduzindo as noções de energia cinética e energia potencial gravitacional.
1861: Fim da teoria da Geração Espontânea
Neste ano, o microbiologista francês Louis Pasteur refutava de vez uma das teorias mais duradouras da ciência. A Geração Espontânea ou abiogênese era crença popular na Grécia Antiga e foi experimentada e tida como certa por grandes filósofos da época, como Aristóteles. As causas para se acreditar que seres vivos complexos se originariam de matéria inanimada eram basicamente a observação descuidada. Há quase dois mil anos, Aristóteles e principalmente Anaximandro, desamparados pelo rigor do método científico, deduziram a existência de um princípio ativo na matéria inanimada. Assim moscas nasceriam de carne em putrefação, gansos de galhos de árvores próximos à água e afins. Há 150 anos, Pasteur colocou um fim na discussão, com a publicação do estudo “Dissertação sobre os corpúsculos organizados da atmosfera. Exame da doutrina de gerações espontâneas”.
1861: 150 anos da “prova final” da teoria de Darwin
A evolução das espécies era um conjunto de ideias confusas até a publicação do trabalho de Charles Darwin. “A Origem das Espécies”, publicado em 1859, trazia noções que iam contra a crença religiosa. Porém, 150 anos atrás, o paleontólogo alemão Hermann Von Meyer encontrava a prova final da teoria darwiniana. Laureado com medalha Wollaston pela Sociedade Geológica de Londres, Hermann encontrou uma pena fossilizada, que pertenceria à ave mais primitiva da qual se tem registro até hoje. A ave pré-histórica faz parte do grupo de transição dos répteis voadores para as aves que conhecemos hoje, fundamentando a teoria de Darwin, que serve como base da biologia moderna.
1881: Marie Curie vai a Paris
Com ajuda da irmã, a polonesa Maria Sklodowska (futura Marie Curie) muda-se para Paris a fim de concluir seus estudos. Na Universidade Sorbonne, obtém licenciatura em física e matemática e insere-se de vez no estudo do campo científico. Mais tarde, já com o sobrenome Curie – herdado do marido -, descobriria a existência dos elementos químicos Rádio e Polônio. Suas contribuições nos campos da física e da radioatividade lhe renderiam dois prêmios Nobel: de Física, em 1903, e de Química, em 1911.
1901: Descoberta dos hormônios
O bioquímico japonês Jokishi Takamine descobre o hormônio adrenalina, complementando os estudos de Albert Sharpey-Schafer e John Abel. Sharpey-Schafer demonstrou que o fluído extraído da glândula supra-renal aumentava a pressão arterial caso injetado na corrente sangüínea. Abel isolou a chave química desse fluido e lhe deu o nome de Epinefrina. Mais tarde, Takamine resolveu produzir Epinefrina em um estado puro cristalino, para fins comerciais. O resultado disso veio a ser a adrenalina, o primeiro hormônio produzido e purificado.
1911: 100 anos da supercondutividade
O físico holandês Heike Onnes descobre a supercondutividade, propriedade que certos materiais têm de conduzir corrente elétrica sem nenhuma resistência, quando resfriados a uma temperatura bastante baixa. Onnes chegou à supercondutividade observando a resistência do mercúrio. Essa propriedade é largamente utilizada em aparelhos de ressonância magnética e aceleradores de partículas.
1931: Desmistificação da célula vegetal
Ao observar plantas (principalmente orquídeas), o botânico e físico escocês Robert Brown é o primeiro cientista a descrever a estrutura do núcleo e sua presença nas células vegetais.
1961: 50 anos de História da Loucura
O filósofo e professor francês Michel Foucault lança sua tese de doutorado, intitulada “A História da Loucura”. Curioso sobre os princípios da psicologia, Foucault mergulhou no universo das clínicas psiquiátricas e realizou uma reflexão acerca da racionalidade. Como resultado, alicerçou o conceito de Arqueologia da Alienação.
1961: “A Terra é azul”
O homem faz sua primeira viagem ao espaço, graças aos esforços da União Soviética, que enviou Yuri Gagarin. Há cinquenta anos, o voo da Vostok I não só afirmou a União Soviética como a pioneira na corrida espacial da época, como também desenvolveu parâmetros para a sobrevivência do homem no espaço. As maiores contribuições tecnológicas foram a missão estadunidense à Lua e o estabelecimento da Estação Espacial Internacional.
1961: 50 anos da pílula
O primeiro contraceptivo oral é lançado e muda a relação do mundo ocidental com o sexo. “A pílula”, como ficou conhecida, foi desenvolvida em segredo pelo cientista Gregory Pincus, e lançada sob o disfarce de pílula “para evitar os sintomas desagradáveis da menstruação”, já que qualquer anticoncepcional era proibido nos EUA até 1965. A enfermeira feminista Margaret Sanger e a milionária Katherine McCormick foram as principais entusiastas e financiadoras da pesquisa de Pincus, que mais tarde levantaria a discussão sobre a fidelidade da mulher que usava o Enovid-10, o primeiro anticoncepcional no mercado. Os efeitos colaterais da pílula não demoraram a aparecer. Logo, mulheres abandonaram o medicamento, alegando mal estar e ganho de peso. A indústria farmacêutica contornou o problema produzindo doses menores do medicamento.
1991: Descoberta a múmia natural mais antiga da Europa
É encontrada, nos Alpes italianos, a múmia í–tzi. Com cerca de 5.300 anos, a Múmia do Similaun (como também é conhecida í–tzi, por ter sido descoberta próxima do monte de mesmo nome) é considerada a mais antiga múmia natural da Europa. í–tzi oferece um interessante registro de como o homem europeu vivia na Idade do Cobre.
2001: Projeto Genoma comemora 10 anos
O Projeto Genoma Humano foi o consórcio internacional que mapeou o sequenciamento genético do homem. Os esforços começaram em 1990 e, em fevereiro de 2001, a revista Nature publicou os resultados do que seriam os 90% do DNA humano. Em 2003 o estudo foi finalizado com precisão de 99,99%. O consórcio contou com mais de cinco mil cientistas do mundo todo, inclusive brasileiros, e este ano completou dez anos da publicação oficial. Hoje os esforços estão focados em descobrir a função de cada gene, a fim de prevenir doenças e de entender por completo a dinâmica do corpo humano.

