sex 29 mar 2024
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Um rock de amor e poder

O espetáculo O Amor é um Rock, apresentado no Theatro Municipal, foi uma das atrações mais festejadas deste domingo no Festival de Inverno. Estreado no mês passado pelo Grupo de MPB da UFPR, a peça musical-cênica foi inspirada no disco Estudando o Pagode Na Opereta SEGREGAMULHER e Amor (2005), de Tom Zé. Originalmente montada com 24 cantores, a peça tratou das relações de poder entre o homem e a mulher em canções deste e outros discos do cantor, sincronizadas com uma divertida atuação cênica e coreográfica.
Segundo a cantora Débora Bérgamo, foi a peça que mais exigiu esse tipo de atuação dos cantores. “Foram seis meses de preparação”, conta. O diretor cênico e roteirista Alexandre Bonin explica que esta já é a terceira versão do roteiro que, segundo ele, “pedia cantores”, embora exigisse um trabalho excepcional de preparação cênica dos músicos.
Se, em alguns momentos, a atuação do elenco evidenciou que tratam-se de músicos e não de atores, o público desconsiderou essa preocupação em cenas como a da “câmera lenta”, em que os cantores conseguiram uma impressão impagável. Ignoradas as dificuldades como atores, os cantores mostraram um bom desempenho nos arranjos vocais e foram acompanhados por uma execução precisa da banda. Utilizando piano, baixo, bateria e percussão, os músicos conduziram a peça com sensibilidade e arranjos coerentes. Foram poucos os momentos em que as dinâmicas ofuscaram os vocais, que não tinham amplificação. Segundo a diretora musical e arranjadora Doriane Rossi, os músicos tiveram bastante liberdade para criar e a única recomendação foi que “não fugissem do clima das musicas”.
O resultado foi um espetáculo de entretenimento bem sucedido. É verdade que a agressão à mulher foi tratada superficialmente, e o homem foi retratado como uma caricatura num modelo que admite uma certa de indulgência com a questão. Entretanto, se o intuito foi divertir, a peça atingiu seu objetivo. Seja quanto à atuação cênica, coreográfica ou musical.

Espetáculo do Grupo de MPB da UFPR leva ao palco conflitos entre homens e mulheres
Douglas Fróis
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