Caminhar por uma exposição de arte é sempre fascinante. Em cada visitante, inúmeras possibilidades de interpretações e sensações surgem ao apreciar uma obra. Em Mens Rea: A cartografia do mistério, do artista visual Mac Adams, há um adicional na proposta: desvendar crimes dos anos 1980.
Em cartaz até novembro no Museu Oscar Niemeyer, onde também acontece a mostra dos grafiteiros “OSGEMEOS”, a exposição tem curadoria de Luiz Gustavo Carvalho e apresenta ao público fotografias e instalações que supõem cenas de crimes. Nesta mostra, o visitante é ao mesmo tempo espectador e detetive.
Pela primeira vez no Paraná, a exposição chegou ao Brasil em 2018 e já passou por Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. Mens Rea vem do latim “mente culpada” e constitui uma das teorias sobre os elementos necessários para que um delito seja identificado e haja responsabilização criminal.
As obras, que em sua maioria são composições de fotografias, fazem parte das séries Mistérios e Tragédias Pós-Modernas; há também instalações que criam um jogo de sombras. Cenas de crimes envolvidas pela simplicidade do cotidiano preenchem a exposição – como em Chaleira (1987), na qual o objeto principal da foto é uma chaleira de metal que espelha, em primeiro plano, uma criança empunhando uma arma.
Outra obra instigante é a instalação Cartografia de um Crime, uma mesa composta por inúmeras fotografias do arquivo do Museu Nicéphore Niépce (França), um dos mais importantes da Europa. Uma taça e uma xícara sujas também estão presentes, além de cigarros, lupa e uma luminária. É o como o escritório de um detetive que ficou horas investigando suspeitos.
Mac Adams é britânico, naturalizado norte-americano, e uns dos fundadores da Arte Narrativa. Os romances de Arthur Conan Doyle, o cinema noir e de Alfred Hitchcock são algumas de suas referências. Criou a série Tragédias Pós-Modernas em 1980, refletindo as políticas econômicas desenvolvidas no Reino Unido e nos Estados Unidos, respectivamente por Margaret Thatcher e Ronald Reagan.
Segundo o curador, a reflexão do artista “deixa-nos a liberdade para nos tornarmos testemunha, voyeur ou até mesmo cúmplice do crime, e nos alerta para a necessidade de enxergar o que não se vê”. No universo de Mac Adams, as convicções e juízos de valor do espectador completam a obra de arte. “Sua obra desperta a curiosidade e tem a capacidade de colocar o espectador dentro dela, numa interação contínua que enriquece e faz pensar”, completa a diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika.
Serviço
Para visitar a exposição, é preciso adquirir um ingresso na bilheteria física ou virtual do museu. Os valores são R$20 e R$10 (meia-entrada) e o bilhete dá acesso às outras exposições em cartaz também. Entrada franca em todas as quartas. A classificação indicativa da mostra é 12 anos.