Conhecida como “capital Ecológica do Brasil”, Curitiba ganhou destaque pelos altos investimentos na arquitetura e urbanismo. Repleta de parques, a capital paranaense já foi apontada até com um pedacinho da Europa no Brasil. Porém, Curitiba possui uma série de problemas ambientais causados pelo crescimento acelerado da cidade e a despreocupação com a preservação do meio ambiente.
Um dos principais problemas gerados por este crescimento populacional é a lotação do aterro da Caximba. Criado em 1989, na gestão do prefeito Jaime Lerner, o aterro sanitário é considerado um dos melhores do país. “A maioria das cidades do Brasil, ainda possui um lixão a céu aberto”, conta a professora e pesquisadora Myrian Del Vecchio. Localizado entre os municípios de Araucária e Fazenda Rio Grande, o aterro foi construído em solo impermeabilizado e recoberto por diversas camadas. O local possui ainda um sistema de tratamento do “chorume” (água proveniente do lixo).
Mas apesar do moderno sistema de tratamento, o local, que deveria ter sido fechado em 1999, já teve de ser ampliado duas vezes para poder continuar recebendo o lixo dos municípios. Atualmente, sua capacidade já não é mais suficiente para abrigar as 2,4 mil toneladas de lixo que chegam diariamente. “O local serve como depósito de lixo da capital e de mais 15 municípios da Região Metropolitana de Curitiba”, explica a professora.
Recentemente a Prefeitura apresentou uma proposta para a implantação de um novo sistema de tratamento e destinação final do lixo ao Ministério Público do Paraná (MP-PR). O Sistema Integrado de Processamento e Aproveitamento de Resíduos (SIPAR), que substituirá o aterro da Caximba, usará tecnologias de separação para potencializar a reciclagem e o aproveitamento das 2,4 mil toneladas de lixo. “O projeto é ótimo, mas não sabemos se a execução será tão boa”, diz Myrian. Após uma série de polêmicas e embargos, no último dia 15 foi aberta a licitação para a implantação do novo sistema de tratamento.
Poluição dos rios
A questão do lixo vem gerando outro tipo de problema: a poluição dos rios da cidade. O Grupo de Química Ambiental (GQA) da Universidade da Federal do Paraná realiza há oito anos estudos relacionados à qualidade dos rios da Capital. “Nós analisamos os sedimentos encontrados nos fundos dos rios Iguaçu, Belém e Barigui”, explica o professor Marco Grassi, coordenador do GQA. De acordo com as análises do grupo, esses sedimentos estão com índice de contaminação acima dos níveis recomendados. A maioria dos materiais encontrados no fundo dos rios são sedimentos orgânicos e materiais pesados. Segundo o professor, o maior vilão dos rios é a falta de saneamento básico. “A situação dos rios é preocupante. Infelizmente, no Brasil, as condições de saneamento podem ser comparadas a de países menos desenvolvidos”, conta o professor.
Iniciativas
Preocupados com a situação do meio ambiente, algumas instituições e comunidades preferem não esperar por iniciativas da administração pública para mudar a situação. Um exemplo é a Associação dos Moradores e Amigos do São Lourenço (AMA), que desenvolve uma série de projetos que buscam conscientizar a população e melhorar a situação do meio ambiente. “A situação ambiental no Alto Belém é bem melhor que há oito anos atrás, graças ao trabalho e ao envolvimento dos nossos parceiros”, conta o presidente da associação, Cesar Paes Leme. A realização dos projetos já rendeu à associação o troféu “Compromissos com a Natureza”, o troféu “Melhores do Ano” de 2002 e o prêmio Mobilização do Ano, em 2003.
O Instituto Lixo e Cidadania também se mobiliza para ajudar o meio ambiente. “O instituto faz um trabalho social de inclusão dos catadores”, explica Suelita Rocker, coordenadora executiva do Instituto. Atualmente, Curitiba possui de 5.000 a 6.000 catadores que fazem mais de 80% da coleta de lixo reciclável da cidade.