Ícone da cultura geek internacional, a trilogia cinematográfica De Volta Para o Futuro é uma ficção futurista produzida entre 1985 e 1990. No segundo filme da saga, o cientista Dr. Brown (Christopher Lloyd) leva Marty (Michael J. Fox) e sua namorada Jennifer (Elisabeth Shue) ao ano 2015, para resolver problemas com o filho adolescente que o casal teria no futuro.

(Foto: Reprodução)
Visionário, o filme projeta várias tecnologias que seriam comumente usadas três décadas depois. Algumas deram certo, como operar dispositivos eletrônicos com controle de voz, câmeras digitais compactas, programas de videoconferência e filmes tridimensionais, outras não, como os carros voadores.
Com inspiração na série, o Jornal Comunicação foi atrás de três especialistas nas áreas de saúde, tecnologia e planejamento urbano, para especular sobre o futuro daqui 25 anos. Confira:
Saúde
Genoma é um código genético que possui toda a informação hereditária de um ser e como ele pode se desenvolver e funcionar ao longo da vida. Ele foi sequenciado pela primeira vez em 2003, com uma precisão de 99,99%, através da união de mais de dez países no Projeto Genoma Humano.
Para Giseli Klassen, professora de patologia na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o avanço tecnológico na saúde vai permitir, em 25 anos, que cada ser humano guarde consigo a própria sequência genômica. Com esses dados é possível saber a predisposição da pessoa em ter determinadas doenças, “Inclusive doenças raras, que demoram mais para serem diagnosticadas. Sabendo de antemão a predisposição à doença, o médico vai perceber mais rápido”, explica Giseli.
A acessibilidade ao genoma poderia dar espaço ao medo das pessoas em saber suas propensões a determinadas doenças. “As pessoas terão que ser educadas para que não comecem a pensar e se assustar com as doenças que têm predisposição a ter. Então em paralelo com esse avanço, deve se desenvolver a psicologia e o preparo dos médicos para lidar com essas pessoas”, explica a professora.
Planejamento Urbano
O professor licenciado do departamento de transportes da UFPR Roberto Gregorio da Silva Junior está otimista quanto ao futuro de nossas cidades. Silva Junior, que é o atual presidente da URBS, acredita que o número de carros será bem menor nos grandes centros urbanos. “Acho que a presença dos carros para o transporte individual deve ser reduzida de forma drástica. Isso trará como consequência a intensificação do uso do transporte coletivo, pelo menos nesses grandes centros”, conta o professor.

(Foto: Douglas Maia)
Segundo ele, os veículos também apresentarão novas tecnologias energéticas, renováveis e menos poluentes. “Os combustíveis fósseis tendem a ser rapidamente substituídos por eletricidade, células de hidrogênio e outras tecnologias. Isso já acontece em algumas cidades que praticam as ‘Zonas Livres de Carbono’”.
Para Silva Junior, as cidades serão cada vez mais verticais, o que deixará os serviços e as moradias mais próximas. O professor lembra que esse processo e os benefícios que ele pode gerar para os moradores têm sido bastante discutidos. “Quando se adensa o espaço urbano, se tem ganhos de eficiência na prestação de serviços públicos e maior interação entre as pessoas”, destaca.
Informática
“Lembro que na década de 90 o grande desafio era conseguir um computador com acesso à internet”, conta o coordenador da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa do Paraná, Pedro Torres. Para ele, a informática, que muda tão rapidamente, terá novos desafios nos próximos anos. O principal deles é a expansão da rede. “Em 25 anos imagino que o interior esteja, pelo menos, tão bem conectado quanto a capital”, diz.
Se hoje as pessoas estão sempre conectadas com os smartphones, Torres acredita que a relação das pessoas com a tecnologia vai mudar. “Tudo será ‘smart’. No futuro talvez até minha fatia de pizza seja endereçada na rede”, exemplifica. A chamada ‘internet das coisas’ estará presente no dia-a-dia das pessoas e “com todos os alimentos da minha geladeira na rede, eu posso consultar que receitas preparar com aqueles ingredientes, quais deles vão vencer primeiro, tudo instantaneamente na porta da geladeira”, declara o professor.
O preço a pagar por essa facilidade seria a preocupação com a privacidade. “Vai ser como um Big Brother nos monitorando através desses sensores. E, do mesmo jeito que alguém pode estar coletando informação pra te sugerir uma opção melhor, talvez esteja coletando informação para te vender um seguro de vida mais caro, porque você tem hábitos pouco saudáveis”, reflete Torres.