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Estados Unidos garante vaga nas oitavas contra inimigo político

Em partida com teor geopolítico, Irã só dependia de um empate para avançar na segunda vaga do grupo B, mas perdeu com gol de Pulisic. Inglaterra venceu Gales e se classificou em primeiro lugar

Os Estados Unidos venceram o Irã pelo placar mínimo na tarde desta terça-feira (29), no estádio Al Thumama, em partida válida pela terceira rodada do grupo B, e se classificou com a segunda vaga da chave para as oitavas de final da Copa do Mundo 2022. A líder do grupo foi a Inglaterra, que venceu o País de Gales por 3 a 0 no jogo que complementou o grupo.

Confira a classificação atualizada da Copa do Mundo 2022.

Já pelo grupo A, mais cedo, Holanda e Senegal garantiram as vagas depois de vencerem, respectivamente, o Catar (3 a 1) e o Equador (2 a 1).

Jogo

No primeiro tempo, os Estados Unidos pressionaram a seleção iraniana. A estratégia surtiu efeito aos 33 minutos, quando Dest tentou cruzar da ponta direita, a bola desviou na marcação, Sargent conseguiu dominar dentro da área, tocou para Weah e o camisa 21 soltou uma pancada que saiu sobre o travessão. Logo depois, mais uma tentativa: McKennie fez um lançamento do meio para Dest na direita dentro da grande área, ele ajeitou de cabeça e Pulisic pelo centro da pequena área chegou empurrando a bola para o fundo do gol, abrindo o placar para os Estados Unidos. Após o gol, Pulisic recebeu atendimento médico, pois no lance se chocou com o goleiro Beiranvand.

Pulisic abre o placar e se machuca após choque com o goleiro. Jogador foi substituído minutos depois (Foto: Reprodução / Twitter)

O segundo tempo teve substituições nas duas seleções. Aaronson entrou em campo no lugar do autor do gol, Pulisic, e Saman Ghoddos substituiu Sardar Azmoun no Irã. Aos sete minutos, Saman tentou o empate sem sucesso. Aos 21, nova tentativa sem êxito. Os Estados Unidos seguraram a pressão iraniana até o apito final.

Com o resultado, os Estados Unidos se classificaram para as oitavas de final em segundo lugar com cinco pontos e vão enfrentar a Holanda no próximo sábado, às 12h (de Brasília), no jogo de abertura da fase de mata-mata. Já o Irã foi eliminado com três pontos, na terceira colocação do Grupo B. São seis participações dos iranianos em mundiais e em todas elas os persas caíram na fase de grupos.

Ficha técnica da partida

Irã 0 x 1 Estados Unidos (Grupo B)
Local: Estádio Al Thumama
Data: 29/11/2022 – terça-feira, 16h00 (horário de Brasília)
Árbitro: Antonio Mateu

Irã: Beiranvand; Rezaeian, Pouraliganji, Hosseini e Mohammadi (Karimi); Ezatolahi, Hajsafi (Jalali) e Noorollahi (Torabi); Gholizadeh (Ansarifard), Taremi e Azmoun (Ghoddos).
Técnico: Carlos Queiroz.

Estados Unidos: Turner; Dest (Moore), Carter-Vickers, Robinson e Ream; Adams, Musah e McKennie (Acosta); Weah (Zimmerman), Pulisic (Aaronson) e Sargent (Wright).
Técnico: Gregg Berhalter

Gol: C. Pulisic 38’

Cartões: Amarelo – Tyler Adams (EUA), Majid Hosseini, Hossein Kanani e Abolfazl Jalali (Irã)

Clima tenso antes do jogo

A conta oficial dos EUA na rede social Twitter postou uma imagem do Grupo B da Copa do Mundo, mas removeu o emblema da República Islâmica no centro da bandeira iraniana. A atitude acontece em meio a uma onda de protestos no Irã.

Segundo a agência iraniana Tasnim News Agency, afiliada ao governo do país, a retirada do emblema fere as regras da Fifa. A seleção americana afirma que o gesto aconteceu em “apoio às mulheres no Irã lutando por direitos humanos básicos”. Eles acrescentaram que foi uma postagem singular e retomaram o símbolo dali em diante.

Na publicação da Tasnim News Agency, o consultor jurídico da Federação Iraniana de Futebol, Safia Allah Faghanpour, afirma que entrará com queixa contra a seleção americana no Comitê de Ética da Fifa por desrespeito à bandeira nacional do Irã. Esse clima tenso entre os países é uma realidade que perdura por décadas, confira abaixo a origem do conflito entre Irã e Estados Unidos.

Adversários de longa data fora do campo

O confronto começou em 1953 com a Operação Ajax, nome que recebeu a intervenção estrangeira que possibilitou o golpe de Estado no Irã, que foi orquestrado pela CIA (a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos) e apoiada pelo governo britânico, conforme evidenciam documentos oficiais.

O golpe derrubou o primeiro governante iraniano eleito democraticamente, o primeiro-ministro Mohamed Mossadeq, e restaurou a monarquia no país, com a ascensão do xá Mohamed Reza Pahlevi. Os americanos se aliaram ao Reino Unido na organização do golpe contra Mossadeq. O objetivo dos britânicos era recuperar os lucrativos negócios de petróleo que tinham no Irã e foram perdidos com o governo nacionalista iraniano. O apoio dos Estados Unidos à monarquia autoritária alimentou um sentimento antiamericano que depois ajudou a impulsionar a Revolução Islâmica de 1979.

Mohamed Mossadeq entrando no tribunal para seu julgamento (Foto:Iran Chamber Society)

Tomada da embaixada americana em Teerã

Em janeiro de 1979, os islâmicos xiitas do Irã, liderados pelo aiatolá Rouhollah Khomeini, derrubaram o governo do xá Reza Pahlevi, e proclamaram a Revolução Islâmica. Nesse momento as relações com os Estados Unidos se deterioraram de forma definitiva com a tomada da embaixada americana em Teerã.

Em novembro de 1979, manifestantes fizeram reféns diplomatas e outros cidadãos dos Estados Unidos que estavam dentro do edifício por 444 dias. Seis americanos conseguiram fugir da embaixada se passando por uma equipe de cinema, os 52 reféns restantes foram libertados só em janeiro de 1981. Em abril de 1980, os Estados Unidos romperam relações diplomáticas com o Irã, e permanecem rompidas até hoje. Foi após esse episódio que se iniciou o longo histórico de sanções dos EUA contra os iranianos, que também perdura até hoje.

Grupo de manifestantes queima uma bandeira americana. Desde o ataque à embaixada, a queima dos símbolos tornou-se um ritual para expressar a rejeição da República Islâmica ao imperialismo e à interferência estrangeira (Foto: El País)

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