Aberta para o público desde o início de março de 2023, a exposição Amazônia entra em sua última semana de funcionamento neste domingo (21). Localizada no Museu Municipal de Arte (MuMA), também conhecido como Portão Cultural, a mostra com entrada gratuita conta com peças de vidro que representam elementos da Floresta Amazônica e que buscam trazer reflexões sobre desmatamento e maus cuidados com os recursos naturais. Todas as obras são de autoria de Désirée Sessegolo, designer curitibana com 15 anos de carreira com esse material.
Por meio de uma técnica própria de produção das peças, que envolve o derretimento de partículas de vidro e que enquanto esfriam, criam espaços vazios e conexões únicas entre si até se tornarem sólidas novamente, a designer conseguiu trazer representações de folhas e outros componentes do meio ambiente, como a água. Essa técnica faz com que cada peça seja singular, além de trazer a ideia de não desperdício, pois se a artista não gostar do resultado final pode apenas derreter a obra novamente que uma nova peça pode ser produzida com o mesmo material. “Eu utilizo a fragilidade do vidro e ao mesmo tempo o caráter infinito que ele tem para falar dos ciclos da natureza, das transformações e das renovações. O vidro para mim é uma forma de expressão e de transformação e isso mostra a parte da sustentabilidade e da reciclagem que a gente tem que desenvolver mais no nosso país.”, conta Désirrée.
Ainda de acordo com a artista, o foco da exibição é impactante e que precisa ser comentado, ainda mais com a falta de sensibilização das pessoas acerca do assunto
“A temática da Amazônia é uma coisa muito forte, Tanto para a gente que é brasileiro quanto para todo mundo. ela envolve as questões ambientais, a destruição que a gente tem visto e essa falta de conscientização”
Désirée Sessegolo, artista
Désirrée acrescenta que essa falta de compreensão das problemáticas de desmatamento e maus cuidados à natureza pode ser suprida com as expressões artísticas. “A arte sempre abre o pensamento das pessoas. Ela abre para novas maneiras de interpretação”.
A curadora da exposição, Edilene Guzzoni, de 62 anos, conta que a mostra é dividida de acordo com os elementos trabalhados por Désirée para exemplificar partes da Amazônia, desde as folhagens até o sangue de quem mora na região: “Toda exposição tem que ter uma linha de conceito. Foram formados blocos para que cada obra tivesse um espaço específico e transmitisse uma coisa ao público. Essa preocupação com a Amazônia que não é só a folha. Tem o rio, tem a umidade, tem a folha calcinada, a primeira florada… A pessoa que vier aqui ao museu vai ver esses espaços bem diferenciados”.
Edilene concorda com Désirrée e afirma que a arte tem poder de trazer a reflexão que falta para algumas pessoas ao julgarem ou não problemáticas atuais. “A arte é importante porque você vê o mundo com outros olhos. Você cria referenciais que de repente você não tem no seu dia a dia. Então se sensibiliza e te modifica a alma”.
Sessegolo complementa que a mensagem que busca trazer com as peças é no sentido geral, e não apenas na floresta: “Eu parto da Amazônia, mas é uma mensagem em prol do meio ambiente como um todo”. A artista já levou a exposição a outros países, como Bulgária, Itália e Estados Unidos, deixando uma folha de vidro em cada local que já expôs para que uma parte da floresta fique espalhada pelo mundo todo.
Serviço
A exibição fica em cartaz no MuMA até o dia 28 de maio e pode ser visitada de terça a domingo, das 10h às 19h, com entrada livre para todo o público. O MuMA fica na Avenida República Argentina, 3430, ao lado do Terminal Portão.