qui 21 nov 2024
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Festival de divulgação científica leva cientistas a bares de Curitiba

Nove cientistas vão até três bares de Curitiba falar sobre suas pesquisas em diferentes áreas do conhecimento

O Festival internacional de divulgação científica Pint of Science ocorre até a próxima quarta-feira (24) simultaneamente em 26 países e em 123 cidades brasileiras. O objetivo é tornar ciência mais acessível à população. A ciência está no cotidiano das pessoas nas mais diversas áreas, desde o uso da inteligência artificial nas suas atividades até a cerveja que você bebe no bar. E para tornar a ciência mais acessível à população, nove cientistas estão indo a três bares de Curitiba, sempre às 19h30, falar sobre suas pesquisas em diferentes áreas do conhecimento. Após três anos, a iniciativa volta a ser realizada de forma presencial nos bares da cidade.

Nas três noites, as conversas dos bares Hop’n Roll, Itupava1299 e Quintal do Monge terão os temas depressão e canabidiol, inteligência artificial, universo, rochas plásticas, cidades verdes, ciência e fake news, jogos digitais, finanças e a própria cerveja. A engenheira mecânica e professora Instituto Federal do Paraná (IFPR) Danniella Rosa produz e estuda cerveja há cerca de cinco anos e falará sobre a presença feminina na fabricação da cerveja ao longo dos tempos. “Os resultados esperados [da pesquisa] são que a cerveja era um produto feito por mulheres e isso foi interrompido na Idade Média junto à caça às bruxas. E tornou-se então algo mais comum nos mosteiros e depois, nos tempos atuais, algo da cultura masculina”, explica.

“Continuamos com a ideia de diversificar ao máximo os temas do Pint of Science, sempre trazendo assuntos atuais e de interesse da sociedade”, diz o professor do Departamento de Física da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e vice-coordenador do Pint of Science Curitiba, Fabio Marcel Zanetti. Para ele, o evento mostra que a ciência trabalha a serviço da sociedade. “Também mostramos à sociedade que quem faz ciência são pessoas como quaisquer outras. Além disso, o Pint faz um ‘curto-circuitar’ do acesso à informação, fazendo os pesquisadores explicarem suas pesquisas e dando a oportunidade para a sociedade tirar suas dúvidas direto com eles”.

“Este contato direto entre cientistas e sociedade pode também quebrar mitos, como os de que a ciência é feita por ‘pessoas diferentes’, que a pessoa deve ser um ‘gênio’ para ser cientista, mostrando que quem faz ciência é uma pessoa como qualquer outra, o que pode incentivar cada vez mais a formação de cientistas”

Fabio Marcel Zanetti, vice-coordenador do Pint of Sciense e professor do departamento de física da UFPR

Também físico e pertencene ao Departamento Acadêmico de Física da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), o coordenador do Pint of Science Curitiba, Ricardo Canute Kamikawachi, reforça que o evento faz a ponte entre a ciência e a sociedade de uma forma acessível: “Um dos principais objetivos da ciência é compreender o mundo e desta forma permitir ações transformadoras que melhorem a qualidade de vida da sociedade, que é a fomentadora da ciência. Com este retorno do Pint of Science esperamos consolidar o evento no calendário de Curitiba e também estamos planejando outras iniciativas de mesma natureza para o segundo semestre”.

Para Fabio Marcel Zanetti, a decisão de participar do Pint of Science veio da percepção de que cada vez mais é importante a tarefa de divulgação científica, seja para ajudar na formação de uma sociedade com maior senso crítico, para mostrar a utilidade e a beleza da ciência, para atrair mais jovens para a carreira científica ou mesmo para mostrar o valor do trabalho de pesquisa feito nas instituições de pesquisa.

“Lógico que a proposta do Pint of Science, que foge dos formatos mais tradicionais de divulgação científica, também ajudou a despertar o interesse na participação. Aliás, este talvez seja o grande desafio da divulgação científica: criar modos diferentes, mais atrativos, de divulgação, de modo a atingir pessoas que de outra maneira não teriam o acesso à  informação científica”

Fabio Marcel Zanetti, vice-coordenador do Pint of Science Curitiba

Ciência no bar

Para quem abre as portas do próprio estabelecimento comercial, o diálogo próximo e informal entre cientistas e população no ambiente descontraído do bar também gera empolgação e boas expectativas. “Quem não gosta de uma boa cerveja acompanhada de muito conhecimento?”, pergunta Michel Gustavo Silva Galvão, proprietário do Hop’n Roll, que sedia o Pint of Science desde a primeira edição em Curitiba, em 2017. “Quando mudamos o ambiente da sala de aula para qualquer outro, com certeza o aprendizado se torna mais atrativo. Agora mudando para um bar, ele se torna além de atrativo muito mais prazeroso”, acrescenta.

O Itupava1299 e o Quintal do Monge recebem o evento pela primeira vez neste ano. “Misturar os públicos e aproximar os cientistas, que parecem estar numa redoma tão distante, da população trazendo conhecimento numa linguagem mais coloquial para as pessoas entenderem é muito legal e louvável. Pretendemos participar sempre daqui pra frente”, diz o gerente do Quintal do Monge, Sergio Apter.

Já para o gestor do Itupava 1299, João Paulo Mehl, a ciência precisa estar presente em todos os lugares. “Ao proporcionar um ambiente descontraído e acessível, queremos que as pessoas se sintam à vontade para aprender e se engajar com temas científicos, criando uma conexão mais próxima entre a ciência e a sociedade”, diz.

O Pint of Science Curitiba é organizado por cientistas, professores e estudantes de graduação e pós-graduação das três instituições federais de ensino de Curitiba: UFPR, UTFPR e IFPR.

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