qua 04 dez 2024
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Inglaterra frustra, Catar perde e é a primeira equipe eliminada

Americanos supreendem ingleses e, pela primeira vez na história das copas, empatam em 0 a 0. Já o anfritrião Catar está matematicamente desclassificado; Holanda, Senegal e Equador brigam por duas vagas

Inglaterra e Estados Unidos empataram sem gols, em partida válida pela segunda rodada do Grupo B da Copa do Mundo. Com o resultado, a seleção inglesa mantêm a liderança da chave, seguidos por Irã, que venceu mais cedo o País de Gales por 2 a 0, e Estados Unidos.

Confira a classificação atualizada da Copa do Mundo.

Na primeira etapa, os americanos tiveram um maior volume de jogo, com Pulisic acertando a trave inglesa. No segundo tempo, o jogo ficou mais equilibrado, mas ainda com os Estados Unidos protagonizando as principais chances. No fim, a partida terminou sem gols em Al Bayt. 

Inglaterra e Estados Unidos se enfrentaram três vezes na história dos mundiais. A primeira partida entre as seleções ocorreu na copa de 1950, no Brasil. O confronto foi marcado por uma das maiores zebras da história dos mundiais. Com um time praticamente amador, os Estados Unidos venceram os ingleses por 1 a 0. Já em 2010, os dois times empataram em 1 a 1, em jogo válido pela fase de grupos. Hoje, em Al Ghor, a seleção da Inglaterra, que havia aplicado uma goleada no Irã por 6 a 2 na primeira rodada, não conseguiu vencer e segue com o tabu de não triunfar sobre os estadunidenses em jogos de Copa do Mundo. 

Ficha Técnica

Local: Al Bayt Stadium, em Al Ghor, no Catar
Data: 25 de novembro de 2022, sexta-feira; 
Horário: 16 horas (de Brasília); 
Árbitro: Jesus Valenzuela (VEN); 
Assistentes: Jorge Urrego (VEN) e Tulio Moreno (VEN); 
VAR: Juan Soto (VEN); 

INGLATERRA: Pickford; Trippier, Stones, Maguire, Shaw; Bellinham, Rice; Saka, Mason Mount, R.Sterling; Harry Kane. 

Técnico: Gareth Southgate 

ESTADOS UNIDOS: Turner; Dest, T.Ream, Zimmerman e Robinson; Adams, Y.Musah e McKennie, Pulisic, J.Sargent e Weah. 

Técnico: Gregg Berhalter

Outros jogos 

Mais três jogos foram realizados nesta sexta-feira (25). O Irã venceu o País de Gales por 2 a 0, com dois gols no apagar das luzes do estádio Ahmad bin Ali. Após a expulsão de Wayne Hennessey, goleiro galês, a seleção iraniana cresceu na partida e garantiu a vitória. No estádio Al Thumama, Senegal venceu o Catar sem muitas dificuldades. O placar de 3 a 1 sacramentou a eliminação da seleção anfitriã. No jogo complementar do grupo A, a seleção da Holanda empatou com o Equador em 1 a 1, no Internacional Khalifa. 
 

Relembre a zebra entre EUA e Inglaterra em 1950

Joe Gaetjens, o herói. Fonte: divulgação (Extra Campo

Há quem diga que a maior batalha entre estadunidenses e ingleses foi a de Yorktown, em 1718, que encerrou a Guerra de Independência Americana. Certamente, esta pessoa não conhece a história do Milagre de BH, quando a seleção amadora dos EUA venceu a poderosa Inglaterra, com gol do haitiano Joe Gaetjens, em jogo válido pela Copa do Mundo de 1950. 
 
Após cortar relações com a Fifa entre 1928 e 1946, a Federação de Futebol Inglesa, a FA (Football Association), aceitou participar do mundial de 1950, sediado no Brasil. A delegação desembarcou no Rio de Janeiro, com total convicção de sua capacidade e certeza de vitória. As frequentes goleadas nas eliminatórias credenciavam o “auto – favoritismo”. Na estreia, um 2 a 0 em cima do Chile, diante de 30 mil torcedores no Maracanã. 
 
A seleção estadunidense estreou contra a Espanha, na Vila Capanema, em Curitiba. Chegou a ensaiar uma zebra, saindo na frente no placar. Na segunda etapa, contudo, o que era 1 a 0 virou um 3 a 1 folgado dos espanhóis. Após a Segunda Guerra Mundial, que paralisou qualquer torneio, copa ou amistoso entre seleções, os EUA tiveram muita dificuldade para montar o elenco. Garçons, lavadores de prato, veteranos de guerra e professores integravam a seleção quase que amadora.

O destaque ficou com Joe Gaetjens, que chegou em solo estadunidense após conseguir uma bolsa na Universidade de Columbia. Na época, o jogador fazia boas apresentações nos campeonatos locais e se revezava entre estudos, futebol e o trabalho de garçom e um restaurante do Harlem. Apesar de não possuir cidadania americana, o simples fato querer virar cidadão estadunidense já credenciava a presença de Joe na seleção. Na época, quem definia as diretrizes de convocação eram as próprias federações, o que tornava esse tipo de manobra possível. 

O Milagre 

Em 29 de junho de 1950, Estados Unidos e Inglaterra entraam em campo, no estádio Independência – hoje, pertencente ao América-MG. Os americanos chegaram em Belo Horizonte apenas no dia da partida, nem chegaram a treinar em solo mineiro. Já os europeus desembarcaram dias antes na região. Ainda assim, confiantes na vitória, não calçaram sequer uma vez a chuteira para fazer o reconhecimento do gramado.  

No início da partida, as 10 mil pessoas presentes no estádio já podiam esperar um chocolate. Com 12 minutos de jogo, duas bolas na trave do gol americano. O goleiro Borghi vinha sendo o herói improvável daquele baile de bola. No entanto, os quase 90% da posse de bola dos ingleses não se convertiam em gols. Somente aos 25 minutos, os americanos tiveram sua primeira finalização, que logo foi respondida com três chutes, dos ingleses, no gol.

Então, aos 38 minutos de jogo, W. Bahr arrisca um chute de longe despretensioso. O goleiro B.Williams projeta o corpo para agarrar tranquilamente o fraco chute do americano, quando Joe Gaetjens mergulha e mete a cabeça na bola, desviando e matando o goleiro inglês: 1 a 0 para os Estados Unidos, para a alegria do público presente. Com apenas um gol de diferença e com toda a segunda etapa pela frente, o clima era de virada certeira. Agora a goleada apenas não seria de zero. O segundo tempo ficou marcado pela raça dos americanos. O time ofensivo de cinco atacantes ficou só na prancheta, uma blitz intensa na marcação segurou o resultado a favor dos americanos – que contaram com a sorte e um dia inspirado de Borghi. Aos 40 minutos, o clima já era de desespero dos ingleses. Era só chuveirinho na área, o que consagrava a defesa estadunidense. No apito final, os americanos não acreditavam. Os ingleses, tampouco.  

Depois da Façanha

A zebra repercutiu mais no Brasil, do que nos dois países que protagonizaram o jogo. A capa do Jornal dos Sports, do Rio de Janeiro, exaltava a vitória dos americanos com o título Sensação na queda dos ingleses! Na Inglaterra, houve quem buscou esconder a derrota, substituindo por outras notícias. Nos Estados Unidos, nem foi uma pauta.

Após os dois times serem desclassificados, a recepção dos americanos contou apenas com alguns familiares e amigos dos jogadores. A terra do Tio Sam nunca deu muita importância para o “esporte mais popular do mundo”. Os atletas voltaram a suas vidas normais, com exceção de alguns, como Joe Gaetjens.

No ano seguinte, o haitiano foi jogar no Racing Club, da França, onde de fato jogou profissionalmente. Ele havia participado de alguns jogos da seleção do Haiti em 1944, mas em 1953 ele se reapresentou e atuou nas eliminatórias para a Copa de 1954. O que mais chama a atenção neste personagem icônico e muitas vezes esquecido, é como foi o fim de sua vida. Após parar de jogar futebol e retornar ao seu país, Joe se posicionou contrário à ditadura de Papa Doc. A última aparição dele foi em 8 de julho de 1964.

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