Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2023, o Brasil conta com cerca de 48,5 milhões de jovens, na faixa entre 15 e 29 anos de idade. Em meio a mudanças graves de temperatura, desastres ambientais, poluição e diversos outros fatores que resultam das mudanças climáticas, o público juvenil enfrenta inseguranças em diversas áreas, como a educação, resultando na chamada ecoansiedade, ou ansiedade climática, que refere-se a um sentimento de incerteza e angústia decorrentes dos impactos da crise climática.
A pesquisa “Adolescentes, jovens e mudanças climáticas”, do Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância (CIESPI/PUC-Rio), revelou que mais de 90% dos 200 jovens entrevistados de todas as regiões do Brasil demonstram preocupações com as mudanças climáticas, que resultam em ansiedade, medo ou angústia. “Cada vez mais a gente vê mais pessoas sofrendo com esses desastres naturais, perdendo suas casas, perdendo parentes, conhecidos, seus trabalhos”, relata um dos entrevistados anônimos.
Ainda de acordo com a pesquisa do CIESPI, cerca de 25% dos entrevistados disseram não estar estudando ou nunca ter ouvido falar sobre mudanças climáticas na escola. Além disso, mais de 90% dos 200 jovens que foram consultados para o estudo, revelaram se preocupar com a crise atual.
Os impactos atingem mais uma parte do público do que a outra. Um estudo realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), de 2022, indica que cerca de 40 milhões de jovens estão expostos aos riscos das mudanças climáticas, em que os mais afetados são grupos em situação de vulnerabilidade social, como moradores de comunidades tradicionais, indígenas, ribeirinhos, refugiados e mulheres.
Combate da crise pela juventude organizada
Como estratégia de enfrentamento à crise climática, as gerações mais novas estão se reunindo em grupos e discussões coletivas para pensar em soluções efetivas. O Núcleo de Pesquisa e Extensão em Direito Socioambiental da Universidade Federal do Paraná (EKOA) reúne jovens estudantes de direito e outras graduações para discutir e promover ações que debatam sobre as mudanças climáticas em Curitiba.

Uma das ações do EKOA é o seminário “Juventudes e agroecologia no enfrentamento à crise climática”, que reuniu jovens de diversas partes do Paraná durante a 22ª Jornada de Agroecologia. “A gente coloca juventudes no plural, porque nós somos vários, somos diferentes, somos diversos e o convite desse seminário é chamar as juventudes do campo, da cidade, das florestas, das águas, todas as juventudes que estão presentes aqui na jornada para a gente debater aquilo que a gente já tem feito no enfrentamento à mudança climática”, destaca a estudante Maria Fontolan.
Para Ricardo Volpi, um dos participantes do seminário, é necessário que os jovens se envolvam nessas ações: “A gente precisa mudar a maneira com que a sociedade se organiza hoje. Então, se não é o jovem que sonha e que vê um mundo diferente, quem mais vai ser?”. De todos os entrevistados pelo CIESPI/PUC-Rio, apenas 3% indicaram estar participando de alguma iniciativa para combater os efeitos negativos da crise climática.
A proposta do encontro também foi propor uma pré-discussão sobre a presença de grupos da juventude organizada na 30ª Conferência das Partes — a COP-30, evento que reúne diversas nações todos os anos para discutir medidas de enfrentamento aos impactos da crise climática no mundo, e que terá o Brasil como sede em 2025. Foi apontada a necessidade de dar espaço para que as vozes desses coletivos se manifestem em grandes espaços de debate sobre as mudanças climáticas.
“As juventudes são linha de frente, elas são resistência, a gente não é o futuro. A gente é o agora” – Maria Fontolan
Acompanhe a reportagem em vídeo produzida pelo Jornal Comunicação da UFPR sobre a temática:


