seg 02 dez 2024
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Passageiros e cobradores temem assédio e roubo no transporte coletivo de Curitiba

Depois de dois assassinatos dentro de ônibus em menos de dois meses, curitibanos estão preocupados com a segurança

Nesta quinta-feira (8), Matheus João de Castro Santana, 20, morreu esfaqueado no biarticulado Pinhais/Rui Barbosa, na Avenida Presidente Affonso Camargo, no Cristo Rei. A agressão teria acontecido em uma tentativa de roubo. O suspeito foi preso. O episódio traumático tem deixado passageiros e trabalhadores aflitos e com um sentimento de fragilidade: “A gente está vulnerável, vou ser sincera, tenho medo sim”, relata a cobradora de ônibus Vania Soares, 44. Curitiba está entre as 50 cidades do país com mais furtos de celulares, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024.

Esse é o segundo caso de morte no transporte público da capital paranaense em menos de dois meses. Em junho deste ano, Oziel Branques dos Santos foi morto também a facadas após defender um casal contra ataques transfóbicos na linha Santa Cândida/Capão Raso, que atravessa o centro da cidade. 

Vania Soares conta que já presenciou um assalto e foi assaltada em um ônibus. “ Tem muita gente agressiva, se você não sabe dar uma informação, são grosseiros. Acredito que 99% dos cobradores têm medo também, o 1% ainda quero conhecer”, comenta. Vania conta que a preocupação não é só com assalto, mas também com importunação e assédio sexual no tubo ou nos ônibus. Ela descreve um incidente em que um passageiro, no tubo cheio, se aproximou de forma desconfortável. Vania teve que se levantar, depois saiu do tubo e esperou lá fora até o homem ir embora.

Duas passageiras que não quiseram se identificar falam que é necessário mais segurança nos pontos. Ambas já viram assaltos e também já foram vítimas do crime dentro de ônibus. “Uma vez tentei avisar uma idosa, porque estavam mexendo na bolsa dela, e fui ameaçada. Hoje está mais violento, as pessoas estão mais intolerantes. Está faltando respeito”, explica. “A gente fica sozinha de noite, e fica muito vulnerável a qualquer um que passa”, descreve a outra. 

Ivonete Itice, 44, síndica profissional, soube do segundo assassinato hoje de manhã. Ela também se sente insegura no trajeto até o trabalho e de volta para casa, todos os dias, há muitos anos. “ A gente que tem mais idade vê as meninas sofrendo importunação, vê as pessoas de olho em você”. Para Ivonete, ônibus cheio é sinônimo de perigo.

Para o segurança Robert Lucius, 56, e o motorista Eduardo Veiga, 40, a preocupação é diferente. Robert afirma que há muitas incidências diárias em que precisa intervir, mas nada grave; não se sente inseguro. Embora saiba que está correndo risco em todos os momentos no trabalho, diz estar ciente do compromisso. Eduardo, por outro lado, em 12 anos no transporte coletivo, presenciou três assaltos na Região Metropolitana de Curitiba, mas sente que a cidade, no geral, é segura: “Não é como São Paulo ou Rio de Janeiro.”

Murilo Bernardon
Estudante de Jornalismo da UFPR.
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Estudante de Jornalismo da UFPR.
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