Por Ana Halat
Neste sábado (26), aconteceu a 1ª Caminhada Lésbi do Paraná em Curitiba. A marcha de mulheres lésbicas e bissexuais ocorreu no Largo da Ordem, a partir das 13 horas. A festa de encerramento aconteceu no Bek’s Bar, localizado no bairro Água Verde. O evento foi realizado pela Liga Brasileira de Lésbicas do Paraná (LBL) e teve parceria do Coletivo Cássia.
Um dos tópicos principais foi a inclusão de mulheres lésbicas e bissexuais no debate público, pois além dos preconceitos relacionados à sexualidade, este grupo também é vítima do machismo. “Quando a gente começa a dizer ‘sim, existimos’, mostramos que devemos ocupar todos os lugares, independente de quais sejam”, diz Grazielle Tagliamento (42), articuladora regional da LBL.
Após a concentração do público em frente à Casa da Memória de Curitiba, a marcha partiu em direção ao Cavalo Babão. A caminhada foi acompanhada pelos batuques da Bloca Saí do Armário e Me Dei Bem, grupo composto apenas por pessoas LGBTQIA+. Na chegada à escultura, houve uma apresentação do Batuque das Minas. Por fim, a Bloca Ela pode Ela Vai se apresentou para o público.
A concentração inicial teve como plano de fundo a presença das DJs Babi Oeiras e Je Arruda. O clima era de alegria e empoderamento, enquanto o público dançava ao som de artistas representantes da cultura LGBTQIA+, como Glória Groove e Pabllo Vittar.
A Bloca Saí do Armário e Me Dei Bem animou a caminhada com marchas de Carnaval que enalteciam a pluralidade, com enfoque em mulheres lésbicas e bissexuais.
O Batuque das Minas foi responsável por trazer músicas pop brasileiras, como “Favela Chegou”, interpretada pela cantora Ludmilla, com o objetivo de animar o público e reforçar o objetivo principal: o empoderamento feminino.
Tagliamento acredita que a cultura e a luta pela visibilidade lésbica e bissexual estão intimamente ligadas. “Estes movimentos culturais, formados por mulheres, já são conhecidos na cidade há algum tempo”.
“Quando a gente se une, fortalecemos mais ainda o movimento feminista de lésbicas e de bissexuais“.
Já a Bloca Ela Pode Ela Vai deu continuidade à performance de hinos empoderadores ao público.
Após as ações no Largo da Ordem, o movimento partiu para o Bek’s Bar, para uma festa de encerramento com uma roda de pagode.
A supervisora Juliane Duarte (39) acredita que a 1ª Caminhada Lésbi foi o início de um movimento de interrupção de preconceitos em Curitiba. “Quando a gente expõe quem a gente é de verdade, quebramos um monte de paradigmas. Agora é unificar e empoderar essas meninas, porque nossa caminhada não é uma luta fácil e a gente tem que colocar a cara no sol”.
MÊS DE VISIBILIDADE LÉSBICA
A data da caminhada não foi escolhida em vão. Agosto é considerado o mês da visibilidade lésbica. É neste período que o movimento se une para, além de celebrar a sua existência, debater a luta por igualdade de direitos e diversidade dentro e fora do movimento LGBTQIA+.
“Esse é o momento da gente demarcar. Ir mostrando a nossa cara e saindo um pouco do apagamento histórico que houve com o movimento de lésbicas e de bissexuais”, afirma Tagliamento.
ORGANIZAÇÃO
A caminhada foi realizada pela Liga Brasileira de Lésbicas (LBL), com parceria do Coletivo Cássia. A LBL foi fundada em 2003 com o objetivo de unir mulheres lésbicas e estimular o debate sobre este público. O movimento se define como “espaço autônomo e não institucional de articulação política, anticapitalista, antirracista, não lesbofóbica, não homofóbica e não transfóbica”. A Liga também inclui mulheres bissexuais.
O Coletivo Cássia é um grupo interseccional de lésbicas e bissexuais que atua em prol da defesa da saúde e segurança destas mulheres. Fundado no Dia da Visibilidade Lésbica de 2017, o coletivo cresceu e hoje realiza ações em Curitiba pelo cumprimento do seu objetivo.
Confira mais fotos da 1ª Caminhada Lésbi do Paraná: