sex 26 abr 2024
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Sacolas oxi-biodegradáveis: solução ou problema?

Não é segredo para ninguém que as sacolas plásticas prejudicam o meio ambiente. Não somente por seu tempo de decomposição ela demora até 450 anos para se degradar mas também porque quando usada para armazenar o lixo, não permite que resí­duos biodegradáveis, como restos de comida, se decomponham mais rápido.

Na tentativa de amenizar o problema, o Paraná aprovou uma lei, em julho do ano passado, que obriga os supermercados do Estado a reduzir o impacto causado pelos utensí­lios. Grandes redes como Condor, Festval e Mufatto optaram pelo uso das sacolas oxi-biodegradáveis, cujo processo de degradação é mais rápido, um perí­odo aproximado de 18 meses após seu descarte.

O que poucos sabem é que isso só acontece em condições de luz e temperatura especí­ficas e, mesmo assim, alguns especialistas questionam se o material realmente chega a ser decomposto, já que ele, ao contrário do que seu nome diz, não é biodegradável.

“O material oxi-biodegradável contém um aditivo que, na presença direta de luz e calor acima de 40°C entra em funcionamento, degradando o plástico. Em Curitiba quando você vê 40°C?”, indaga a professora de Quí­mica Orgânica da UFPR Sônia Zawadzki.

Ela explica que é a reação fotoquí­mica que promove a degradação e não os seres vivos, por isso é errado dizer que as sacolas são biodegradáveis. “Várias pesquisas feitas por empresas ou centros de pesquisa misturam plástico convencional com amido, que é biodegradável, mas o plástico continua não sendo biodegradável. O microorganismo come o amido, mas o plástico continua lá”, aponta.

Controvérsias

Para o secretário estadual do Meio Ambiente e Recursos Hí­dricos, Rasca Rodrigues, as sacolas oxi-biodegradáveis só trazem benefí­cios ao meio ambiente. “Estamos trabalhando para tornar obrigatório o uso das sacolas oxi-biodegradáveis para armazenamento do lixo”, afirma Rodrigues.

Segundo o site Reusable Bags, que é inteiramente dedicado a iniciativas que diminuam o uso deste tipo de material, estima-se que são consumidas de 500 bilhões a um trilhão de sacolas plásticas por ano pelo mundo. Enquanto se decompõe, o plástico pode liberar fragmentos que contaminam o solo e a água.

O mesmo acontece com os sacos feitos com substâncias oxi-biodegradáveis. No processo de degradação são liberados metais pesados com ní­quel, cobalto e manganês. Além disso, gases que estão diretamente ligados ao efeito estufa, como o CO2 e o metano, também são emitidos.

Enquanto não sabe os reais benefí­cios das sacolas oxi-biodegradáveis, Dona Dulce Nery, de 77 anos, optou pela sacola de feira, que sempre a acompanha ao mercado. “Prefiro usar sempre a minha sacolinha de pano. Para quê pegar as de plástico, se vou usá-las só por 15 minutos?”, questiona.

Já a funcionária pública Élide Cristina Crema adotou outra estratégia para reduzir o consumo de sacos plásticos. Em vez de usar as que o supermercado oferece, pede para que a atendente coloque as mercadorias em caixas de papelão. “Pelo menos estou contribuindo um pouquinho”, diz. “Se cada um encontrar uma maneira de diminuir ou acabar com o uso de saquinhos plásticos, com certeza as coisas vão melhorar”.


Tempo médio de decomposição dos resí­duos
Papel – 3 meses
Palito de fósforo – 6 meses
Ponta de cigarro – 1 a 2 anos
Chiclete – 5 anos
Lata – 10 anos
Garrafa de plástico – mais de 100 anos
Latinha de cerveja – 200 anos
Tecido – de 100 a 400 anos
Fralda descartável – 600 anos
Vidro – mais de 4.000 anos
Fonte: Natural Limp Empresa de elaboração de projetos de reciclagem.

Sacolas de plástico compõem a paisagem do centro de Curitiba
Aline Pavanelli

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