sáb 02 nov 2024
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Segurança Pública é pouco discutida em debate para a Prefeitura de Curitiba

Embate de propostas ofuscou tema-chave presente nos pleitos de outras capitais do país

No primeiro debate entre os candidatos à prefeitura de Curitiba, transmitido pela Band nesta quinta-feira (8), uma questão crucial ficou em segundo plano: a segurança pública. Embora seja uma das principais pautas das eleições municipais de 2024, os postulantes concentraram suas falas em temas como mobilidade urbana, saúde e educação, relegando a segurança pública a um papel secundário. 

Ao todo, sete candidatos estiveram na emissora, Andrea Caldas (Psol), Eduardo Pimentel (PSD), Luciano Ducci (PSB), Luizão Goulart (Solidariedade), Maria Victoria (PP), Ney Leprevost (União Brasil), Roberto Requião (Mobiliza) e Samuel de Mattos (PSTU). Durante duas horas de debate, foram raros os momentos em que os candidatos discutiam medidas concretas para combater a criminalidade e aumentar a sensação de segurança nas ruas da capital paranaense.

Dados recentes do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que, embora Curitiba tenha registrado uma queda nos índices de homicídios, outros crimes, como furtos e roubos de celulares, são constantes na cidade. A capital é a segunda do sul com maior taxa, mais de 930 celulares foram furtados/roubados em 2023. Além disso, há uma crescente sensação de insegurança, especialmente em áreas mais vulneráveis da cidade.

No primeiro bloco, Luciano Ducci (PSB) mencionou recentes episódios de violência na capital, provocou a gestão do Eduardo Pimentel (PSD), vice-prefeito de Curitiba, dizendo que a Guarda Municipal está sucateada e questionou as propostas do oponente. Pimentel respondeu à acusação com números das contratações de agentes, da troca de frota, da inauguração da muralha digital. Além disso, o candidato da situação prometeu aprimorar os sistemas de câmeras corporais dos agentes de segurança. Ducci defendeu, em sua resposta, a criação de polícias comunitárias, integradas às regionais e ao transporte público. Para a categoria, prometeu restruturar do plano de carreira dos agentes. 

Em resposta, Pimentel manifestou seu apoio à PEC 57/2023, proposta de lei que visa modificar as atribuições das Guardas Municipais, permitindo que elas atuem efetivamente na prevenção e repressão ao crime, funções atualmente atribuídas às polícias estaduais e federais. Atualmente, em Curitiba, as Guardas Municipais monitoram os equipamentos das prefeituras — parques, escolas, postos de saúde — e auxiliam outros setores municipais, como a Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS) e o Secretaria Municipal de Trânsito (Setran).

Para a Patricia Herman, ativista e representante da Rede Nenhuma Vida a Menos, a mudança da função da GM é uma política pública sem efetividade prática. A ativista aponta que o aumento de armamento policial contribuí para a crescente letalidade dos moradores das regiões periféricas. Ademais, Patricia compreende que a falta de debate aprofundado mantém as coisas como são na seara da segurança pública, repaginando a lógica de que “bandido bom é bandido morto”, e escanteado práticas abrangentes no combate da criminalidade, como a melhoria na educação, iluminação pública, programas de habitação e outros mais.

No segundo bloco, Andrea Caldas (Psol), abordou os casos de violência envolvendo a Guarda Municipal curitibana e as pessoas em situação de rua, e mencionou o Relatório sobre a atuação da Guarda Municipal de Curitiba, produzido pela Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR). Neste estudo, foram identificadas 52 denúncias entre 2017 e 2022. Esses dados mostram que as pessoas em situação de rua são as principais vítimas, sendo 21 casos de abordagens abusivas (40%). A violência física é o tipo de violência mais recorrente, com 32 casos (61%). Andrea sustenta que os agentes enfrentam uma carga excessiva de trabalho e enfatiza a importância de melhorar as condições de trabalho, tornando a GM mais humana.

Ao final do segundo bloco, Maria Victoria (PP) e Luciano Ducci (PSB) abordaram a relevância do patrulhamento dos bairros periféricos da cidade. Maria Victória reforçou a importância de implementar patrulhas para mulheres e crianças na capital. O tema não foi abordado no último bloco do programa. O próximo debate será na RICTV/Jovem Pan no dia 28 de setembro, sábado, às 21h.

Eric Rodrigueshttps://ericrodrigues.portfolial.com
Estudante de jornalismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR)
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Eric Rodrigueshttps://ericrodrigues.portfolial.com
Estudante de jornalismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR)
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