ter 23 abr 2024
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Sem sucesso, protesto Black Bloc tenta chegar ao Desfile de Independência

Durante o feriado da Independência da República um grupo de manifestantes tinha a intenção de realizar, em Curitiba, manifestações em frente ao desfile anual no Centro Cívico. De frente para a Polícia, que montou guarda desde o início da manhã, ficou evidente uma certa desorganização dos movimentos, que se dividiram.

Aqueles que manifestavam contra a corrupção, com bandeiras do país, foram dispersando aos poucos. Os que restaram, de preto, tentaram novamente chegar ao desfile, por outras ruas, ainda sem sucesso.  Dialogaram com a polícia. Um dos manifestantes, questionado quanto a sua revolta, tentava entender: “Porque tanta arma letal? Estamos todos desarmados, é um protesto legítimo!”, disse.

Esse seria o Black Bloc Curitiba. O movimento – não se trata de um grupo ou organização, em si – ganhou notoriedade nacional em outras cidades por se utilizar de estratégias nas quais manifestantes com afinidade política se reúnem em protestos de caráter anticapitalista. Eles buscam ganhar visibilidade e referência através de ações diárias: destruir a fachada de um banco ou construir uma barricada contra a repressão policial, por exemplo. O intuito é fazer com que o resto dos manifestantes complemente a medida. Seria uma espécie de iniciativa mais radical, e de incentivo ao restante dos grupos.

Apreensão
(Foto: Vinícius Carvalho)

Concentração na Santos Andrade

Aos poucos, quem chegou primeiro às escadarias da Praça Santos Andrade, antes das 8h30 do Sete de Setembro, foram  viaturas da Polícia Militar, antes mesmo dos manifestantes. Na Rua Presidente Faria, atrás da praça, cerca de seis pessoas eram detidas e levadas por duas viaturas. Dali, uma dezena de manifestantes se dirigiam até o prédio histórico carregando uma faixa com os dizeres “CONTRA A CORRUPÇÃO”, e várias bandeiras. Do país, é claro. Não havia nenhuma bandeira de partido.

Grupos de dois ou três manifestantes vestidos inteiramente de preto e com o rosto coberto foram chegando à praça, onde havia, até então, um total de seis viaturas da polícia. Cerca de 50 jovens se concentraram ali.

No entanto, o pequeno grupo foi rapidamente cercado pelos policiais. Além disso, havia uma polarização clara entre os próprios manifestantes, que já somavam aproximadamente 500 pessoas. Num movimento rápido, os manifestantes de  rosto coberto foram levados ao muro do prédio histórico e, ali mesmo, revistados. Os policias apreenderam máscaras e quaisquer objetos suspeitos. Tudo diante dos olhares dos outros manifestantes, que nada fizeram.

Prisão
(Foto: Vinícius Carvalho)

Um dos manifestantes, conhecido como “Anti”, foi detido e revistado ali mesmo: levava algumas bombas de fumaça, pilhas, sinalizadores, martelo e pregos. Enquanto ele, integrante do grupo Anonymous, registrava as ações da Polícia com o próprio celular, os manifestantes pacíficos entoavam, em tom de censura, a palavra de ordem: “Vergonha! Vergonha!”. Os policiais tentaram, inicialmente sem sucesso, coloca-lo no camburão da viatura mais próxima. Cerca de dez manifestantes, partindo para uma ação de resistência, formaram um cordão de bloqueio entre os policiais e a viatura, que ficou dando voltas para se livrar da ação dos Black Bloc. O manifestante foi levado por uma outra viatura. “Polícia fascista! Polícia fascista!”, entoaram os contrários à prisão do rapaz.

Duas outras manifestantes, que ficaram bastante apreensivas, disseram estar preocupadas porque não houve explicação quanto ao destino do manifestante detido. No momento, um advogado estava a caminho.

 

Polícia
(Foto: Vinícius Carvalho)

“Sem violência” versus “Sem hipocrisia”

Enquanto a maior parte do grupo assistia a cena, essa pequena parcela enfrentou a ação policial. Munidos de megafones, fizeram críticas a ação da polícia e questionaram as outras unidades. Os manifestantes gritavam palavras de ordem como “Queremos nosso país lindo,  honesto e trabalhador” e “Sem violência! Sem violência!”. Depois de alguns minutos sem movimentação, todos os manifestantes, juntos, partiram em direção ao desfile de Sete de Setembro, que ocorria na Avenida Cândido de Abreu, no Centro Cívico.

Nas ruas próximas ao desfile, a Polícia fazia cordões de bloqueio, impedindo os manifestantes de se aproximarem. Quando gritaram novamente “Sem violência”, surgiu também a palavra de ordem em resposta: “Sem hipocrisia, a polícia mata pobre todo dia! Sem hipocrisia, a polícia mata pobre todo dia!”. O grito foi entoado até as proximidades do shopping Mueller o qual foi fechado por receio das manifestações.

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