Os vereadores Bruno Pessuti (PSC) e Hélio Wirbiski (PPS) encaminharam no fim do mês de abril uma proposta para a realização de seções itinerantes da Câmara Municipal de Curitiba. O objetivo é aproximar o cidadão do Poder Legislativo e incentivar a participação popular. “Quanto mais a população puder participar melhor”, afirma Pessuti.
As sessões devem ocorrer nas ruas da cidadania espalhadas pela cidade de Curitiba. A primeira que deve receber esse evento, previsto para Julho, é a do Bairro Novo. Apesar de já encaminhado e de ter tido apoio da maioria dos vereadores, o projeto ainda não foi aprovado. “Atendendo um apelo do Presidente Paulo Salamuni, que já havia se disposto a realizar as sessões itinerantes, optamos por retirar o requerimento para melhorar a proposta, no sentido de que essas sessões sejam adequadas ao cidadão”, conta Pessuti.
Para Wirbiski, os números mostram que é preciso levar as atividades para fora do centro político habitual. “Cerca de 76% da população afirma desconhecer o trabalho dos Vereadores em Curitiba. Queremos aproximar o legislativo da realidade das pessoas, ouvir os problemas e discutir soluções”, explica.

Por outro lado, nem todos os vereadores receberam bem a ideia. Apesar de ter agradado a maior parte dos legisladores em primeiro mandato, os mais veteranos temem por uma falta de ordem caso as sessões não sejam bem planejadas. “Alegaram que a proposta é boa, porém o formato tem que ser adequado para que a população possa aprender”, disse Pessuti. Há também dúvidas sobre o interesse que elas despertariam, já que as reuniões abertas da câmara não costumam atrair muitos cidadãos.
Mesmo assim, existem bons exemplos no próprio estado do Paraná no que diz respeito à sessões itinerantes. Em Maringá foi adotada a política de realizar duas reuniões por semana em locais alternativos. No último dia 26 de Abril, mais de 200 pessoas foram ao Centro Comunitário do bairro Jardim Alvorada acompanhar as discussões. A proposta dos vereadores para Curitiba prevê um encontro mensal.
Doutor em ciência políticas pela Unicamp e professor de direito da Universidade Federal do Paraná, Fabrício Tomio prefere analisar a situação com cautela. Segundo ele, tudo depende da maneira como venha a ser executado. “As sessões podem tornar a Câmara mais acessível e transparente aos cidadãos. Nesse sentido, certamente favoreceriam a expressão e o exercício da cidadania. Porém, conforme o seu formato, podem somente servir para alguns vereadores fazerem proselitismo com suas bases”, comenta o doutor.
Os únicos empasses realmente agravantes ficam ainda na questão do formato e das agendas dos próprios legisladores. Fatores que ainda serão discutido em colegiado, com líderes partidários e representantes da câmara.