qua 04 dez 2024
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“Tem sido uma ótima carreira”, diz ex-AC/DC em retrospectiva

O falecido Bon Scott não foi o primeiro vocalista do AC/DC, como muitos imaginam. Esse cargo foi ocupado primeiramente por Dave Evans. Evans foi criado em um ambiente musical, graças ao pai que era cantor de ópera e fã de música clássica. Esse contato intenso, desde a infância, foi essencial para que ele seguisse carreira com a música.

Evans gravou somente dois singles com o AC/DC – Can I Sit Next To You Girl e Rockin In The Parlour – mas fala dessa época de sua vida em tom nostálgico. Até hoje não se sabe ao certo as razões da saída prematura de Evans da banda. Ele diz que, no geral, foram desentendimentos com o empresário, somados com o estresse e falta de dinheiro resultantes de estar constantemente na estrada com uma banda que estava apenas começando.

Hoje, aos 61 anos, Evans traz um histórico de idas e vindas com a música. Teve duas bandas depois de sair do AC/DC e chegou a dar um tempo nas atividades musicais para atuar durante os anos 90. Mas esse afastamento durou pouco tempo. De 2000 para cá, gravou cerca de seis álbuns e atualmente está em turnê pelo Brasil. Em entrevista ao Comunicação Online, Evans falou um pouco sobre a carreira e vivência com a música. Confira:

É a primeira vez de Dave Evans no Brasil. O ex-vocalista do AC/DC faz no turnê no país. Foto por Rafael de Andrade.
É a primeira vez de Dave Evans no Brasil. O ex-vocalista do AC/DC faz turnê no país. (Foto: Rafael de Andrade)

Jornal Comunicação: Quando você começou a cantar e qual foi o primeiro disco de rock que você comprou?

Dave Evans: Eu comecei a cantar quando eu era uma criança. Meu pai era e ainda é um grande tenor, então eu estava sempre por perto quando ele estava no palco se apresentando. Desde cedo eu comecei a cantar em concertos na escola e no ensino médio. Eu tenho cantado a minha vida inteira.

Comunicação: Qual foi o primeiro disco de rock que você comprou?

Evans: O primeiro disco de rock que eu comprei foi dos Beatles, eles mudaram o mundo. Eu mantenho meu cabelo comprido até hoje por causa deles.

Comunicação: Você pode contar como foi a experiência de tocar com o AC/DC, de começar a banda com eles?

Evans: Nós éramos todos muito jovens e tivemos algumas bandas antes daquela, mas o AC/DC foi uma experiência incrível. Eu gravei minhas primeiras faixas com eles, gravei meu primeiro videoclipe. Eu nunca tinha entrado em um estúdio antes na minha vida. E nós tivemos uma resposta muito positiva, inclusive fomos indicados a melhor banda do ano, tocamos no palco principal da Sydney Opera House. Foi uma experiência fantástica, mesmo que meu pai preferisse que eu tivesse escolhido ser tenor ao invés de vocalista de uma banda de rock.

Comunicação: Depois que você saiu do AC/DC quais foram seus outros projetos?

Evans: Foram alguns desde então. Não demorou muito até que eu me juntasse aos garotos da banda Rabbit, de Newcastle. Foi um período muito bom, nós nos divertíamos tanto nos palcos como fora deles também. Nós tivemos álbuns que estouraram na Austrália, e lançamos nosso segundo álbum, Too Much Rock n Roll, na Europa e no Japão. Depois disso eu tive outra banda, Dave Evans and Thunder Down Under e, na década de 90, eu atuei em alguns filmes australianos. Nos anos 2000, eu voltei à música e gravei cinco ou seis álbuns nos últimos 14 anos. Agora eu estou terminando um álbum novo em Dallas, que vai ser lançado dentro de uns dois meses. Então eu ainda estou na ativa, gravando e fazendo turnês ao redor do mundo. Tem sido uma ótima carreira.

Comunicação: E quem você considera sua maior inspiração até hoje?

Evans: Os Beatles. Como eu disse, eles mudaram o mundo. Quem cresceu naquela época e viu o que eles fizeram com o mundo todo, percebia que era algo que ia além da própria música. Eles tinham músicas politizadas, usavam instrumentos diferentes dentro do rock, como metais, violinos e cítaras, e por aí vai. Mas outras bandas me influenciaram, especialmente aquelas que puxavam mais para o blues como o próprio Led Zeppelin.

Comunicação: Recentemente em uma entrevista, o Gene Simons, do Kiss, disse que “o rock está finalmente morto”. Qual a sua opinião sobre isso?

Evans: O rock só está morto de verdade nos Estados Unidos. As grandes gravadoras nos últimos 20 anos não fecharam contrato com nenhuma banda decente de rock, elas têm focado só no hip hop, pop, rap e coisas assim.  Eu mesmo não faço muitos trabalhos nos Estados Unidos, atualmente. Os fãs de rock estão suplicando por rock. Mas as grandes estações de rádio e televisão têm ignorado esses pedidos. Isso nos EUA. Aqui no Brasil e na América do Sul, os fãs estão “vivos” e, bem, eles são fantásticos. Na Europa também. Eu faço turnês normalmente na Europa e Austrália e espero que depois dessa turnê aqui no Brasil o mercado sul-americano me acolha e eu possa voltar para cá nos anos seguintes.

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