qua 30 abr 2025
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“Todas as Hildas” apresenta as faces da escritora Hilda Hilst no Festival de Curitiba 

O espetáculo levanta questionamentos sociais presentes na obra e vida pessoal de uma das maiores escritoras em língua portuguesa do século XX

Excêntrica, divertida e questionadora, a peça Todas as Hildas compõe a mostra Fringe do Festival de Curitiba, com sessões nos dias 26, 27 e 28 de março no Espaço Fantástico das Artes, localizado no bairro São Francisco. Dirigida por Vanessa Corina e encenada pela escola de teatro Pé no Palco, a apresentação celebra a obra da escritora brasileira Hilda Hilst. Durante os 50 minutos de peça, 15 mulheres dão vida aos temas e momentos da vida de Hilst.  

Para Corina, Hilda foi uma mulher arrebatadora com diferentes perspectivas, tornando desafiador levar sua história aos palcos: “Ela tem uma literatura bem complexa, são várias atmosferas diferentes propostas nos textos dela. O maior desafio foi entrar na poesia de Hilda, porque ela tem uma maneira de lidar com as palavras que pode assustar”. Durante a construção, a diretora optou por conectar histórias pessoais das atrizes com textos da escritora. A peça percorre temas como: infância, abandono paterno, homossexualidade, dificuldades em relações amorosas e a finitude da vida.  

Atrizes representando as diferentes fases de Hilda Hilst. Foto: Maria Flávia Ferreira

Estudante do terceiro ano de Teatro, Claudimari Rossi destaca a diversidade das atrizes: “Nós temos meninas de 18 anos até mulheres de 65 anos, essa diversidade é uma experiência tão ímpar que você tem que se doar, se adaptar, para poder integrar. Foi um privilégio.” A diversidade nos palcos transmite também a mensagem que a peça gostaria de passar: “Hilda gosta de trazer essa coisa de pensar e questionar. E ao mesmo tempo uma reflexão sobre o que a gente quer e pode, as barreiras existem, mas elas são transponíveis.”   

A estudante de Jornalismo Ana Luiza Collita é fã de Hilda Hilst e aprovou a adaptação da obra: “Eu adorei, acho que representou muito bem toda a obra, a mensagem que ela transmitia enquanto autora. Amei o jogo de luzes, a música, acho que foi um trabalho muito bem-feito. Tudo que tinha para representar a essência da Hilda foi apresentado no palco.” 

Representação da morte de mulheres. Foto: Maria Flávia Ferreira

O espetáculo é uma experiência sensorial. Desde a entrada, o público é envolvido em uma atmosfera reflexiva, com incenso, fumaça e música. No decorrer da apresentação, as atrizes interagem com o público e as mudanças dos atos são feitas de forma impactante, sendo o som o principal recurso. Fazendo jus ao gênero tragicomédia, Todas as Hildas usa o humor como fonte de críticas políticas e sociais, principalmente sobre a liberdade feminina. Com ingressos esgotados para seu último dia de apresentação, a peça deixa um gostinho de quero mais para a próxima edição do Festival de Curitiba. 

Ficha técnica

Repórter: Maria Flávia Pereira

Revisor: Marya Marcondes

Edição Final: Alana Morzelli

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