Os dados divulgados pelo Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) no último mês indicaram 370 atropelamentos em Curitiba entre janeiro e junho deste ano, contra 352 do mesmo período em 2013. Comparando-se os primeiros semestres dos dois anos, houve um aumento de 5,1% nos casos.
A via mais perigosa foi a Avenida Sete de Setembro, que contabilizou 17 acidentes. Em seguida, vêm as Avenidas Marechal Floriano Peixoto e a República Argentina com, respectivamente, 13 e nove ocorrências. Além da circulação de carros e pedestres, nos três trechos há canaletas exclusivas para ônibus biarticulados.
Os acidentes nas três principais avenidas com sistema BRT (Bus Rapid Transit ou Transporte Rápido por Ônibus), juntos, representam mais de 10% dos atropelamentos. O professor do Departamento de Transportes da UFPR, Garrone Reck, explica que os altos índices nesse tipo de via são causados pela grande circulação de pessoas. “Os corredores de ônibus concentram muitas atividades econômicas e sociais, o que atrai um alto número de pedestres que enfrentam dificuldades de locomoção, como as calçadas estreitas”, relata.
Alerta
Apesar do número de óbitos não ter aumentado – foram cinco casos no primeiro semestre de 2013 e no de 2014 – o aumento gera um alerta para os pedestres. Um dos riscos é o uso de celulares e equipamentos eletrônicos, que podem causar a distração na hora de atravessar a rua.
O estudante Lucas Dias usava um fone de ouvido quando foi atropelado, com pressa para pegar um ônibus, passou pela rua sem olhar atentamente para todas as direções. A música alta impediu que ele escutasse a buzina que o alertou do perigo. “Foi bem traumático na hora, fiquei em estado de choque. A mulher que me atropelou contou que buzinou e reduziu a velocidade, mas eu não percebi. Poderia ser bem pior, não tive nenhum arranhão, mas agora estou mais atento e tomo cuidado com o uso do fone”, conta Dias.
Soluções
Em julho de 2014, a Avenida Sete de Setembro se transformou em “Via Calma”, estipulando velocidades máximas de 30 km/h para carros e 50 km/h para ônibus biarticulados. Além disso, criou-se uma faixa exclusiva para os ciclistas.
Reck vê com a medida com otimismo. “Acredito que, acalmando o trânsito nessa região e evitando que os ciclistas andem nas canaletas, haverá uma redução dos atropelamentos. Na República Argentina, creio que a solução deveria ser a mesma”, opina o professor.
Além dessa medida, está em teste um equipamento que maximiza o tempo de travessia para pedestres com dificuldade de locomoção e idosos – no ano passado, 34% das vítimas de atropelamentos na capital foram pessoas com mais de 60 anos. Ao encostar no semáforo o cartão de gratuidade no transporte coletivo, o tempo de travessia para o pedestre é maximizado de 12 para 18 segundos.