Com a proximidade do encerramento do 31° Festival de Curitiba, que tem a apresentação final neste domingo (9), a figura da vez é o Teatro Lambe-Lambe. A modalidade teatral, que é brasileira e nasceu nos anos 1980, utiliza de bonequinhos para contar uma curta história em cima de um palco em miniatura, colocado dentro da chamada “caixinha” pelos artistas.
Confira: Animarua leva teatro lambe-lambe a Praça Santos Andrade
E é dentro deste “pequeno” mundo que encontramos o artista Elder Kloster, malabarista, palhaço, bonequeiro e apresentador. O curitibano participou do Festival com a atração Circus Freak, na última quarta-feira (05), na Praça Santos Andrade. Elder contou que entrou em cena há não muito tempo, e logo na sua primeira vez apresentando, pouco antes do Festival, foi convidado para a mostra.
A democratização da arte que o Festival proporciona é muito importante. Pequenos artistas ganham espaço para divulgar o trabalho mediante pagamento de uma taxa, e os curitibanos e curitibanas ganham uma cidade repleta de movimentos artísticos. Durante o espetáculo, a fila era grande e o público receptivo: muitas pessoas esperam pelos dias em que as ruas ficam cheias, a época de prestigiar os palcos com vida. “Tem teatro o ano inteiro, mas no Festival acontece a ida passiva ao teatro”, diz o Kosler.
Nem tudo são flores. A iniciativa tem como objetivo levar a arte para todos os cantos, e assim, popularizar a cultura via entretenimento. Os espetáculos, contudo, ficaram mais polarizados na região central. Os espectadores aproveitam o horário de almoço e existe um fluxo muito grande de pessoas. Mesmo assim, como funciona a divulgação para aqueles que não estão inclusos nessa parcela da sociedade?
Como apontam dados levantados pela reportagem na Praça Santos Andrade, seis a cada dez pessoas consultadas ficaram sabendo sobre o Festival de Curitiba ao caminharem pelas ruas centrais, fato que impede o alcance da publicidade das peças. Claramente, a divulgação acontece em diversos meios – como rádio, revistas e panfletos espalhados em pontos centrais -, contudo, a interface do site não é intuitiva para pessoas que não estão acostumados a mexer, isto impede a disseminação das datas, dos locais, preços, nomes dos integrantes.
Das diversas pessoas que conversamos na fila para assistir ao show, estavam os amigos Gabriel Santana, que é DJ e integrante da produção do evento, e o ator e iluminador Nathan. Ambos trabalham no Centro. Eles pontuam que no meio o qual estão inseridos, as pessoas também acompanham o Festival pelo Instagram, mas, em um geral, preferem o guia físico. Além de ser uma tradição dos frequentadores do evento ter o papel impresso como recordação, é mais fácil de visualizar do que online considerado confuso por grande parte do público.
Com isso, as jovens pontagrossenses Ariadene Caillot e Shelly Santos, também concordam. Elas são organizadoras do Festival Nacional de Teatro de Ponta Grossa (Fenata) e vieram a Curitiba para acompanhar o ritmo das apresentações. As duas relataram dificuldade com o site e até mesmo peças canceladas em cima da hora. Como produtoras, entendem a situação, mas muitas vezes a falta de aviso prévio pode prejudicar quem se programa.
Além disso, as produções dos pequenos artistas no Centro contam com pouca infraestrutura – eles recebem água patrocinados pela Sanepar e o sistema de som. Embora as apresentações na rua chamem o público e ajudem a integrar a cidade, trabalhar debaixo do sol dos dias quentes desta temporada não é confortável. E isso inclui o próprio público que, por vezes, desiste por ter que assistir a peças entre 40 e 50 minutos sob o sol.