seg 02 dez 2024
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Em dia de protestos, Bélgica e Espanha vencem

Quarta-feira foi marcada por manifestações contra LGBTfobia, um Canadá surpreendente e goleada da Espanha

No quarto dia da Copa do Mundo do Catar, a Alemanha mais uma vez protestou contra as violações dos direitos humanos no país sede. Já a seleção belga, que também tem histórico de manifestações, enfrentou na tarde desta quarta-feira (23) o Canadá no estádio Ahmed bin Ali, na cidade de Al Rayyan, em partida válida pela primeira rodada do Grupo F.

A vitória pelo placar mínimo valorizou o bom desempenho do Canadá, com 21 finalizações a gol e uma penalidade perdida aos 10 minutos da etapa inicial. O gol dos diabos vermelhos, no final do primeiro tempo, foi marcado por Michy Batshuayi. Houve ainda dois erros de arbitragem, que resultaram na não cobrança de pênalti para a seleção canadense, e cinco cartões amarelos aplicados – três para a Bélgica e dois para o Canadá.

Aos 13 minutos do primeiro tempo, o juiz Janny Sikazwe marcou impedimento dos Vermelhos – apelido da seleção canadense. No entanto, o lance não só estava regular, como o jogador belga Vertonghen cometeu uma falta dentro da área, configurando um pênalti que não foi marcado e nem revisado pelo VAR. Já aos 38 minutos houve mais um pênalti não marcado cometido pela Bélgica, quando o jogador Witsel pisou no pé de Laryea. O confronto encerrou mais um dia da Copa do Mundo do Catar, no qual estrearam as seleções do Grupo E – Espanha, Costa Rica, Alemanha e Japão – e do Grupo F – Bélgica, Canadá, Marrocos e Croácia.

Ficha técnica da partida

Bélgica 1 x 0 Canadá (Grupo F)
Local: Estádio Ahmed bin Ali
Data: 23/11/2022 – quarta-feira, 16h00 (horário de Brasília)
Árbitro: Janny Sikazwe

Bélgica: Thibaut Courtois, Timothy Castagne, Michy Batshuayi, Toby Alderweireld, Jan Vertonghen, Yannick Carrasco, Youri Tielemans, Axel Witsel, Kevin De Bruyne, Leander Dendoncker, e Eden Hazard. (Roberto Martínez)

Canadá: Milan Borjan, Alistair Johnston, Steven Vitória, Kamal Miller, Stephen Eustáquio, Junior Hoilett, Atiba Hutchinson, Tajon Buchanan, Alphonso Davies, Jonathan David e Richie Laryea. (John Herdman)

Gols: Michy Batshuayi, da Bélgica (43’)

Cartões: Amarelo – Yannick Carrasco, Thomas Meunier e Amadou Onana, todos da Bélgica. Alphonso Davies e Alistair Johnston, ambos do Canadá.

Para além do esporte

Na história recente das seleções belga e canadense pode-se encontrar manifestações, porém elas são de caráter bem diferente. Exatamente dois meses antes da estreia dos Vermelhos na copa, em um amistoso contra o Catar, o atacante Jonathan David fez um protesto após marcar seu gol devido ao fato de a Nike não ter projetado um novo uniforme para o time disputar o mundial. O jogador tapou a logo da empresa, que fornece os materiais esportivos ao Canadá, na hora da comemoração. Já a Bélgica trouxe à tona um tema mais presente nas discussões populares e relevante na matéria de direitos humanos.

https://twitter.com/samstreetwrites/status/1573365256130265088?s=20&t=bIpGvoGVFEENepbOHnFimQ

O Catar sofreu duras críticas nos últimos anos em razão da discriminação à população LGBTQIA+. Devido a essa situação promovida pelo país-sede, sete seleções planejaram que seus capitães entrassem em campo com uma braçadeira nas cores do arco-íris (símbolo da comunidade LGBTQIA+), como forma de apoiar o movimento iniciado pela Holanda chamado “One Love”. Entre elas estava a Bélgica. No entanto, a Fifa anunciou que o capitão que entrasse com essa braçadeira levaria cartão amarelo, o que gerou um recuo na ação dos times para não prejudicar a atuação de seus jogadores no campeonato.

Braçadeira “One Love”, que foi proibida pela Fifa. Foto: Reprodução/Federação Alemã de Futebol

Mesmo com esse passo para trás na ação contra a discriminação no Catar, as sete seleções – Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Inglaterra, País de Gales, Holanda e Suíça – publicaram uma nota em conjunto dizendo: “Estamos muito frustrados com a decisão da Fifa, que acreditamos que é sem precedentes. Escrevemos para a Fifa em setembro informando nosso desejo de vestir a braçadeira One Love para apoiar ativamente a inclusão no futebol, e não tivemos resposta. Nossos jogadores e treinadores estão desapontados. Eles são fortes apoiadores da inclusão e irão mostrar seu apoio de outras formas”.

Em entrevista aos repórteres Clarissa Freiberger e Gabriel Leão, quando questionado até que ponto as declarações e leis homofóbicas do Catar podem ser consideradas culturais e não uma violação dos direitos humanos, o Jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e pesquisador de orientalismos, Luiz Araújo, explicou que a mentalidade que prevalece em relação à população LGBTQIA+ é pautada pela repreensão: “Ela é baseada num tipo de estrutura social que é comum não apenas ao Catar, mas a maior parte do mundo Islâmico, onde a homossexualidade é reprimida. Isso precisa mudar. Mas, para que isso mude, é preciso que haja um movimento a partir é dos próprios cidadãos desses países”.

Outras partidas do dia

No segundo jogo do dia, na derrota da Alemanha para o Japão por 2 a 1, a seleção europeia fez um protesto contra a decisão da Fifa de não permitir o uso da braçadeira One Love. Os jogadores taparam suas bocas na foto oficial da partida como forma de simbolizar uma censura sofrida e foi publicado no Twitter da seleção a seguinte declaração: “Com a nossa braçadeira de capitão, quisemos dar o exemplo pelos valores que vivemos na seleção: a diversidade e o respeito mútuo. […] Não se trata de uma mensagem política: os direitos humanos não são negociáveis”.

Protesto dos jogadores da seleção alemã. Foto: AP Photo/Ebrahim Noroozi

Demais partidas do dia

De manhã, na abertura do Grupo F, Marrocos e Croácia, atual vice-campeã mundial, empataram sem gols. Pelo Grupo E, o Japão surpreendeu e venceu a Alemanha de virada (2×1), enquanto a Espanha aplicou a maior goleada da Copa até agora: 7×0 sobre a Costa Rica.

Próximos jogos

Todas as partidas dos grupos E e F acontecem no próximo domingo (27). Pelo Grupo E, o Japão, vice-líder com três pontos, recebe a Costa Rica, às 7h, e, em caso de vitória, garante a classificação às oitavas. A Espanha, líder do grupo pelo saldo de gols, recebe a Alemanha, às 16h. Os alemães precisarão de, no mínimo, um empate para não serem eliminados já na segunda partida.

Pelo Grupo F, Bélgica e Canadá enfrentam, respectivamente, Marrocos, às 10h, e a Croácia, às 13h. Com o resultado dos primeiros jogos do Grupo F, a Bélgica fica na frente, com 3 pontos, Croácia e Marrocos empatam com 1 ponto cada e o Canadá fica em quarto, com o placar zerado.

Gabriel Arouca Leão
Estudante do curso de Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná - UFPR
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