A primavera ainda não chegou, mas Curitiba já celebra antecipadamente a chegada da estação das flores com o Haru Matsuri. O festival nipo-brasileiro, em sua 31ª edição, aconteceu no último final de semana e foi realizado no Centro de Eventos do Parque Barigui. O público pôde assistir a apresentações artísticas, participar de oficinas, além de aproveitar a gastronomia oriental.
Nesta edição, as flores eram evidência tanto na decoração colorida quanto nas oficinas de ikebanas (a arte do arranjo floral), e a exposição de bonsais (pequenas árvores). Para Everson Keiti Takayama, presidente da Nikkei Curitiba, a associação cultural nipo-brasileira da capital paranaense e principal organizadora do evento, comemorar a primavera é celebrar uma nova etapa. “A chegada da primavera, simbolicamente é um novo ciclo, na vida de todo mundo. Então, a gente faz esse festival para comemorar a chegada da primavera através da nossa gastronomia, atividades artísticas e exposições”, relata a organizadora.
TRADIÇÃO
Uma das figuras centrais do evento foram as apresentações, conjuntas e individuais, dos grupos Wakaba Wadaiko (tambor japonês), o grupo de eisa (dança tradicional com tambores de Okinawa no Japão) Ryukyukoku Matsuri Daiko e Wakaba Yosakoi Soran (dança folclórica que mistura elementos da província de Kochi e da província de Hokkaido no Japão). A apresentação do Grupo Miwa Seigensha de Música para Koto (cítara japonesa) e Grupo Shinzan Tozan de Shakuhachi (flauta japonesa) exaltou os instrumentos tradicionais japoneses e destacou a importância da música para preservar a tradição nipônica. Para Vinicius Sadao, instrutor do Projeto Sankyu, voltado para o ensino dos instrumentos tradicionais, a música é uma forma de conexão e celebração da ancestralidade. “Quando a gente trabalha com a tradição, é o momento que a gente tá ligando todas as gerações, quando a gente trabalha uma coisa cultural, a ideia é a gente ligar as pessoas, e conectar as pessoas”, comenta.
“Quando a gente toca um instrumento tradicional, é uma música que está nos conectando com nossos pais, com os nossos avós, os nossos antepassados”, diz Vinicius Sadao.
MANUTENÇÃO
Muito mais que transmitir a cultura, os festivais nipo-brasileiros têm o objetivo de manter a herança da comunidade e ajudar na arrecadação de fundos para as entidades. No Brasil, os nikkeis são os principais responsáveis por impulsionar o beisebol e o softbol no país. Victor Teruhiro Yageshita, representante do estande do esporte na festa, explica que as despesas para a prática esportiva são altas, principalmente porque os equipamentos não têm fabricação nacional. “A gente faz esses eventos pra ajudar na manutenção tanto da propagação da cultura quanto da propagação do esporte”, relata Yageshita.
Além disso, para Eiji Osaka, representante do estande da Seicho No Ie, os matsuris também são um ensinamento, “nós acreditamos que com os trabalhos conseguimos resgatar a nossa cultura e também nos desenvolver. Aqui as pessoas que estão trabalhando desenvolvem senso de organização, agilidade, tendo que lidar com pessoas e adversidades. Acho que é uma forma da galera também doar um pouco do seu tempo e trabalho em prol da entidade”, finaliza o representante.
LEGADO
A festa das flores encerrou da mesma maneira que começou: ao som do taiko (tambor japonês). O instrumento milenar é geralmente tocado em grupo e utilizado na arte da guerra, como meio de comunicação e celebração. Assim como o tambor, o 31º Haru Matsuri se encerra com uma história de união, celebração e respeito pelo passado. O evento anual continua a ser escrito, com o compromisso contínuo de preservar o legado cultural, e florescer como as cerejeiras.
Confira fotos do primeiro dia do evento!