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sáb 12 out 2024
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Dúvidas sobre manutenção de auxílios gera insegurança em estudantes

Na segunda reportagem sobre problemas que estudantes da UFPR enfrentam durante a pandemia, graduandos explicam como dúvidas sobre benefícios da PRAE geram insegurança no dia a dia

A Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) é a responsável pela coordenação dos auxílios oferecidos pela Universidade Federal do Paraná, através do Programa de Benefícios Econômicos para Manutenção aos Estudantes de Graduação e Ensino Profissionalizante da UFPR (PROBEM). O objetivo do programa é garantir a segurança e condições básicas para que os alunos possam se dedicar à vida acadêmica. Os principais auxílios oferecidos são: moradia, permanência, refeição e creche. A sede se localiza em Curitiba e é responsável pela coordenação de todo o programa. 

Em meio aos desafios da educação a distância, estudantes reclamam de falta de auxílio pedagógico e social durante pandemia. A PRAE, por outro lado, busca desenvovler ações para mitigar as dificuldades. Entre elas está o plano de empréstimo de laptops foi ampliado e um programa de oferecimento de chips de dados móveis foi implementado. A pró-reitoria é responsável por todo o corpo estudantil da Universidade, por isso a demanda é alta. Contudo, os profissionais garantem que fazem o que podem para atender os alunos da melhor forma.

O relato de Mariana Souza, estudante de Jornalismo da UFPR e beneficiária do PROBEM, revela um sentimento compartilhado pelos alunos que dependem dos auxílios para permanecer na Universidade. 

De acordo com o coordenador de assistência estudantil da PRAE, Fernando Sureck Leal, são 4 mil estudantes contemplados com bolsas em todos os campi da Universidade. Mariana sente que o período entre a publicação do edital e o resultado final é o pior: “Nos sentimos um pouco à deriva.” Segundo ela, esse sentimento é universal, considerando a importância das bolsas.

Para Alessandra Maria Reis, estudante da UFPR desde 2015, os auxílios permanência, refeição e moradia foram fundamentais para que ela continuasse estudando. Mais tarde, quando decidiu trocar de curso (de Engenharia Florestal para Agronomia), a PRAE garantiu que seus auxílios não fossem suspensos: “Quando troquei de curso, consegui não perder os auxílios. Eu fiz o Provar, por isso foi possível. Quando eu fiz a prova, a PRAE conseguiu fazer essa troca, mas quando é por vestibular não tem como”.

O Provar é uma prova realizada pelos alunos interessados em trocar de curso dentro da instituição. Como o aluno já foi aprovado pelo vestibular, ele é avaliado a partir de questões específicas sobre o curso que pretende cursar.

Desde novembro de 2020, Mariana e Alessandra foram contempladas com um chip de dados móveis para acompanharem as aulas remotamente. Durante a suspensão das atividades presenciais, a PRAE também passou a trabalhar remotamente. Antes, o contato com a pró-reitoria era realizado por telefone ou pessoalmente. Agora, a comunicação é exclusivamente por e-mail. 

Alessandra conta que os problemas com a PRAE não são muito comuns. De acordo com a estudante eles são mais exigentes com quem não segue as recomendações a risca (Foto: Arquivo Pessoal)

Para Mariana, essa mudança destacou uma limitação comunicacional já existente: “A dificuldade com a PRAE existe quando há algum problema com a sua bolsa e você precisa de outra informação. Eu acho difícil a comunicação com eles.” Ela destaca: “Para se inscrever no auxílio, descobrir e entender melhor como funciona, é fácil encontrar as informações”. Segundo ela, os editais são claros, a dificuldade está na resolução dos problemas. Os alunos precisam ser insistentes e se não sabem como fazer isso, ficam sem as informações que precisam. 

Novos estudantes

Para os recém-chegados na instituição, o contato com a organização é mais direto, por meio de palestras na semana do calouro de cada departamento. O calouro de Jornalismo Eric Rodrigues de Lima considera a apresentação importante e completa: “Eles apresentaram todos os programas e deram oportunidades para tirar dúvidas.” Mesmo assim, para Eric, o diálogo com os veteranos que já utilizam os benefícios foi esclarecedor, uma vez que o edital do PROBEM inclui as inscrições para todos os auxílios. Eric se confundiu por causa da quantidade de informações e perdeu o prazo para o envio da documentação. 

Eric descreve o atendimento da PRAE como “Muito mais do que humanizado”. Segundo ele, durante a apresentação na semana do calouro, setor reforçou importância dos alunos irem atrás de direitos (Foto: Arquivo Pessoal

A PRAE coordena também a Unidade de Atendimento Psicossocial (UAPS), responsável por acolhimento psicológico e atendimento pedagógico. Mariana imaginava que a consulta pudesse abranger tópicos gerais de sua vida, mas se decepcionou: “Eu procurei os psicólogos da PRAE, mas eles só atendem quando são questões relacionadas à faculdade. A minha questão não era com a faculdade. Eu tinha problemas familiares, então a psicóloga virou para mim e falou que eu nunca tinha estado melhor. Eu fiquei sem entender, porque eu estava ótima na faculdade, mas e na vida? Eu detestei e falei que nunca mais ia na psicóloga da PRAE”. 

A chefe da Unidade de Atendimento Psicossocial da PRAE, Gabriela Reyes, esclarece que o serviço oferecido não se trata de psicoterapia. Na realidade, é um direcionamento psicopedagógico que já incluiu rodas de conversa, como fala Alessandra: “Eles faziam rodas de conversa com a galera até 2020, só que precisava de uma capacitação das pessoas da PRAE”. O projeto continua de forma remota durante a pandemia. Outras sugestões dos alunos, com o intuito de superar essas dificuldades, são atendimento por WhatsApp e postagens nas redes sociais, destacando os principais pontos dos editais.

Bruna Eduarda Rudnick
Estudante de Jornalismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR)
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