A greve das universidades estaduais do Paraná completa nesta segunda-fera (5) três semanas de duração. A paralisação foi aderida pela Universidade Estadual do Paraná (Unespar), Londrina (UEL), Norte do Paraná (UENP), Ponta Grossa (UEPG), Maringá (UEM), Oeste do Paraná (Unioeste) e Centro-Oeste (Unicentro). A motivação foi o anúncio do governador Ratinho Júnior (PSD) de um reajuste geral de 5,79%, o que gera uma defasagem salarial de 42%, de acordo com os sindicatos da categoria. Mais de 80 mil estudantes são afetados.
A reposição do valor é relacionada à data-base, instrumento legal que tem como objetivo evitar a defasagem salarial do trabalhador. Sem o cumprimento da lei, o desempenho profissional dos professores é afetado negativamente, por conta da diminuição do poder de compra destes profissionais.
De acordo com o Sindicato dos Docentes da Unicentro (Adunicentro), não houve tentativa de negociação com as organizações sindicais por parte do governo do Estado. “Não restou alternativa a não ser a deflagração da greve em todas as universidades estaduais do Paraná, como ocorre neste momento. Gostaríamos de não ter que fazer greve, mas o governo nos empurrou à greve”, comunicou o Adunicentro.
A Secretaria de Estado e Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti) afirmou, em nota, que está discutindo as pautas apresentadas pelos professores, funcionários e lideranças sindicais, mas que acredita que a greve é “precipitada e pode prejudicar o diálogo”.
Serviços comunitários, como Hospitais Universitários (HU), estão mantidos. Os representantes das instituições afirmam que é necessária a consulta dos setores acadêmicos em relação ao funcionamento de outros órgãos, como os Restaurantes Universitários (RUs) e bibliotecas.
Organização
Na tarde da última terça-feira (30), ocorreu uma manifestação unificada em frente à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). O ato contou com a participação de representantes de diferentes campi das universidades e pediu pelo fim do sucateamento das universidades estaduais.
Além dos protestos, outras ocupações são tomadas na situação das greves. “Temos atividades todos os dias no campus de Apucarana. Cada dia debatemos uma temática diferente relacionada à atual situação da educação em nosso estado. Também estão ocorrendo atividades entre os sindicatos das instituições, ou seja, do coletivo das sete universidades estaduais que estão em greve”, afirma a professora da Unespar Christina dos Santos.
As atividades de greve são divulgadas nas redes sociais e canais de informação dos sindicatos e representantes dos alunos das universidades.
Situação de cada universidade
Unioeste
A Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) iniciou a greve no dia 15 de maio e teve adesão de até 80% do campus.
De acordo com o sindicato da instituição, maio é o mês de data-base, período máximo para a correção salarial, a qual não foi cumprida pelo governo do Paraná. Um aumento de 20% do adicional de titulação é cobrado, sendo variado de acordo com os níveis de docência:
- 100% para doutores;
- 75% para mestres; e
- 45% para especialistas.
Além disso, o plano propõe auxílio-alimentação de R$600 e aumento no vencimento básico, considerando o piso do magistério, reitera Sabrina Grassiolli, presidente do Sindicato de Docentes da Unioeste (Adunioeste). A proposta foi desenvolvida com a Superintendência-Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e está parada na Secretaria de Estado da Fazenda.
UENP
A administração da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) alega o respeito à “manifestação das e dos docentes e reconhece o trabalho essencial no processo educacional e desenvolvimento acadêmico da Universidade. Também reconhece a greve como direito assegurado e instrumento legítimo de reivindicação por melhores condições de trabalho”.
Os representantes da instituição também informaram que as atividades administrativas permanecem em movimento, assim como as atividades de ensino, pesquisa e extensão. A suspensão do Calendário Acadêmico será discutida no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe).
UEL
Os professores da Universidade Estadual de Londrina (UEL) entraram em greve no dia 8 de maio. Na sexta-feira (22), em reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), as aulas dos cursos de graduação foram suspensas.
O calendário de pós-graduação stricto (mestrado e doutorado) e lato sensu (especialização e residência) foi mantido, assim como as atividades de mobilidade estudantil nacional e internacional e os serviços prestados pelo Escritório de Aplicação de Assuntos Jurídicos (EAAJ), dos estudantes de Direito.
A universidade ainda pontuou que a greve afeta apenas a parte acadêmica, não incluindo outros setores.
UEPG
Na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), as atividades letivas estão suspensas por tempo indeterminado. A deliberação foi tomada durante a Assembleia Geral organizada pela Seção Sindical dos Docentes da UEPG (Sinduepg), no dia 10 de maio, por decisão unânime.
Unespar
A Universidade Estadual do Paraná (Unespar) aprovou a greve com 218 votos favoráveis, 39 votos contra e 17 abstenções. No total, a paralisação teve apoio de 80% dos docentes.
UEM
A Reitoria da Universidade Estadual de Maringá (UEM) expressou, em nota, “o seu respeito ao direito constitucional da greve e a sua solidariedade ao movimento, reconhecendo a importância deste instrumento legal e justo, envolvendo reivindicações de melhores condições salariais e de trabalho da categoria docente que deflagrou a greve”.
A instituição também informou que o funcionamento dos serviços essenciais, como Hospital Universitário (HUM), Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Hospital Veterinário, entre outros, continua ativo.
Unicentro
O Adunicentro, sindicato dos professores da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), afirmou que 193 professores votaram a favor da greve, que iniciou na segunda-feira (22). O calendário acadêmico da universidade, contudo, não foi suspenso.