“Imagine que um dia o muro será coletivo e várias pessoas se expressarão por meio dele”. Foi essa a proposta da primeira edição, em Curitiba, do Wallpeople, projeto de arte colaborativa que surgiu em Barcelona, Espanha, em 2009, e desde então ocorre anualmente em dezenas de cidades ao redor do mundo.
O evento ocorreu no último sábado (6), entre às 15h e às 17h30, em um muro pertencente a um estacionamento em frente ao Bar Fidel, na Rua Jaime Reis, bairro São Francisco. Nele, foram coladas com fita adesiva, pela organização, três histórias, com cerca de vinte palavras cada. A proposta era que os participantes do evento escrevessem suas próprias continuações para as histórias, em folhas de papel, e as colassem no muro.
O Wallpeople foi trazido à Curitiba pela professora de Ciências Sociais da UFPR, Ana Luisa Fayet Salla, que conheceu o projeto enquanto fazia pós-doutorado no México, em 2012. “Eu entrei em contato com eles (os organizadores do Wallpeople), falei que ia fazer a divulgação e me mandaram o material para que eu fizesse aqui, então fiquei de coordenadora local”, conta. “A proposta desse ano é cada cidade ter a mesma atividade, escrever histórias de rua, e aí depois vai virar um grande livro”.
Além de Curitiba, outras três cidades brasileiras participaram, no mesmo dia, dessa edição do Wallpeople: Rio de Janeiro, São Paulo e Fortaleza. A ideia é que os coordenadores de cada cidade enviem à organização do projeto as transcrições dos textos escritos, que serão reunidos em uma coletânea e publicados.
Mais do que escrever histórias e expô-las no muro, os participantes do evento puderam aproveitar o sábado sem chuva para sentar, conversar e compartilhar suas próprias histórias de vida. “Eu estou achando bem divertido, porque as pessoas têm sentado, escrito coisas e de repente surgem outros assuntos sobre os quais elas conversam”, diz Eduarda Guimarães, formada em química e que recentemente abriu um Hostel. “Elas não estão simplesmente colando na parede. Está indo além, e isso está sendo bacana”.
Débora Cancela, que já participou de outras intervenções urbanas, como o Instituto Nova Oikos, em Camboriú, conta que achou o evento lindo: “Eu acho que a gente precisa de mais pessoas que tenham iniciativas como essa”.
Segundo Ana Luisa, não há planos para o que acontecerá com os textos colados no muro, devido à ideia de “momento” do projeto Wallpeople, e a preservação deles dependerá do interesse dos comerciantes locais.