Lançado no dia 20 de setembro de 2021 pelo governo do Paraná, em parceria com a iniciativa Tropical Water Research Alliance, o NAPI Águas (Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação) atualmente já engloba quase todas as instituições de ensino superior do Paraná.
O projeto funciona como uma ferramenta que pretende integrar uma rede de pesquisa e conectar profissionais de diferentes locais do Paraná. Além disso, possui objetivo de focalizar a inovação como grande elemento transformador do estado na busca de avanços sociais, econômicos e humanos.
O NAPI surge num contexto em que os dados sobre a crise hídrica no Paraná preocupam especialistas: em agosto, por exemplo, os níveis dos reservatórios da região de Curitiba chegaram a 49,7%. Atualmente, a cidade precisa passar por um rodízio de água. De acordo com o Sistema de Tecnologia e Monitoramento ambiental do estado, o mês de abril de 2021 foi o mais seco em 23 anos em diversas cidades paranaenses, tais como Londrina, Maringá e Cascavel.
Ação ambiental
Ao todo, já são cerca de 100 pesquisadores que aderiram ao projeto, e a tendência é que esse número cresça ao longo do tempo — especialmente entre pesquisadores de universidades federais, estaduais e privadas, mas também de institutos de pesquisa.
A intenção é agregar pesquisadores, integrar projetos e promover uma integração maior, especialmente entre os pesquisadores do Paraná, através de um sistema lançado pela Fundação Araucária, chamado IAraucária. A aplicação funciona de maneira similar ao Currículo Lattes, onde são disponibilizadas informações sobre todos os pesquisadores, como seus currículos. Existe a possibilidade de fazer buscas neste sistema em relação à critérios de seleção, para fomentar parcerias e iniciativas: neste caso, voltadas aos recursos hídricos.
Para Yara Moretto, professora do Setor Palotina da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenadora do NAPI Águas, o projeto parte da necessidade de conciliar a ciência com os interesses da população.
“O NAPI Águas é um projeto que visa o bem social e a solução de problemas, unindo necessidades da sociedade com aspectos técnicos relacionados à pesquisa e inovação que possam ser utilizados e fomentados pelo governo do estado, pensando no benefício comum”, disse a pesquisadora.
Planos futuros
Neste momento, o NAPI Águas trabalha em um projeto para o desenvolvimento de iniciativa que trabalhe a importância dos cuidados com os recursos hídricos, especialmente no contexto das mudanças climáticas e de crise hídrica do Paraná.
políticas públicas estabelecidas com base no contexto do ensino e da pesquisa sempre vão gerar bons resultados.
Yara Moretto, coordenadora do NAPI Águas
A ação foi divulgada junto com o lançamento do projeto, e vai agregar várias instituições de ensino do Paraná. Além de institutos, foram feitas parcerias com a Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná), o Parque Tecnológico de Itaipu e o Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná).
Com base na atuação do NAPI, será construído um banco de dados ambiental para o Paraná. A proposta é agregar informações que sejam disponíveis para todos os pesquisadores, bem como trabalhar com indicadores de vulnerabilidade e exposição aos efeitos das mudanças climáticas, de forma que esses resultados possam ser usados para políticas públicas sobre uso e reuso da água.
Assim, o projeto vai reunir informações de quatro setores, a fim de trazer para a comunidade acadêmica e externa, além do poder público, informações de pesquisa com base em levantamentos temporais, com objetivo de expor onde existe mais vulnerabilidade associados às mudanças climáticas. Os resultados indicarão a melhor maneira de tomar decisões, pensando no bem estar da sociedade paranaense.
O NAPI recebeu financiamento de aproximadamente R$ 860 mil do governo do estado, via Fundação Araucária. A execução ainda aguarda os aspectos jurídicos das instituições, sendo que o planejamento conta com o começo em fevereiro de 2022.
Para Yara, é importante que a rede se torne cada vez mais forte, e que possa fomentar ainda mais projetos: “Pensando no contexto da água, que é um recurso extremamente importante e limitado, precisamos de cada vez mais fomento e pesquisas para sua preservação. Todas as ações de pesquisa para as quais este grupo do NAPI está aberto, faz com que possamos ter excelentes oportunidades de mais projetos e mais financiamentos”.