qui 21 nov 2024
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Representatividade LGBTQIA+ traz cores aos palcos do Festival de Curitiba

Participação da comunidade LGBT nos espetáculos leva ao público reflexões sobre amor, aceitação, sofrimento e desigualdades

Curitiba viveu duas semanas intensas em cima dos palcos. Entre os dias 25 de março e 7 de abril, a capital paranaense recebeu a 32ª edição do Festival de Curitiba. Este é o maior evento teatral da América Latina, atraindo um público de mais de 200 mil pessoas a cada ano.

Conhecido por abordar a diversidade, o Festival cumpre a função artística de levantar temas relevantes para a discussão na sociedade. Entre essas questões, a representatividade LGBTQIA+ ganha cada vez mais espaço, refletindo uma busca por inclusão e visibilidade para as diferentes identidades de gênero e orientações sexuais. Contudo, entre os 320 espetáculos que compõem a programação da edição do Festival de Curitiba 2024, apenas nove (2,8%) das temáticas abordadas são abertamente LGBTQIA+.

ARTE, HUMOR E RESISTÊNCIA

Entre os espetáculos inclusivos para a comunidade LGBT está o stand up “LGBTQueria+”, uma noite de celebração da diversidade através do humor. O humorista mato-grossense e diretor do show, Claudio Gasques, defende o papel da diversidade sexual no stand up. “A gente joga luz nos assuntos, faz você pensar enquanto dá risada. É muito importante a gente ter esse espaço, essa representatividade, e estar ocupando cada vez mais onde só heterossexuais estavam”,  diz o humorista.

A drag queen Tina Tomeh se apresenta no stand up LGBTQueria+ | Crédito: Milena Hable

Neste ano, a programação relacionada a temáticas LGBTQIA+ conta principalmente com peças que celebram o amor e a aceitação e que confrontam preconceitos e desigualdades. Nesse sentido, o festival oferece um panorama multifacetado das experiências LGBTs. 

ANIQUILAÇÃO 

De acordo com dado levantado pelo pelo Grupo Gay da Bahia, mais antiga associação de defesa dos direitos LGBT em atividade no Brasil, o País registrou 257 mortes violentas de pessoas LGBTQIA+ em 2023. Este número mantém o país no posto de mais homo e transfóbico do mundo. Entre os espetáculos que permeiam as sobrevivências da comunidade LGBT no Brasil, está a peça Aniquilação. Essa produção é obra do Grupo Humanidade, uma parceria entre o Teatro Cena Hum e o Grupo Dignidade, que surgiu como forma de aproximar ao teatro as pessoas LGBTs em situações vulneráveis.

Na mostra Fringe do Festival de Curitiba, o espetáculo Aniquilação conta as histórias de resistência da população LGBTQIA+ no Brasil | Crédito: Flávia Cé Steil

O roteiro nasce a partir da adaptação do livro Tentativas de Aniquilamento de subjetividade LGBTI’s, do Conselho Federal de Psicologia (CFP), e de vivências pessoais do elenco. Assim como o livro, a peça apresenta um mosaico de histórias de pessoas lésbicas, gays, travestis, transexuais e intersexuais, construindo narrativas de sofrimento e resistência. Além de representação, este espetáculo reflete sobre as tentativas de aniquilação que os membros da comunidade enfrentam ao se mostrarem para a sociedade.

A atriz do elenco, Kimberlly Bey, comenta: “Tanto no Festival como em qualquer lugar, tem que existir representatividade LGBT. Estamos em uma época que, apesar das coisas estarem melhorando, falta muito para que todo mundo viva em uma sociedade justa, para que nós tenhamos o mesmo direito de sair na rua sem ter medo de morrer.” Para Kimberlly, Aniquilação mostra que “o preconceito não leva a lugar nenhum”.

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