qui 21 nov 2024
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UFPR leva moradores da Vila Zumbi à Cinemateca de Curitiba

Curtas produzidos por projetos de extensão da universidade sobre a Vila Zumbi dos Palmares foram exibidos aos moradores em sessão exclusiva

Curtas produzidos por projetos de extensão da universidade sobre a Vila Zumbi dos Palmares foram exibidos aos moradores em sessão exclusiva

Na quarta-feira, 08 de novembro, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) realizou o lançamento de dois documentários na Cinemateca de Curitiba. Com foco na memória dos primeiros moradores da Vila Zumbi dos Palmares, em Colombo-PR, os curta-metragens foram exibidos em uma sessão exclusiva para moradores, estudantes e professores que fazem parte da vila, entre outros convidados que se relacionam com o local e com as produções. 

Cartaz de divulgação do curta documental “Memória Vila Zumbi”, produzido pela Agência Escola UFPR, exibido na Cinemateca de Curitiba. Crédito: Agência Escola UFPR

Para uma das presentes, Neide Pereira Gusmão (73), essa oportunidade simbolizou seu retorno a uma sala de cinema em mais de seis décadas. Moradora da Vila Zumbi dos Palmares há quase 30 anos, ela conta que a única vez que assistiu a um filme nas telonas foi quando criança, na década de 1960. 

Vinda de São Paulo, a personagem chegou à ocupação em Colombo no início dos anos 1990. Emocionada, relembra outros tempos, quando a vila era conhecida por seus altos índices de violência e os moradores sofriam com a falta de estrutura básica para moradia. “No começo, eu tinha vergonha de dizer que morava na Vila Zumbi, as patroas não gostavam de contratar quem morava na vila”, conta, recordando da dificuldade em conseguir trabalhos como diarista por conta do preconceito sofrido pelos moradores da vila.

Neide (à direita) acompanhada de sua amiga Ana Pereira, no ônibus da UFPR a caminho da Cinemateca. Crédito: Flávia Cé Steli

Para a professora Claudinéia de Barros, que acompanhou os estudantes do Colégio Estadual Zumbi dos Palmares à Cinemateca, esse evento é uma oportunidade para mostrar aos mais jovens a história de luta e resistência dessas pessoas pelo direito à moradia. “Ao conhecer essa questão cultural, parece que eles aprendem a valorizar mais o que têm. A partir do momento que eles conhecem essa história, principalmente a luta, valorizam mais a sociedade, a escola e a família, resgatando o sentimento de pertencimento e identidade”, afirma.

Os documentários

Os documentários exibidos, “Memória Vila Zumbi” e “Memórias de Luta – Vila Zumbi dos Palmares”, foram produzidos por projetos de extensão da UFPR. O primeiro faz parte da série documental “UFPR na sua Vida”, que divulga os impactos das atividades acadêmicas extensionistas fora dos muros da  universidade. Idealizado pela Agência Escola de Comunicação Pública e Divulgação Científica (AE), do Setor de Artes, Comunicação e Design da UFPR (Sacod), o curta documental remonta a história da ocupação da vila até encontrar o tempo presente, sempre na visão dos próprios moradores da comunidade.

“Foi um processo de observação e revelação dos protagonistas, colaborando para mostrar a forma como a vila e os projetos de extensão caminham”, explica um dos diretores do documentário da AE, Thiago Bezerra Benites.

O segundo documentário exibido, “Memórias de Luta – Vila Zumbi dos Palmares”, é um dos produtos desenvolvidos pelo Programa de Desenvolvimento Urbano e Regional: direitos sociais, inovação e disseminação de memórias de luta na Vila Zumbi dos Palmares (PDUR), do Departamento de Sociologia da UFPR. Nele, as histórias de superação e dor da vila são visitadas na perspectiva dos fundadores do local. 

A vila

Surgida em 1991, a Vila Zumbi dos Palmares se formou à margem da BR-116, pela ocupação de terrenos em Colombo, na região metropolitana de Curitiba. O seu nome surgiu a partir da comparação entre a luta de Zumbi dos Palmares pela liberdade das pessoas negras à luta pelo direito à moradia. 

Em 2005, o espaço se tornou parte de um projeto de urbanização das favelas no Paraná e recebeu investimentos de cerca de 20 milhões de reais do governo estadual para obras de saneamento, urbanização e regularização fundiária. As famílias que viviam em áreas de risco foram realocadas e houve reformas para melhorar as condições sanitárias das famílias. Apesar da intervenção do poder público, grande parte das ações realizadas na vila foram, historicamente, promovidas pela própria comunidade, envolvendo moradores e instituições sociais locais.

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