sáb 20 abr 2024
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Competições esportivas do Paraná apresentam dados imprecisos e dificuldades operacionais

Falta de dados, gastos desproporcionais e condições precárias podem ser encontrados em eventos como os jogos escolares, abertos e universitários

Eventos esportivos estaduais, como os Jogos Escolares do Paraná (Jeps), os Jogos Abertos do Paraná (Japs) e os Jogos Universitários do Paraná (Jups), não apresentam dados precisos no Portal da Transparência do estado. Os últimos dados sobre o Jeps datam de 2015, do Jups, de 2016 e do Japs, de 2017. Além da falta de transparência sobre a destinação de recursos dos eventos, o gasto por participante difere muito em algumas ocasiões entre as edições. 

É o caso, por exemplo, de um investimento para a cidade de Maringá no Jups em 2016, com valor de mais de R$ 130 mil. Para atender um número maior de pessoas, em outra ocasião, em Curitiba, foi utilizado um pouco mais de R$ 25 mil. Isso representa um gasto por pessoa mais de cinco vezes maior na primeira ocasião. Isso poderia ser justificado por uma maior aquisição de prêmios, porém o número de premiações supera o número de indivíduos atendidos pela competição.

Segundo o coordenador de Esportes de Rendimento do Instituto Paranaense de Ciência do Esporte (IPCE), Emerson Venturini, o investimento desses projetos é baseado na Lei Orçamentária Anual, planejamento de gastos anual dos municípios. Ele explica que a definição do orçamento leva em consideração a média de gastos de no mínimo cinco anos. De acordo com ele, os dados citados apresentam inconsistências. “Os Jogos Universitários do Paraná de 2016 não foram realizados em Maringá e, sim, em Ponta Grossa. Existe um equívoco nessa informação. Não temos Jogos Universitários do Paraná em Curitiba há muito tempo”, completa.

Outra questão encontrada nessas competições é a situação precária em que são submetidos os competidores. É o que afirma Thaiane Lago Rovani, de 28 anos, que já participou de três edições dos Jogos Universitários. “Às vezes, nem todos os banheiros são aquecidos. Geralmente, as pessoas fazem filas de horas de espera para conseguir tomar banho nos chuveiros que esquentam”, conta. Ela ressalta que também acontecem entupimentos de ralo e patentes devido ao alto fluxo de utilização.

As condições de estadia também não são ideais, já que, segundo a atleta, os alojamentos são salas de aula. Sobre a segurança, ela ressalta que, “como todos estão passíveis de lesões durante a competição, a ausência do Samu nos locais sempre foi um ponto fraco no JUPs”. Além disso, relata que em diversos momentos, atletas passaram horas aguardando que o atendimento chegasse aos ginásios. Isso, segundo a atleta, pode desgastar quem se lesionou, causar atraso na tabela de jogos e insatisfação nos participantes. 

Julia Augustini Hansual, de 19 anos, também participante dos Jogos Escolares, conta sobre problemas durante o evento: “Uma vez fomos filmadas no banheiro por garotos que frequentavam o mesmo espaço. Outra vez não tinha água para tomar banho”. Ela ressalta que, apesar disso, teve uma boa experiência e considerou a competição bem organizada. “Quando íamos fazer as refeições, sempre tinha comida, era gostosa e o ambiente limpo. Depois tinham brincadeiras, jogos, dança, distribuição de camisetas”.

O presidente da Federação Paranaense de Desportos Universitários, Ney De Lucca Mecking, ressalta, em documento oficial, a importância desses eventos, responsáveis por permitir que os “atletas possam, além de galgar etapas em suas carreiras esportivas que levam o nome das Instituições de Ensino, adquirir conhecimentos acadêmicos que lhes darão condição para futuras intervenções profissionais como cidadãos conscientes das suas responsabilidades. 

Julia explica que a competição teve um papel relevante na vida dela. “Essa participação em equipes esportivas competitivas durante o período acadêmico colabora para muitos fatores: a vivência do trabalho em equipe; o trabalho conjunto com objetivo em comum; a prática de atividade física e a criação de laços de amizade e rede de contatos”, conta.

Segundo o artigo A importância dos jogos esportivos no contexto escolar, de Douglas Elias de Jesus Freitas, a atividade esportiva escolar pode trazer diversos benefícios na formação do aluno, como “cognição, cooperação, convivência, inclusão, respeito às limitações, aprendizagem com os erros e frustrações”. Levando em consideração a relevância da atividade, é preciso seriedade na administração e planejamento do evento. Os problemas no evento “afetam diretamente os atletas”, como avalia Thaiane.

”A participação em equipes esportivas competitivas durante o período acadêmico colabora para muitos fatores”, conta a atleta Thaiane Lago Rovani/ Foto: Distribuição. Disponível em: http://www.jogosescolares.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=132179&evento=7939

Dados disponibilizados no Portal da Transparência do Paraná. Confira as bases de dados utilizadas na reportagem:

Chananda Buss
Estudante de Jornalismo na UFPR
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