Segundo dados publicados no começo do mês de março pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de famílias que estão endividadas alcançou 76,6%. O número significa um aumento de quase dez pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado.
A vigilante Marcia de Holanda, de 39 anos, está nessas estatísticas. Apontada como a principal causa de endividamento, o cartão de crédito se tornou um problema para ela. De acordo com a vigilante, o impacto é muito ruim: “Eu não consigo ter outros cartões, o que me faz muita falta, pois eu tenho veículo e, às vezes, acontece uma coisa ou outra e tenho que pedir para os outros ou ter o dinheiro [em papel]”, conta.
A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) é feita desde 2010, em todas as capitais do país e no Distrito Federal. Além do grande aumento na porcentagem de endividados, a pesquisa ainda mostra que 10,5% das famílias entrevistadas declararam que não conseguem pagar suas dívidas e vão permanecer inadimplentes.
Existe uma diferença entre endividado e inadimplência. Enquanto o endividamento se refere aos compromissos financeiros em aberto, a inadimplência se refere àqueles que não conseguiram honrar suas dívidas no prazo determinado.
De acordo com o economista e professor do Departamento de Economia (Depecon) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Junior Ruiz Garcia, a principal causa desse cenário é o sistema no qual o Brasil está inserido. De acordo com ele, não há uma perspectiva de melhora porque a lógica de organização do sistema econômico é caracterizada pelo endividamento: “Sem uma mudança estrutural no sistema e que ele não seja mais pautado no endividamento, a tendência é que essas instabilidades continuem”, diz.
O economista ainda afirma que a educação financeira, defendida amplamente, não é um fator de peso para esse cenário. O especialista ressalta que antes de ser pensar em medidas que eduquem financeiramente as pessoas, é preciso que haja uma melhora social: “Como nós temos uma sociedade muito desigual, é difícil para a maior parte dela ter educação financeira”, ressalta.
Já para o economista Fabiano Abranches Silva Dalto, também do Depecon, o problema é estrutural e vem da grande taxa de desemprego. Para ele, o problema também é conjuntural, já que a porcentagem de endividados no Brasil está atrelada ao desemprego juntamente com outros fatores, como a inflação, a taxa de juros e outras questões socioeconômicas: “O problema central do endividamento é a perda de renda dos trabalhadores, que está atrelada ao índice de desemprego, a precarização do trabalho e a falta de crescimento dos salários”, afirma.
Estou endividado, o que faço?
Para tentar contornar o contexto de endividamento, há algumas iniciativas que buscam ajudar esse público a pagar as contas. Uma delas é o feirão de renegociação da Serasa, que ocorre até o dia 31 de março. O feirão é totalmente online e as dívidas podem ser renegociadas de forma rápida.
Os descontos podem chegar até 99%, com condições exclusivas que não se repetem durante o ano. Os fatores que fazem com que a dívida diminua depende de três fatores: tipo de dívida, o tempo dela e qual é a instituição para a qual está devendo.
Esse é o primeiro feirão 100% digital do Serasa. Em 2020, no começo da pandemia, a instituição realizou um presencial, mas as condições sanitárias do momento fizeram com que ele fosse transferido para o meio digital. Para quem não tem acesso à internet ou sente alguma dificuldade em utilizar os meios tecnológicos, é possível ir a uma agência dos Correios para efetuar a consulta e fazer a renegociação. O custo para a consulta é de R$ 3,60.
De acordo com Thiago Henrique Ramos, especialista da Serasa, alguns tipos de endividamento são mais comuns do que outros. Dentre todas as dívidas que aparecem, as de cartão de crédito e empréstimo são as mais comuns (28%), seguidas pelas contas do dia a dia, como água e luz (23%) e compras no varejo (12%).
O perfil das pessoas que procuram a Serasa, explica o especialista, é composto majoritariamente por homens (50,2%) que se encontram na faixa etária entre 26 e 60 anos. Uma característica importante é que o grupo que pertence a essas idades faz parte da População Economicamente Ativa (PEA) e que compõe 70% dos inadimplentes.
Até a última segunda-feira (28), 2,5 milhões de acordos foram feitos, com um total de descontos de R$ 4.5 bilhões. A região Sudeste foi a que teve mais acordos fechados, com 1,29 milhão, seguida da região Nordeste e Sul, com 486 mil e 296 mil renegociações feitas, respectivamente.
Serviço
Para mais informações sobre o feirão e como as renegociações podem ser feitas, ligue no número 0800 591 1222 ou converse via Whatsapp pelo número (11) 99575-2096.