Os smartphones vêm conquistando um grande número de adeptos no mercado internacional. No Brasil, esses celulares representam cerca de 30% do total de aparelhos em uso. Uma pesquisa feita pelo Ibope e pela Worldwide Independent Network of Market Research (WIN) no início de 2013 indica que, comparado com a média mundial, o brasileiro é quem gasta mais tempo utilizando o smartphone.
Pelo fato de serem considerados computadores de bolso, o uso cada vez mais frequente também faz com que aplicativos desenvolvidos para a plataforma tenham muitos usuários. Exemplos disso são o WhatsApp, com cerca de 460 milhões de usuários no mundo, e o Viber, com cerca de 400 milhões.
A dependência do uso desses aplicativos mostra-se em grande evidência. A dona de casa Flávia Marioti Ribeiro é usuária do WhatsApp desde novembro. Para ela, ficou difícil viver sem o aplicativo. “Uso ele para conversar com meus amigos sem precisar gastar tantos créditos”, conta.
Já o estudante de Psicologia da UFPR Giulio Codutti usa tanto o Viber como o WhatsApp, mas também prefere o segundo. “Ele tem um número maior de usuários. Se não fosse por isso, usaria mais o Viber. Ele permite ligações gratuitas, é um grande diferencial”, explica.
A guerra entre os dois aplicativos começou com o anúncio de que o WhatsApp iria permitir chamadas de voz gratuitas entre seus usuários. Essa função está presente no Viber desde seu lançamento. Como uma forma de contra-atacar e não perder usuários, o segundo decidiu liberar ligações para linhas fixas brasileiras.
Enquanto o número de usuários do aplicativo Viber cresce, muito se especula sobre um possível contra-ataque de seu concorrente. A única certeza que existe é a respeito das operadoras de telefonia móvel. Com o crescimento do número de usuários de aplicativos mensageiros, a receita que provém do serviço de mensagens SMS vem reduzindo de forma drástica.
Desenvolvimento independente
O estudante de Engenharia Civil da UFPR Rodrigo Chin desenvolveu o aplicativo “Curitiba ônibus” para aparelhos com sistema Windows Phone. Criado para atender a necessidade de seu desenvolvedor de ter acesso fácil aos horários e itinerários de ônibus, hoje está na segunda versão. “Levei cerca de oito meses para finalizá-lo. Tive de me aprofundar em programação e conciliar com a faculdade, foi um processo muito lento”, afirma Chin.
Apesar de ser um aplicativo pago, o preço cobrado por ele é, segundo o estudante, simbólico. “O valor é apenas uma forma de compensar os oito meses de trabalho. Sugeriram-me usar o aplicativo como meu Trabalho de Conclusão de Curso. Não acho uma má ideia”, conta.
O aplicativo “Curitiba ônibus” pode ser conferido aqui.
Já a equipe formada pelos alunos de Design Gráfico da UFPR Fernanda Wojcik, Guilherme Appolinário e Rafaella Raboni desenvolveu o projeto “Quero Isso”. O conceito do aplicativo é a venda e compra de usados, com a proposta de atender as revindicações dos usuários. “Fizemos pesquisas com usuários de sites de venda similares. As reclamações mais frequentes eram a demora e a insegurança do processo”, conta Raboni.
Por enquanto, o projeto de aplicativo ainda não saiu do papel. “Não temos o know-how para tirá-lo do papel, e nenhum interessado nos procurou até agora”, lamenta Raboni.
Imagens demonstrativas do projeto “Quero Isso” podem ser conferidas aqui.
Realidade empresarial
Embora o número de iniciativas sem fins lucrativos seja grande no mundo dos smartphones, o mercado que existe por trás de aplicativos comerciais tem se mostrado muito rentável. A recente compra do WhatsApp por US$ 19 bilhões pelo Facebook, e do Viber por US$ 900 milhões pela empresa japonesa Rakuten ilustram bem este quadro.
Pensando nessa possibilidade, há empresas sendo criadas para também conseguirem uma porcentagem deste lucrativo mercado. São as chamadas startups: empresas que começam com pouco investimento, visando o desenvolvimento de aplicativos para smartphones.
O Centro Internacional de Inovação do Senai visa ajudar a consolidar empresas que atendem este novo perfil. Congregando pesquisadores, técnicos e gestores de projeto do Sistema Fiep, a ideia é prover um ambiente ideal para a incubação.
O diretor executivo do Centro Internacional de Inovação do Senai Filipe Miguel Cassapo conta que o foco está no empreendedorismo e no incentivo para o capital inovador. “Com a apresentação para parceiros, quatro startups estão incubadas de forma direta. Há mais duas ainda, de forma indireta”, afirma.
Um dos concursos promovidos pelo centro é o Desafio Senai de Inovação. Feito para reconhecer ideias inovadoras e incentivar a cultura do empreendedorismo, é também uma forma de propiciar aos vencedores a oportunidade de apresentar suas ideias para investidores.
Em 2012, a startup de inteligência educacional “Já Entendi” ficou em terceiro lugar no concurso. No ano seguinte, foi um dos 10 projetos vencedores do Desafio Tecnologias que Transformam, promovido pela Fundação Telefônica Vivo. Atualmente, é um dos maiores casos de sucesso de uma empresa incubada pelo Senai.
A página da startup pode ser acessada aqui.