O Festival Drink Good Coffee, que se encerrou no último domingo (26), ofereceu mais de 20 opções de café, com preços que variavam de R$4 a R$21. A ideia do evento, segundo o organizador Edenilso Gavlak, era divulgar o consumo do café de qualidade e atrair um grande número de pessoas. “O nosso objetivo é popularizar a cultura do café especial, divulgar cafeterias que trabalhem somente com bebidas deste tipo e possuam profissionais qualificados para a extração de um bom café”, diz.
Uma curiosidade é que o evento não foi realizado em apenas um local, mas nas 18 cafeterias participantes. O proprietário de uma delas, a cafeteria Rause Café, João da Rosa Esmanhoto, 36, conta que o Festival Drink Good Cofee teve um balanço muito positivo. “Acho fantástico o trabalho que eles fizeram, principalmente porque não tiveram nenhum ganho financeiro com isso. Toda a renda de inscrições das cafeterias foi para produzir o material gráfico”, comenta. João acredita ainda que o festival ajudou a divulgar a cultura do café especial, aumentou o público consumidor e a popularização do produto.
Crescimento do consumo de cafés especiais
O aumento no consumo desses produtos está, de fato, ocorrendo. A associação brasileira de cafés especiais indica que a demanda pelos grãos especiais cresce em torno de 15% ao ano, principalmente no exterior, em relação ao crescimento de cerca de 2% do café commodity. “É uma questão de sabor mesmo. Quando a pessoa experimenta um café especial ela não quer mais tomar um tradicional”, explica Esmanhoto.
Os cafés especiais possuem um gosto mais adocicado, diferente do amargo do café comum, e também um número maior de técnicas e opções, como drinques alcoólicos, métodos de extração diferentes e bebidas frias. O barista Daniel Acosta Busch diz que, hoje, as pessoas estão em busca de uma maior qualidade nas bebidas. “Hoje as pessoas procuram muito mais o beber menos e beber melhor. Isso se aplica às cervejas premium e até aos hambúrgueres. Com os cafés especiais não é diferente”, opina.
Sobre a experiência de tomar um café especial, o consumidor Juliano André Lamur, 27 anos, ressalta que a diferença é muito clara. “O paladar é muito diferente. Quando você compara com um café normal de mercado, por mais que a pessoa seja leiga ela vai notar a grande diferença de qualidade”, afirma. “O processo de produção do café especial é muito diferente, o gosto adocicado do café de qualidade é sem igual”.
“Gourmetização”
Mas a busca por excesso de qualidade estaria ligada à recente “gourmetização” do mercado gastronômico? O termo é usado para definir uma revolução nos produtos comuns, e é visto com maus olhos pela maioria dos internautas e consumidores, que alegam que a moda apenas insere termos inúteis em um produto comum, como desculpa para cobrar mais caro.
Edenilso Gavlak diz que é contra essa visão de “gourmetização” do café. “Na verdade o intuito do festival é quebrar barreiras, dar acesso para todo mundo a um produto de qualidade”, explica o organizador. “Creio que as pessoas estão consumindo produtos de melhor qualidade, mas não por serem mais caros”, completa.