A proposta de atualização da rota do ligeirinho inter 2 prevê, entre outras mudanças, a implantação de um binário nas ruas Camões e Germano Mayer, no bairro Hugo Lange, em Curitiba. Com a obra, cada rua teria sentido único: uma para a passagem do sentido horário e outra para o sentido anti-horário da linha. Para isso, as duas vias devem ter adequações como alargamento de pista e mudanças na configuração de praças e jardinetes.
Segundo o coordenador de mobilidade urbana do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), Márcio Teixeira, o objetivo da obra é intervir no sistema viário da linha para que o tempo perdido em congestionamentos seja compensado. “Hoje, os ônibus formam ‘comboios’ por ficarem muito presos no trânsito. A ideia é intervir na malha viária para que o inter 2 consiga manter a regularidade entre os carros”, conta o coordenador.
As obras do binário “Camões-Germano Mayer” devem começar no segundo semestre de 2015, quando a licitação e o projeto deverão estar finalizados. A maior parte do orçamento para a implantação do projeto, R$ 79 milhões, virá dos cofres federais através do Plano de Mobilidade e Crescimento (PAC 2).
Impactos
Pensando nas implicações negativas da obra na região, o “Movimento Longa Vida ao Arquipélago de Camões” se articula para discutir a obra. Com “arquipélago” se referindo às praças da região e “Camões” ao nome da rua, o movimento contesta a decisão da prefeitura. “Há alternativas de rota para o inter 2 que causariam menos impacto na região e trariam a mesma diminuição de tempo ”, argumenta Dráuzio Almeida, membro do movimento.
A iniciativa visa impactar não somente aquela região, mas estimular que toda a estrutura da cidade seja repensada. “As alterações na estrutura da cidade prejudicam toda a estética urbana. Espaços urbanos, como praças, que possibilitam a convivência entre as pessoas devem ser mantidos”, defende Almeida. Para reforçar essa importância, o movimento têm organizado eventos culturais no local, para unir a população em torno da causa.
O membro do movimento ainda alerta que quatro praças e cerca de mil árvores deverão ser afetadas pela obra. O Ippuc, porém, diz que a Secretaria do Meio Ambiente já realizou uma vistoria no local e que a obra ocorrerá com o menor impacto possível. “A pista da Rua Camões será alargada em 2 metros para o lado em que há menos árvores e, nas praças, haverá uma compensação: elas vão ser revitalizadas e, em alguns casos, até aumentadas”, diz Teixeira.
Comerciantes
Os comerciantes da região reclamam da falta de repasse de informações sobre a obra. Cinthya Pedroso, vendedora na Rua Padre Germano Mayer, disse que não foi informada pela Prefeitura sobre o projeto e prevê prejuízos para o estabelecimento em que trabalha. “Não acredito que a obra seja viável pelo transtorno que ela causaria. Acho que eles deveriam consultar a população antes de planejar tudo isso”, diz.
O coordenador do Ippuc, entretanto, disse que reuniões com a população devem ser feitas até outubro e ressalta: “Antes de finalizarmos o projeto, vamos ouvir a população para fazer as adequações necessárias. Vamos respeitar as reivindicações da população local, como já fizemos em outras obras”.