qui 28 mar 2024
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Ombudsman: Sobre plágio e outros cuidados

A este ponto, creio que seja difícil que alguém da área de jornalismo ainda não saiba da comprovação da prática de plágio por parte da jornalista Joice Hasselmann. A decisão foi do Conselho de Ética do Sindicato dos Jornalistas do Paraná. Portanto, acho que não vale alongar a explicação e creio não ser necessário dizer o quão errado isso é. Mas, o que essa decisão traz para vocês, estudantes de jornalismo que escrevem para um jornal-laboratório? A minha resposta é: um chamado por responsabilidade.

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Ctrl C é o famoso atalho de cópia, Ctrl V é o atalho para colar (Foto: Lucas França)

Como bem pontou o Rogério Galindo em uma discussão em post no Facebook , atualmente a questão dos direitos autorais, onde o crime de plágio está previsto, envolve mais do que legislação, incluindo também uma espécie de etiqueta. Por mais que a reprodução do conteúdo seja permitida, citando a sua fonte, a referência ao conteúdo original se tornou indispensável, pois o mercado vive um contexto de intensa busca por tráfego e audiência. Então, sendo estritamente necessário, use o conteúdo do colega, citado de forma indireta, de preferência, e sempre credite e referencie (faça link) para o veículo em que ele trabalha.

Mesmo sem ainda estar madura, outra questão que surge com a massificação dos meios digitais é a das “licenças” de uso, sendo umas das mais comuns mundialmente a Creative Commons (CC). Esta ferramenta dá ao autor do conteúdo o poder de estabelecer as permissões de uso para seu material. Embora sirva também para textos, a CC é atualmente utilizada de forma mais abrangente em fotos, ao menos no Brasil.

E é justamente nas imagens que costumo ver as violações mais flagrantes de direitos autorais, mesmo em veículos consolidados. Na transição entre o impresso e o digital, alguns profissionais criaram a impressão de que conteúdo publicado na rede “não é de ninguém”. Com isso, é comum ver fotos, charges e ilustrações copiadas da internet e publicadas em reportagens e que, mesmo creditadas, não tiveram a devida permissão do autor.

É importante que os jornalistas atualmente em formação não repitam os mesmos erros e, desde já, se informem sobre as licenças de uso que permitem a livre publicação de imagens – claro, em nenhum caso sem o devido crédito. Há bancos públicos que disponibilizam fotos livres para publicação, como o Fotos Públicas, o Wikimedia Commons e a Agência Brasil. Portanto, não há desculpas para “apelar” ao Google Imagens.

Na dúvida, lembrem-se: se a imagem (ou texto) não está acompanhada(o) de uma licença explicita de uso gratuito, evite publica-la(lo) em sua reportagem ou material jornalístico. Não existe nada mais desagradável para um profissional do que ver seu conteúdo usado sem permissão e/ou remuneração.

Pitacos

– A matéria sobre a polêmica em torno das comunidades terapêuticas ficou incompleta. Qual o trâmite da regulamentação? Ela vale imediatamente ou ainda precisa passar por mais alguma aprovação, seja do Congresso ou ainda em âmbito executivo? Pelo que entendi, a regulamentação, por si só, não garante o financiamento público, mas e os R$ 137 milhões que são citados logo em seguida, são o que? Faltou amarrar melhor o texto. (Regulamentação de comunidades terapêuticas gera polêmica no debate de políticas sobre drogas, 18/06)

– Esse “empacotamento” do conteúdo do programa de rádio ficou mal feito. Não há link para a matéria (quem quiser acessar precisa copiar a URL e colá-la no navegador, ao invés de só dar um clique). Não foi separado o trecho do programa onde está a reportagem (o interessado teria que ouvir tudo até achar a história que tem interesse). No fim, para quem clicou, acabou sendo uma perda de tempo. (Paróquia de Curitiba dá aulas de português gratuitas a haitianos, 18/06)

– Interessante a experiência da crônica (só vejo como chamar disso) sobre elogios e sorrisos em Curitiba. No entanto, já destaquei que esse tipo de material (opinativo) deveria ter um empacotamento diferente que deixasse claro o seu cunho. Nós, jornalistas, conseguimos diferenciar bem. Mas, e o leitor? É com ele que temos que nos preocupar. (Elogios e sorrisos em uma Curitiba de cara amarrada, 21/06)

– O texto ficou legal. Mas, como ocorre frequentemente, o serviço falhou. E feio. Há previsão de o filme ser lançado comercialmente? Vai ser postado em alguma plataforma digital para acesso público? Vai passar em mais alguma sessão de cinema? Estará esta relíquia perdida para sempre? Pois é. Não temos respostas para nenhuma dessas perguntas. (O Olhar inédito de Glauber Rocha, 23/06)

 

Fabiano Klostermann é formado em Jornalismo pela UFPR. Começou sua carreira em 2006, cobrindo Esportes para a Gazeta do Povo, como freelancer. Em 2007, foi contratado pelo jornal O Estado do Paraná para atuar nas editorias de Cidades e Tecnologia. No mesmo ano,  mudou-se para São Paulo, onde atuou como redator, repórter e editor-assistente na editoria de Economia do Portal Terra. Em 2010, foi para a Editora Abril para ser editor de capa do portal Abril.com. Voltou a Curitiba em 2012 e, desde então, é editor de Vida e Cidadania na Gazeta do Povo.

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