Na última terça-feira (21), a Câmara Municipal de Vereadores de Curitiba aprovou, em segunda votação unânime com 26 votos positivos, o protocolo Vini Jr., que institui medidas de prevenção e combate ao racismo em estádios da cidade. O texto é de autoria dos vereadores Giorgia Prates (PT), Herivelto Oliveira (Cidadania) e do professor Euler (MDB), que agora aguardam a sanção do prefeito Rafael Greca (PSD).
A iniciativa prevê a interrupção temporária do evento esportivo caso seja registrada alguma “conduta racista praticada por grupo de pessoas ou de reincidência de conduta manifestamente racista”, podendo até autorizar seu encerramento. O projeto estabelece que todos os estádios e arenas esportivas, públicos ou privados, devem aplicar o Protocolo de Combate ao Racismo.
O protocolo recebe esse nome em homenagem ao jogador da Seleção Brasileira e do Real Madrid, Vinícius Júnior, que tem sido uma voz ativa contra as ofensas racistas que ocorreram durante as partidas de futebol na Espanha. A nova política entrará em vigor assim que sancionada pelo prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PSD).
Esse procedimento permitirá que qualquer cidadão denuncie ter sofrido ou presenciado racismo às autoridades presentes – policiais civis ou militares, bombeiros civis ou militares, guardas municipais ou seguranças particulares. Além disso, estabelece a obrigatoriedade de divulgação de canais oficiais de denúncias de crimes de racismo e a realização de campanhas educativas.
Já discutida na votação em primeiro turno, durante a sessão do dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, Giorgia Prates (PT) defendeu que o racista precisa perceber que sua atitude é crime. “Uma pessoa, quando é racista, ela precisa muito se observar e conseguir entender que o problema é dela e não nosso”, argumentou a vereadora.
Embora seja contrário às medidas de combate ao racismo, o vereador Eder Borges (PP) optou por não votar, permitindo a aprovação do projeto que visa coibir crimes de racismo em arenas esportivas, ginásios e estádios da cidade.
Segundo Keu Araújo, ativista antirracismo, a discriminação racial em estádios e arenas esportivas representa um desafio significativo que afeta a qualidade da experiência tanto para torcedores quanto para jogadores. Ela ressalta que o racismo causa danos que comprometem a integridade do esporte e a segurança dos envolvidos.
“A Política Vini Jr. é um avanço na luta contra o racismo no mundo esportivo, sendo uma ferramenta eficaz na promoção de um ambiente mais inclusivo, equitativo e seguro”.
A antropóloga Judit Gomes observa que a prática de atos racistas nos estádios de futebol, como xingamentos e gestos discriminatórios, é lamentavelmente comum, sendo evidenciada até mesmo nos resultados automáticos de pesquisas on-line.
Ela destaca que “a aprovação do protocolo em Curitiba marca um passo importante na repressão dessas práticas racistas e serve como exemplo para iniciativas no âmbito nacional”, finaliza a especialista.