Feira da Pedrinha, em Colombo, é espaço alternativo para compra e venda

Também conhecida como Feira do Rolo, atividade reúne mais de 800 feirantes da região, oferece variedade de produtos e fortalece economia local

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Feira do Rolo é exemplo de desenvolvimento da economia criativa. Foto: Emanuelle Viana

Ao visitar Colombo, município da Região Metropolitana de Curitiba (RMC), é possível conhecer pontos turísticos como o Parque Municipal Gruta do Bacaetava, o Circuito Italiano de Turismo Rural e o Parque Municipal da Uva. Locais como esses resgatam a tradição italiana da cidade e proporcionam o contato com os patrimônios ambientais da região. Dentre as atividades que não aparecem como sugestão nos guias de turismo tradicionais, está a Feira da Pedrinha — ou do Rolo. 

Com mais de 25 anos de história, a Feira da Pedrinha conta com ao menos 800 feirantes, que comercializam desde antiguidades, ferramentas de construção e eletrônicos, a cosméticos, itens de vestuário e alimentos orgânicos. A Feira acontece aos domingos, das 6h às 16h, na estrada da Ribeira, no bairro Jardim Aurora. Para os consumidores da região, simboliza um espaço alternativo de compras e uma representação prática da economia criativa a partir de uma iniciativa comunitária. 

O economista e professor universitário Hugo Eduardo Meza Pinto explica que a economia criativa se desenvolve quando a imaginação e a cultura são transformadas em um produto, serviço ou experiência. “É um jeito de gerar valor não só com máquinas ou fábricas, mas principalmente com ideias, talentos e conhecimento”, diz.  

Dados divulgados pela Fundação Itaú revelam que no quarto trimestre de 2023, mais de 7,4 milhões de brasileiros possuíam empregos caracterizados como economia criativa. Segundo o Mapeamento da Indústria Criativa 2025, publicado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), iniciativas que compõem essa modalidade de economia já representam 3,59% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil — valor que equivale a R$393,3 bilhões. 

Meza enfatiza que quando expressões culturais — como artesanato, música ou receitas típicas, por exemplo — viram também uma oportunidade de renda, a identidade e economia local são fortalecidas. “Em feiras comunitárias, por exemplo, vejo isso acontecer na prática: gente simples, mas muito criativa, mostrando seu trabalho, compartilhando suas raízes e ao mesmo tempo gerando renda. É cultura viva circulando”, comenta. 

Um dos organizadores, Renato Ramos Justino, conta que a quantidade de expositores aumentou, em especial, após a pandemia de COVID-19. “Antes da pandemia não tinham tantos feirantes, e quando ela veio, muitos perderam o emprego. Então quem tinha coisas [que não usava] em casa, começou a vir [para a Feira], trazer [os produtos] e fazer o seu dinheiro”, esclarece. 

Para a copeira e expositora Eunice Amorim, que vende ferramentas de construção e chinelos em busca de uma renda complementar, o lucro mensal obtido a partir da Feira chega, em média, a R$4 mil ou R$ 5 mil. “Tem pessoas aqui [na Feira] que dependem dessa renda para viver. Então é super importante ter apoio, para que a Feirinha não acabe e que incentive mais pessoas a vir visitar e prestigiar o nosso trabalho”, compartilha.  

Além da comercialização de produtos, a Feira do Rolo também conta com a presença de barracas de alimentos. O feirante Alfredo Moisés Straube, que vende pastel e caldo de cana, tem a atividade como a sua principal fonte de renda e é um dos mais antigos da Feira. “Eu gosto [de trabalhar na Feira] e de fazer pastel. E a gente tem que fazer o que gosta, né?”, relata. 

“Gosto de vir para [a Feira] ver as diferentes antiguidades que são vendidas, porque muitas delas são únicas e não encontramos em lojas normais, do dia a dia.” 

Gislaine Martins Viana, consumidora

Para os visitantes da Feira, o local é uma oportunidade para encontrar preços mais baixos e objetos que não são vendidos em lojas de itens novos, como conta a consumidora Gislaine Martins Viana, participante há quatro anos. “Costumo levar o meu filho para comer pastel, comprar frutas e verduras, e chinelos para customizar. Gosto da forma que eles [feirantes] vendem as verduras, que são frescas. Também gosto de vir para [a Feira] ver as diferentes antiguidades que são vendidas, porque muitas delas são únicas e não encontramos em lojas normais, do dia a dia”, diz. 

“Quando compro em uma feira ou de um pequeno produtor, sinto que não estou comprando só o objeto ou o serviço: estou levando comigo a identidade e o valor cultural de quem fez.” 

Hugo Eduardo Meza Pinto, economista

Apoiar iniciativas comunitárias como a da Feira da Pedrinha é acreditar na diversidade e no desenvolvimento sustentável, além de fortalecer uma rede pessoas, ajudar a manter vivas tradições e incentivar a inovação,  explica Meza. “Quando compro em uma feira ou de um pequeno produtor, sinto que não estou comprando só o objeto ou o serviço: estou levando comigo a identidade e o valor cultural de quem fez”, finaliza.