Como a ideologia de Hitler adentrou, permeou e permaneceu no estado do Paraná
Era por volta das 7h15 da manhã do dia 18 de setembro de 2005 quando o jovem negro e homossexual Willian Cardozo foi brutalmente atacado por um grupo de neonazistas na Praça Osório, em Curitiba. Após sair de uma festa, Willian foi cercado e agredido com extrema violência. O ataque, motivado por ódio racial e homofobia, deixou marcas profundas: ele teve o rosto dilacerado por golpes de soco inglês e o intestino perfurado por uma facada. Durante a agressão, os criminosos gritavam frases como “negros e gays devem morrer”.
Na esfera criminal, após uma longa espera, sete dos agressores foram levados a júri popular no dia 1º de agosto de 2019 e condenados pelos crimes de lesão corporal, associação criminosa e racismo. A decisão representou um passo importante na responsabilização dos autores, mas ainda estava longe de reparar os danos causados. Willian, que sobreviveu ao ataque, carrega até hoje as consequências físicas e psicológicas daquele momento de terror.
Para além da agressão física e verbal, ele se tornou uma pessoa mais fechada, faz uso de antidepressivos e, desde aquela época, não sai mais à noite. O trauma foi tamanho que afetou também sua fala: Willian passou a apresentar gagueira, reflexo direto da violência sofrida.
Em busca de justiça e reparação, Willian ingressou com uma ação de indenização por danos morais contra um dos agressores. Como a decisão do Supremo Tribunal Federal que equiparou a LGBTfobia ao crime de racismo foi proferida apenas em 2019, o caso não pôde ser julgado sob essa tipificação. Ainda assim, em sentença publicada em 29 de setembro de 2020, um dos agressores foi condenado ao pagamento de R$ 50 mil em indenização.
A defesa recorreu, mas o Tribunal de Justiça do Paraná manteve a condenação no dia 19 de novembro de 2021. Na decisão, os desembargadores destacaram que “o simples fato de integrar grupo destinado a apoiar ideias nazistas e sair em bando com integrantes desse grupo que agrediram pessoas integrantes de grupos minoritários é suficiente para atrair para o requerido a responsabilidade”.
Toni Reis, criador do Grupo Dignidade e presidente da Aliança Nacional LGBTI+, relembra o caso: “O rapaz veio buscar apoio jurídico, psicológico e assistência social, e nós demos todo o apoio para ele. Nós tivemos os nossos advogados que apoiaram todo o processo. Felizmente as pessoas foram condenadas. É muito importante a gente estar vigilante, denunciar qualquer tipo de situação”.
Infelizmente, o caso de Willian está longe de ser uma exceção — muito pelo contrário. Ele revela um padrão visto há décadas no Paraná. A ideologia neonazista e os discursos extremistas de ódio remontam a um passado pouco abordado na história do estado. Do Norte Pioneiro aos Campos Gerais, do Planalto de Curitiba a Foz do Iguaçu, a terra das araucárias foi — e continua sendo — ponto estratégico para a proliferação de grupos neonazistas no Brasil.
Como tudo começou?
No mesmo local onde Willian foi linchado em 2005, ergue-se um edifício marcado por uma história controversa. O Moreira Garcez, imponente construção do final dos anos 1920 e primeiro arranha-céu de Curitiba, abrigou, por 15 anos, o Consulado da Alemanha na cidade — incluindo o período em que o país era governado pelo regime nazista.

Fundado em 1927, o Consulado funcionou inicialmente de forma diplomática, mas, a partir de 1933, ano em que Werner Hoffmann inaugurou o núcleo do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães em Curitiba, as relações começaram a mudar. O prédio, símbolo do modernismo urbano da capital, idealizado pelo engenheiro João Moreira Garcez, tornou-se também palco de tensões ideológicas e disputas internas entre diplomatas e militantes nazistas.
Segundo o artigo “A SUÁSTICA NO MOREIRA GARCEZ: CONSULADO DA ALEMANHA”, de Jackson Francisco Lopes e André Luiz Cavazzani, Ludwig Aeldert, primeiro cônsul instalado no edifício, resistiu à infiltração do partido. Mas a pressão cresceu. Após sua saída, o consulado caiu sob influência de figuras alinhadas ao regime de Hitler, como Walter Zimmermann e Otto Braun, que passaram a coordenar, a partir dali, ações de propaganda, espionagem e doutrinação.
O objetivo era claro: tomar o controle das sociedades germânicas do Paraná. O partido mirava clubes tradicionais e associações culturais — como a Handwerker, a Krieigskameraden e a Verband Deutscher Verein (VDV) — para transformá-los em instrumentos de expansão do nazismo. Otto Braun, por exemplo, além de chanceler do Consulado, presidia a VDV e gerenciava o Centro Agrícola, de onde partiam filmes, livros e panfletos nazistas para as colônias do interior.
As práticas iam além da propaganda. Havia relatos de espionagem, controle social e até estação de rádio clandestina instalada no 2º andar do edifício, usada para comunicação direta com a Alemanha.
Apesar da força simbólica, o movimento encontrou resistência. Muitos imigrantes e descendentes se recusaram a aderir à ideologia, e com a Campanha de Nacionalização do governo Vargas, o cerco se fechou. Em 1942, com o rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e Alemanha, o Consulado foi fechado e seus funcionários, expulsos do país.
Mas, antes de cair na ilegalidade durante o governo Getúlio Vargas, o Partido Nazista fez barulhos que ecoaram nas mais diferentes partes do Brasil. O país chegou a abrigar a primeira e maior seção do partido fora da Alemanha, reunindo cerca de 2.900 filiados.
Segundo o historiador Rafael Athaides, os primeiros núcleos do Partido Nazista no Brasil surgiram no Rio de Janeiro e em Porto Alegre. A partir delas, o movimento se espalhou para cidades como São Paulo, São Francisco, Porto União, Joinville e Salvador. Essas células atuavam de forma autônoma, mas se reportavam diretamente à matriz alemã — o NSDAP (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei) — até que, em 1934, foi criada uma representação nacional do partido no Brasil.
A oficialização da criação do Partido no Paraná veio em uma data escolhida a dedo: 20 de abril, o aniversário de Adolf Hitler, que havia acabado de assumir o poder na Alemanha.
A capital paranaense foi o principal palco da atuação nazista no estado, mas Rio Negro, Ponta Grossa e União da Vitória também tiveram núcleos. Assim como no restante do país, o movimento prosperava nos grandes centros urbanos. Os estados com mais filiados eram São Paulo (785) e Santa Catarina (528), seguidos por Rio de Janeiro (447), Rio Grande do Sul (439) e Paraná (192) — o quinto em número de adeptos.
Os militantes formavam um grupo diverso, mas com perfil bem definido: operários, grandes comerciantes e profissionais urbanos, com menor presença de agricultores e industriais. A maioria era jovens entre 25 e 35 anos, nascidos na Alemanha e marcados pelas feridas da Primeira Guerra Mundial.
No dia a dia, o partido promovia uma agenda intensa: festas e festivais, atividades esportivas e beneficentes, exercícios paramilitares, saudações hitleristas e cerimônias de juramento de fidelidade a Hitler. A propaganda era constante, buscando seduzir a colônia germânica com a promessa de orgulho e unidade nacional.
Mesmo assim, a adesão cresceu de forma lenta. Em Curitiba, o auge da filiação ocorreu entre 1935 e 1937, quando o nome de Hitler ganhava projeção mundial. Na época, o partido aceitava apenas alemães natos e membros da primeira geração de famílias alemãs no Brasil, o que explica o número relativamente baixo de membros do partido nazista no Paraná e no país. Vale lembrar: nem todo nazista era necessariamente filiado ao partido.
Relação com o Integralismo
Apesar de ter diferenças fundamentais em relação ao nazismo, o integralismo teve grande força em Curitiba. A Ação Integralista Brasileira (AIB), fundada por Plínio Salgado em 1932, foi um movimento político ultranacionalista, corporativista, conservador e de extrema-direita, inspirado no fascismo italiano e na doutrina social da Igreja Católica do início do século XX.
O integralismo é o pensamento fascista à brasileira, que conquistou forte apelo na década de 1930. Embora muitos de seus membros negassem qualquer ligação com o nazismo, alguns integralistas defendiam ideias antissemitas. O caso mais notório é o do escritor Gustavo Barroso, responsável por movimentos antissemitas dentro do integralismo e por popularizar a tradução de Os Protocolos dos Sábios de Sião, obra que influenciou o nazismo e que ainda circula atualmente.
Curitiba chegou a ter comícios integralistas que reuniram milhares de pessoas na Praça Tiradentes. Mais tarde, em 1955, deu mais votos a Plínio Salgado do que a Juscelino Kubitschek, nas eleições para presidente.
Apesar de ter tido oficialmente algo em torno de 200 filiados ao Partido Nazista, Curitiba estava — e continua — jogada as traças de ideologias de ódio e extrema-direita.
Em entrevista ao jornal Correio de Notícias, em 1988, Licio Bley Vieira, que foi delegado de Ordem Política e Social do Paraná entre 1957 e 1962, disse:
“Na época em que o nazismo foi difundido em Curitiba, os grupos agiam ocultamente, e os mais insolentes eram os integralistas, porque esses se acobertavam na legenda de que era pela pátria, era Deus, Pátria e família, mas era puramente nazismo. A camisa, o sistema, havia hierarquias, comandantes e subordinados, cada um já designado para futuramente ocupar uma função… Os integralistas, que difundiam o nazismo, pretenderam, em certa época, mudar os nomes de ruas em Curitiba, para com certos nomes que representassem figuras democráticas e para eles firmarem preceitos de que tudo tinha que ser por hierarquia. Tinha que obedecer, e quem tinha que mandar era o chefe. Essa era a teoria de Plínio Salgado, que durante um discurso disse: “Castigarei implacavelmente aqueles que estiverem contra nós, e aqueles que não estiverem conosco”.

Nazistas denunciados nos jornais
Ainda nos anos 1930, jornais paranaenses começaram a registrar casos de nazismo e antissemitismo em diferentes regiões do estado, destacando nomes e personagens ligados à ideologia nacional-socialista na terra das araucárias.
Em uma edição de 1939 do Diário da Tarde, é possível encontrar uma reportagem que traz um depoimento de Werner Hoffmann à Polícia Federal. No relato, ele relembrava um discurso feito em uma reunião com membros do Partido Nazista Alemão, no qual suplicava que o regime visse o Paraná com “olhos especiais”, reforçando a importância do estado para os interesses nazistas.
“Curitiba deve merecer maior atenção, pois é o ponto mais importante: é o Paraná que faz divisa entre o norte do país, que tem a população luso brasileira e o sul onde predomina o elemento Teuto. Justamente por este motivo, aqui no Paraná, sempre há esses atritos, que se originam tendo em vista a ação necessária para a manutenção da ideia alemã. Esse problema não se conhece nos outros Estados. É o Paraná o front perigoso que precisa ser reforçado, assim como no campo de batalha são reforçados os pontos que vão sofrer os ataques principais…”
Nas décadas seguintes, mesmo após o fim da Segunda Guerra Mundial e a morte de Hitler, o nazismo e seus simpatizantes continuaram a ameaçar comunidades no Brasil. Foram registrados casos de pichações em cemitérios israelitas e na sinagoga Francisco Freschmann, além da presença de núcleos conspiracionistas de nazistas em Curitiba, que mantinham viva a ideologia e o ódio.
No final dos anos 1980, começou a circular em Curitiba a revista Pátria Livre, editada e distribuída pelo Núcleo de Ação Nacional-Socialista de Curitiba. Com forte conotação antissemita, a publicação buscava articular um movimento nazista mais estruturado na cidade.
Nazismo nos dias de hoje
O nazismo é compreendido historicamente como o movimento ligado ao Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, ativo entre 1920 e 1945. E com a queda do partido ao fim da Segunda Guerra Mundial, o nazismo deixou de existir como organização formal. Ainda assim, diversos grupos surgiram, e continuam surgindo, buscando resgatar essa ideologia. Estes grupos são classificados como neonazistas, e embora tenham o “nazismo tradicional” como inspiração, apresentam adaptações e diferenças que refletem o contexto em que atuam.
O historiador do Museu do Holocausto de Curitiba, Michel Erlich, comentou sobre essa diferença. “O neonazismo é constituído por grupos que tentam retomar e se colocar como continuadores do nazismo histórico, mas no contexto atual. E como essas organizações não são novas, elas também acabam criando novas questões, relacionadas com o seu contexto de atuação. Como é o caso no Brasil, em que nordestinos, principalmente no eixo sul e sudeste, são alvos de neonazistas. Essa é uma coisa nova, pois claramente [Adolph] Hitler não estava preocupado com a migração de nordestinos para São Paulo”, esclarece Erlich.
E de acordo com dados levantados pela antropóloga Adriana Dias e divulgados pelo Observatório Judaico dos Direitos Humanos no Brasil, o país registrava 1.115 células neonazistas ativas em 2022. Um número alarmante que representa o grau de presença e atuação desses grupos no Brasil.

O atual cenário de organização das células neonazistas pode ser compreendido sob diferentes perspectivas. Uma das mais relevantes é a disseminação do discurso de ódio e a influência destas narrativas no aumento de grupos extremistas. A análise histórica dos dados revela um crescimento expressivo de células neonazistas a partir de 2019, ano em que Jair Bolsonaro assumiu a presidência. Entre o início de seu governo e o final do mandato, em 2022, o número de grupos neonazistas registrados no país saltou de 334 para 1.117, um aumento de 234%.

Jair Bolsonaro é amplamente conhecido por ser um defensor da ditadura militar e por declarações de teor homofóbicos, misóginos e até mesmo racistas. Diversos casos foram repercutidos pela mídia, como o ocorrido no programa CQC, em 2011, quando o ex-presidente afirmou que seus filhos “não corriam risco” de “virarem gays ou namorar uma mulher negra”, pois teriam sido “bem educados”. Outro caso emblemático ocorreu em 2016, durante a votação do impeachment de Dilma Rousseff, em que Bolsonaro se referiu ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, notório torturador da ditadura militar, como “o pavor de Dilma Rousseff”.
Na perspectiva do cientista político Robson Perez Jr., o avanço do discurso de ódio da extrema direita cria um ambiente favorável para a proliferação de grupos extremistas, como as células neonazistas. “A banalização do mal, citada por Hannah Arendt, é um dos principais mecanismos de ascensão do nazifascismo. E essa banalização é construída pela propaganda e pelo discurso. As bravatas, os arroubos, que vemos na mídia são sempre pensados e estruturados. É como se o discurso extremista avançasse, casinha por casinha. E a tendência da sociedade de massa é transformar isso em normalidade”, analisa.
A região sul do Brasil é a que concentra o maior número de células neonazistas em atividade. Dos 1115 grupos do Brasil, 667, o equivalente a 59,8%, estão distribuídos nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Santa Catarina lidera o ranking regional e ocupa a segunda posição nacional, com 320 células mapeadas, atrás apenas de São Paulo. Em seguida vem o Paraná, com 197 grupos, e o Rio Grande do Sul, que contabiliza 159.

Simbologia neonazista atualmente
Se, no século passado, o integralismo serviu como veículo para difundir ideais nazistas na sociedade brasileira, hoje é possível observar como o bolsonarismo e seus discursos de ódio cumprem papel semelhante. O mal nem sempre se apresenta de forma explícita; muitas vezes, ele se esconde em símbolos e palavras cuidadosamente escolhidas.
Em 2021, por exemplo, o assessor de Bolsonaro, Filipe Martins, foi flagrado fazendo um gesto constantemente associado com grupos neonazistas ao redor do mundo.

Casos como o de Filipe Martins se tornaram recorrentes nas redes sociais. Com a banalização do ódio no Brasil contemporâneo, grupos extremistas sentem-se cada vez mais à vontade para espalhar suas visões nefastas publicamente.
Plataformas como Discord, Reddit e Telegram funcionam como palcos perfeitos para jovens descarregarem suas frustrações com o mundo e com a própria vida. Conteúdos machistas, racistas e homofóbicos são facilmente encontrados mesmo na superfície dessas redes.
Como demonstra o documentário O Dilema das Redes, os algoritmos intensificam o problema ao criar bolhas: ao curtir um post misógino, por exemplo, o usuário passa a receber cada vez mais conteúdos semelhantes. Assim, comunidades de ódio se formam na web, expondo o perigo dessas dinâmicas e reforçando a necessidade de regulamentação nos tempos atuais.
Mesmo que esses jovens que propagam preconceitos na web não se identifiquem como nazistas, é inegável que reproduzem os mesmos tipos de ódio e discriminação que marcaram a Alemanha dos anos 1930 e 1940. O neonazismo não chega com uma “marca na testa” de quem segue essa ideologia; muitas vezes, ele se manifesta de forma sutil, mas muito mais presente do que se imagina.
20 anos após o crime contra Willian
Já se passaram 20 anos do dia em que a vida de Willian mudou para sempre. Infelizmente, pouco mudou em relação à atuação de grupos neonazistas na cidade de Curitiba. Mas existem situações que dão esperanças de um futuro com menos ódio na terra das araucárias.
Em julho de 2023, o defensor público Wisley Rodrigo dos Santos, negro, foi designado para defender Edwiges Francis Barroso, acusada de racismo por integrar um grupo neonazista em Curitiba por 18 anos. Outros sete membros do grupo já haviam sido condenados por associação criminosa, racismo e lesões graves contra dois homens negros, um deles homossexual — assim como Willian.
Santos recebeu o processo por sorteio e dedicou-se à análise de mais de 4 mil páginas, mantendo postura técnica e isenta, mesmo reconhecendo a carga simbólica do julgamento, dada a natureza do crime e sua própria identidade racial. O grupo neonazista promovia pichações e ações de ódio contra negros e homossexuais, recrutava adolescentes e armazenava símbolos nazistas na casa de Barroso, incluindo fotografias da filha de quatro anos realizando a saudação nazista. Barroso confirmou a posse dos objetos e a participação na fotografia, justificando como “brincadeira”.
No julgamento, o defensor Wisley Santos ressaltou a importância da Defensoria Pública em garantir a ampla defesa, mesmo aos réus acusados de propagar ódio. Ele apontou a desigualdade racial no sistema jurídico e os desafios enfrentados por profissionais negros, especialmente em cidades menores. Para Santos — e para os autores desta reportagem —, o caso tem forte simbolismo: uma ré acusada de neonazismo tendo seus direitos assegurados por um defensor negro.
Edwiges Barroso foi condenada a um ano e três meses de prisão em regime aberto, com monitoramento eletrônico.

“Retirando-se a camisa parda, as armas leves, o chicote e a máquina de tortura, que resta de um nazista? Que resta que o caracterize, que o marque, que o distinga dos demais homens? Resta a covardia, a enorme, a imensa, a imensurável covardia. Os nazistas e os fascistas de todos os tipos descobertos ou encobertos que só são valentes quando no poder, quanto contam com a proteção da máquina governamental, quando podem dispor da vida e dos bens alheios. Aí então arrotam coragem, assassinam velhos, mulheres, crianças, torturas os homens válidos, riem às gargalhadas. Parecem os seres mais corajosos do mundo, os que nada temem, os que a tudo vencem. Tira-se-lhes, o poder, e teremos ante nós os maiores covardes traidores do mundo.”
Jorge Amado, 1944.