sex 19 abr 2024
HomeOmbudsmanOmbudsman: A falta que faz o HC

Ombudsman: A falta que faz o HC

Além do cunho pedagógico, um dos papéis mais importantes do Jornal Comunicação é o de informar a comunidade acadêmica da UFPR dos assuntos que a ela interessam. E, na semana passada, aconteceu um fato extremamente pertinente à universidade e que passou batido por esse jornal laboratório. No dia 30 de outubro, o reitor Zaki Akel Sobrinho viajou a Brasília para formalizar o contrato de adesão do Hospital de Clínicas (HC) – e da Maternidade Victor Ferreira do Amaral – à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

A aprovação deste contrato no Conselho Universitário (Coun) foi uma das “batalhas” que certamente terão lugar na história da UFPR. Do lado da universidade, a empresa estatal foi vendida como uma medida imprescindível para retomar o fôlego do hospital. Do lado dos técnicos-administrativos, na figura de seu sindicato, como uma privatização do estabelecimento. É certo que, se não esgotou as desconfianças dos trabalhadores, a costura do contrato com a Ebserh trouxe uma série de compromissos da empresa do governo federal para com o HC. O maior deles certamente com reforço de mão-de-obra, que é escassa desde que os arranjos com a Fundação da Universidade Federal do Paraná (Funpar) foram considerados ilegais pela Justiça do Trabalho e os concursos públicos foram represados.

Passado o furor, cabe à comunidade, incluído esse jornal, cobrar que as promessas sejam cumpridas. Com cronogramas detalhados, que estipulem etapas e uma data-limite para a tão sonhada operação plena do hospital. Entretanto, esse objetivo maior não deve sacrificar o papel do HC no cumprimento do tripé que sustenta a UFPR – o ensino, a pesquisa e a extensão.

Outra questão pertinente é a situação dos funcionários da Funpar ainda vinculados ao estabelecimento. Se, por um lado, a sensibilidade nos coloca a questão do drama humano de pessoas que desde 1996 têm seus empregos sob constante risco, do outro nós temos o fato de que seus vínculos trabalhistas foram declarados ilegais deste então. A promessa de estabilidade dada pelo reitor e pela Ebserh a estes trabalhadores pode se sobrepor a uma questão legal? Ao Jornal Comunicação eu deixo esta e todas as perguntas acima. E que o HC sobreviva, cumprindo o seu papel pleno perante a sociedade e a comunidade da UFPR.

Pitacos da quinzena (23 de outubro a 5 de novembro)

– A matéria sobre as “lições” da crise de falta d’água em São Paulo para Curitiba tem vários problemas. O primeiro deles é implicar que os curitibanos iriam começar a economizar água sem terem sido estimulados a fazer isso e que o fariam apenas baseado em notícias nacionais sobre a crise paulista. Claro, sabemos da necessidade de preservar esse recurso natural tão precioso, mas nos últimos tempos não vi campanha alguma nesse sentido. Nem do governo estadual, nem da Sanepar e nem de meios de comunicação. Outra questão é sobre o aumento de consumo sobre o mesmo período do ano passado, que é explicado, senão ao todo, ao menos em parte, pelo calor atípico para o período, como a própria matéria cita. Trezentos mil litros é o que foi consumido a mais por dia em setembro ou o que foi consumido a mais no mês inteiro? Se for por dia, é pouco. Se for por mês, é irrisório. Mais uma questão que fica é a discrepância de valores: na legenda da foto, é mencionado que a capital consome 8,5 m³/s. Na matéria, é dito 7,5 m³/s. Qual é o correto? Para finalizar, pouca gente sabe que 1 m³ equivale a mil litros. Seria bom mencionar isso como informação. (Mesmo com crise em São Paulo, moradores de Curitiba não reduzem consumo de água, 30/10)

– Pequeno erro ortográfico no título (UPFR), repetido no texto, na matéria sobre o Congresso de Estudantes da UFPR. (Congresso dos estudantes da UPFR discute a criminalização de movimentos sociais, 30/10)

– A matéria sobre o projeto Vizinhança Participativa se concentrou nas polêmicas de operacionalização da iniciativa, enquanto o mais grave é a questão social. Quem garante que, com esse instrumento, as comunidades da periferia não serão ainda mais negligenciadas pela prefeitura? Vai ser bem mais difícil uma população com menor renda bancar melhorias no seu bairro do que uma população de renda maior. Esse aspecto foi ignorado na cobertura. Tenho reservas também ao uso de enquetes de internet como base para identificar a reação do público a qualquer tipo de evento, visto que não há controle algum de amostragem ou dispositivo confiável de segurança que impeça fraude na votação. Há ainda um problema de texto na última aspa. Creio que o seu Deamil quis dizer “daqui” e não “há” cinco anos. (Lei da Vizinhança Participativa divide opiniões em Curitiba, 29/10)

– Legal a iniciativa de divulgar o Coletivo Mongaba e os recitais do grupo. Mas, quando vai acontecer o próximo e onde? Como posso participar das atividades? Faltou o serviço. (Poesia conquista a periferia de Curitiba com Coletivo Mongaba, 29/10)

– Entendo que às vezes, no jornalismo, o exemplo acaba sendo a notícia. Mas, no caso da matéria sobre o Natural da Ordem, não há mais nenhum restaurante do tipo no Centro de Curitiba? Também compreendo que exista uma empolgação com o ativismo da causa vegana, mas o texto ficou parecendo um release, já que o assunto é um estabelecimento com fins comerciais. Bem, pelo menos o serviço estava lá. (Nas calçadas do centro histórico, um dia ensolarado com culinária natural, 24/10)

– A entrevista do Motorocker poderia trazer um algo a mais para o leitor. Para começar, é dito que três integrantes da banda deram a entrevista. Mas, qual respondeu a cada pergunta? Outras informações que faltaram são a discografia da banda e sobre o lançamento do último álbum. O título me soou meio incrédulo também. Ainda é uma das maiores? Qual o problema em ter 22 anos de estrada? (Após vinte e dois anos de estrada, Motorocker ainda é uma das maiores bandas de rock do país, 23/10)

Fabiano Klostermann é formado em Jornalismo pela UFPR. Começou sua carreira em 2006, cobrindo Esportes para a Gazeta do Povo, como freelancer. Em 2007, foi contratado pelo jornal O Estado do Paraná para atuar nas editorias de Cidades e Tecnologia. No mesmo ano,  mudou-se para São Paulo, onde atuou como redator, repórter e editor-assistente na editoria de Economia do Portal Terra. Em 2010, foi para a Editora Abril para ser editor de capa do portal Abril.com. Voltou a Curitiba em 2012 e, desde então, é editor de Vida e Cidadania na Gazeta do Povo.

Ombudsman
O ombudsman é um jornalista designado para a função de ouvidor de um jornal. É ele quem faz a crítica interna do veículo, quem recebe, analisa e repassa as críticas e sugestões dos leitores e quem produz, periodicamente, uma coluna com as reflexões referentes a esse trabalho. O cargo existe no Brasil desde setembro de 1989, quando aFolha de S. Paulo instituiu seu primeiro ombudsman.

NOTÍCIAS RELACIONADAS
Pular para o conteúdo